Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Com Atacadão, Carrefour (CRFB3) supera inflação alimentar e aumenta tamanho; ações disparam

Empresa conseguiu reportar sólidos números apesar de cenário desafiador

Foto: Shutterstock

O ano de 2021 marcou a volta do fantasma da inflação no Brasil. Adormecido por alguns poucos anos, o aumento de preços generalizado na economia bateu dois dígitos no ano passado, tirando o poder de compra da população. Mesmo assim, o Carrefour (CRFB3) reportou sólidos números. 

A inflação alimentar, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou o ano em 8,2%, após disparar mais de 10% no último trimestre de 2021. A dinâmica beneficiou o Atacadão, que – novamente – impulsionou os números do Carrefour.

A rede de atacarejo expandiu seus negócios, com as vendas brutas atingindo R$ 16,72 bilhões. O número reflete um crescimento de 41% em comparação ao reportado em 2019. 

A base comparativa de dois anos atrás é considerada mais “honesta” pelo mercado, porque não contempla o período mais intenso da pandemia, com a liquidez financeira do auxílio emergencial. 

De acordo com um levantamento recente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o preço de uma cesta básica é cerca de 18% menor em uma rede de atacarejo em comparação ao varejo comum.  

O cash and carry, operação com foco na venda para pessoas jurídicas (ou B2B), reforça a estratégia do Carrefour, com a inauguração de nove novas lojas entre outubro e dezembro de 2021, mesmo em meio à intensificação do cenário desafiador.

Leia também:
IPCA desacelera, e analistas veem chance de inflação abaixo de 10% em 2021

Nesse sentido, o Carrefour destaca o avanço do digital sobre o Atacadão. No quarto trimestre 2,1% das vendas foram realizadas por meios digitais, onde a companhia tem maior proximidade e entende com mais afinco os clientes de grande porte. 

A estrutura física para o delivery na operação B2B está pronta, afinal, são mais de 800 lojas (incluindo as unidades do BIG). Agora, o investimento será em tecnologia.

O mercado responde de forma positiva aos números do Carrefour. Mesmo com a redução do lucro líquido no trimestre, a visão dos investidores é que a companhia entra em 2022 mais preparada do que iniciou o ano passado. 

Por volta das 14h40, as ações ordinárias da empresa subiam 4,1%. A rede de atacarejo concorrente Assaí (ASAI3) segue a onda e tem avanço de 5,1%, liderando as altas do Ibovespa nesta quarta-feira (16). 

Carrefour sofre menos do que a indústria

Como amplamente esperado pelo mercado, o Carrefour Varejo viu suas vendas líquidas caírem. A baixa foi de 2,4% entre dezembro de 2020 e o mesmo mês em 2021, indo a R$ 5,46 bilhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi ainda mais impactado, caindo 37,1%, para R$ 286 milhões. A margem Ebitda, que mostra a lucratividade operacional da companhia, perdeu 2,9 pontos percentuais e foi a 8,1%.

Histórico do Ebitda do Carrefour

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Mesmo assim, a companhia conseguiu estancar a sangria e aumentou o market share no ano passado. A alta foi de 0,4 ponto percentual, ponto positivo dada a queda nas vendas em mesmas lojas.

Segundo o CEO do grupo no Brasil, Stéphane Maquaire, em teleconferência realizada nesta manhã, a caminhada do Carrefour no topo da participação do mercado é altamente positiva, pois traz vantagens competitivas à companhia. 

Na conversa com analistas e jornalistas, o CFO do Carrefour, David Murciano, afirmou que o varejo está retomando um bom patamar neste início de ano. 

O market share e as vendas em mesmas lojas, em um dígito mediano, também têm dado uma resposta atrativa nas primeiras semanas de 2022, afirmou o executivo de finanças da companhia.

De novembro até o início deste ano, os produtos de marca própria tiveram os preços congelados, elevando para 19% a participação desta categoria na receita líquida do Carrefour. A companhia enxerga uma oportunidade de crescimento desses produtos para poder ajudar a recuperar o varejo. 

As despesas com vendas, gerais e administrativas totalizaram R$ 2,5 bilhões no quarto trimestre. O número representa uma alta de 13,4% sobre o apresentado no mesmo período de 2020, fomentado pela expansão. Em relação à receita líquida, a proporção seguiu a mesma em relação ao ano anterior, de cerca de 12%. 

Carrefour aguarda Cade por BIG; sinergias estão no radar

Em março do ano passado, o Carrefour comprou o BIG, ex-Walmart Brasil, em um movimento de consolidação do setor e acirramento da concorrência no varejo alimentar brasileiro. 

O fechamento da aquisição é esperada para junho deste ano, com o aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) podendo ser carregado de remédios – como são chamadas as contrapartidas a serem adotadas para a transação ir adiante. A expectativa é de que elas girem em torno de uso de marcas e atuação sobre determinadas regiões, a fim de proteger a concorrência e não intensificar a concentração de mercado. 

Saiba mais:
Intenção de consumo dos brasileiros é a maior desde maio de 2020

Vale ressaltar que o BIG contempla as marcas BIG, Bom Preço, Maxxi e Sam’s Club. As marcas atuam sobre os segmentos de atacarejo, clube, supermercado e hipermercado, reafirmando a ideia de diversificação das operações e expansão de marca do Carrefour.

As sinergias enxergadas no negócio, agora, ultrapassam em 15% o estimado inicialmente pela companhia, atingindo o patamar de R$ 2 bilhões até 2025, aproveitando (i) ganhos relacionados à densidade de vendas e conversão de lojas, (ii) sinergias de compras, e (iii) otimização de despesas gerais. 

Ações estão subprecificadas, segundo o mercado

Embora a conjuntura desde meados do ano passado seja preocupante para os players do varejo, algumas empresas mostram-se sólidas para surfar a normalização da economia – mesmo que isso signifique uma recessão. Esse é o caso do Carrefour. 

Suas ações negociam a cerca de 10 vezes os lucros dos últimos 12 meses, o que parece ser uma barganha para uma companhia que cresce o lucro a uma taxa ponderada de 32% ao ano desde 2017 e que possui um ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) na casa dos 18%. 

De acordo com dados compilados pelo Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, 13 analistas acompanham os papéis do grupo na Bolsa. Desses, 11 recomendam a compra das ações, enquanto dois entendem que é um bom momento para mantê-las em carteira.

O preço-alvo mediano é de R$ 24,50, o que perfaz um upside de 46%. Há quem ache que as ações podem subir até R$ 31. 

Na visão da companhia, o maior risco dos negócios, que é a inflação, tende a arrefecer ao longo dos próximos meses. O CEO do Carrefour diz acreditar na visão do Banco Central, que enxerga o IPCA mais fraco entre abril e maio. 

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.