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JBS (JBSS3) tem melhor ano da história e quer mais com M&As; o que analisar no balanço

Entre outubro e dezembro do ano passado, a JBS teve um lucro líquido de R$ 6,5 bilhões

Foto: Divulgação

A JBS (JBSS3) apresentou, na noite da última segunda-feira (21), mais uma razão que justifica seu lugar entre as maiores empresas do mundo no setor frigorífico. O balanço referente a 2021 mostrou expansão em todos os negócios, que estão mais diversificados do que nunca.

Entre outubro e dezembro do ano passado, a JBS teve um lucro líquido de R$ 6,5 bilhões. No acumulado de 2021, o resultado líquido da companhia foi de R$ 20,5 bilhões, expansão de 345% em relação a 2020.

A receita da gigante das carnes, assim como o lucro, foi recorde no acumulado anual. O faturamento da empresa atingiu R$ 350,69 bilhões no ano, alta de 30% em comparação a 2020. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, por sua vez, subiu 55%, para R$ 46 bilhões.

Cada vez mais internacional, a empresa contou com cerca de metade do resultado vindo da JBS USA. 

A controlada da JBS, Pilgrim’s Pride, maior player de frangos no continente norte-americano, também deu sua contribuição, representando pouco menos de um quarto da receita total da empresa.

Até pouco tempo atrás, a JBS era uma empresa focada em apenas uma proteína, com sua operação no exterior ainda muito tímida. 

Agora, a multinacional passa a usufruir os resultados dos investimentos feitos em capacidade e aquisições, em meio à crescente e consistente demanda global. 

Endividamento cresce menos que negócios

A JBS encerrou o quarto trimestre do ano passado com uma dívida líquida de US$ 12,4 bilhões, um número 39% maior do que o registrado no quarto trimestre do ano anterior.

A disparada do endividamento da empresa a princípio pode ter gerado dúvidas aos investidores. Contudo, o aumento dos compromissos foi acompanhado pelo aumento da geração de caixa.

A alavancagem financeira, dada pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda (que é uma aproximação da geração de caixa), caiu de 1,58 vez para 1,46 vez em um ano, muito menor do que as prudenciais três vezes e no menor patamar da história da empresa.

A geração de caixa livre da empresa tocou o patamar de R$ 5,9 bilhões. Com isso, a geração de caixa anual ficou em R$ 12 bilhões, com retorno de 13% no intervalo. 

Ebitda tem crescimento mais acentuado que a dívida líquida

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Segundo o CEO global da empresa, Gilberto Tomazoni, em teleconferência realizada na manhã desta terça-feira (22), a estrutura de capital favorável deve fazer com que a JBS não tire o pé do freio em relação a novas aquisições.

Em momentos de crise, as grandes empresas tendem a abocanhar mais market share comprando players de menor porte no mercado, e é por esse caminho que a JBS pretende seguir. 

As oportunidades, se avaliadas com diligência – sobretudo em um momento de contração de política monetária, o que desaquece a economia – incrementarão o sucesso da JBS nas recentes compras.

Ao longo de 2021, a JBS anunciou sete aquisições, que custaram US$ 2,1 bilhões ao todo. Em 2022, a empresa espera que esses novos nomes no portfólio já tragam R$ 10 bilhões em receita.

O montante equivale a 2,8% da receita auferida em 2021. Pode parecer pouco à primeira vista, mas pavimenta o caminho da companhia como um grande ecossistema de alimentação global.

A demanda pelas três principais proteínas atacadas pela JBS (bovina, suína e de frango) segue sólida nos Estados Unidos, país que também produz muito para o mundo inteiro. 

No Brasil, JBS encontra dificuldades e tem números mistos

No Brasil, os resultados da JBS podem ser lidos de forma dúbia. Por um lado, os negócios da Seara continuam crescendo, com investimento em expansão e modernização.

A receita líquida da unidade de negócio atingiu R$ 10,1 bilhões no quarto trimestre do ano passado, avanço de 34,2% em comparação ao quarto trimestre de 2020. 

A empresa ampliou os volumes em 15,1% e elevou o preço média de venda em 16,6%, repassando parcialmente o aumento dos custos, principalmente no que se refere a grãos. 

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De acordo com a empresa, o primeiro trimestre tem sido bastante desafiador para a Seara, além dos impactos sazonais.

Em 2021, a operação brasileira foi altamente impactada pela escassez de matéria-prima e suspensão temporária das exportações brasileiras à China entre setembro e dezembro.

Naqueles meses, a JBS Brasil viu a receita líquida subir 5,4% em relação a igual intervalo do ano anterior, para R$ 14,07 bilhões. Porém, na comparação com o terceiro trimestre de 2021, a queda foi de 9%. Nessa mesma comparação, o Ebitda ajustado caiu 26,4%.

Os dados mostram forte desaceleração ao longo do ano, o que deve ser pressionado ainda mais pela inflação agrícola. De acordo com a ESALQ, o preço do milho, usado na ração dos animais, disparou 56% em comparação a 2020. 

A guerra entre Rússia e Ucrânia colocou uma pitada de incerteza sobre tal mercado nas últimas semanas, por conta das restrições em relação à oferta dessas commodities, o que também ocorre em meio ao caos logístico mundo afora. 

JBS tem objetivo claro: destravar valor

Tanto enquanto toca seus negócios como nas oportunidades de remuneração a acionistas, a direção da JBS está focada em destravar valor aos seus investidores.

Embora o cenário seja mais desafiador a partir deste ano, a previsibilidade de lucro é mais clara agora. A estrutura de capital e alta disponibilidade em caixa abre a possibilidade de a empresa acelerar a remuneração a acionistas por meio de dividendos, segundo a administração.

Mas não para por aí. A JBS anunciou um novo programa de recompra de ações, de até 10% do capital em circulação – o limite permitido –, indicando que a direção entende que as ações estão subprecificadas. 

A empresa também diz estar avaliando constantemente a abertura de capital nos Estados Unidos, o que traria uma nova percepção de valor. 

Hoje, a empresa negocia a 10,7 vezes os lucros projetados para 2023, de acordo com as estimativas compiladas pela Refinitiv, apresentadas na plataforma do TradeMap. A média dos últimos 36 meses é de 27 vezes neste múltiplo. 

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Dos 15 analistas que acompanham a empresa, 13 recomendam a compra das ações, sendo que o preço mediano aponta para R$ 49,50, segundo a Refinitiv.

Dois especialistas entendem que o melhor a se fazer é manter os papéis em carteira, mas ninguém recomenda a venda das ações neste patamar. A posição do mercado é coerente: nos últimos três anos, visto que o ROIC (Retorno sobre Capital Investido) dobrou. 

Nos últimos 12 meses, os papéis da JBS sobem 34% e, após mais um resultado animador, os investidores realizam lucro. A ação da empresa fechou o pregão desta terça em queda de 1,75%. A companhia vale R$ 87,76 bilhões na B3.

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