Passou a faixa: Vale (VALE3) perde posto de ação mais indicada após 8 meses; veja a líder de setembro

Papéis mais recomendados deste mês refletem um movimento de rotação de carteira, segundo analistas

Foto: Shutterstock

Depois de ocupar o posto de ação mais indicada por analistas em todos os meses deste ano, a Vale (VALE3) foi destronada em setembro e passou a ocupar a terceira posição, de acordo com carteiras recomendadas de 14 corretoras compiladas pela Agência TradeMap.

A mineradora foi destituída por duas outras ações, que ocupam juntas o primeiro lugar: Itaú (ITUB4), que também figura entre as cinco ações mais recomendadas desde o início do ano, e Assaí (ASAI3), estreante na lista.

Na avaliação de Victor Penna e Wesley Bernabé, analistas do BB Investimentos, a entrada do Assaí se dá em um contexto de rotação de carteiras, com setores como varejo e construção civil voltando ao radar dos investidores, diante da aproximação do fim do ciclo de alta da Selic.

“Com a sinalização do Banco Central sobre o possível encerramento do ciclo de elevações da Selic, os vértices mais longos da curva de juros doméstica passaram a devolver os prêmios acumulados no primeiro semestre, o que representa um componente importante na composição do custo de capital das companhias”, afirma o BB-BI.

No entanto, considerando a inflação ainda elevada, que pressiona o poder de compra da população, a percepção da Safra Corretora é que o Assaí, com seu modelo de negócios focado no atacarejo, que oferece melhor relação de custo e benefício, pode se dar melhor do que outros varejistas.

Isso também ocorre no momento em que os preços das commodities vêm recuando, destaca o BB-BI, e, de acordo com Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos, devem seguir enfrentando volatilidade devido à desaceleração da economia global, à instabilidade econômica na China e à crise energética na Europa.

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“Diante do quadro de agravamento da crise energética, maior agressividade de bancos centrais dos EUA e da Europa, além do momento de turbulência na China, estamos reduzindo pontualmente a participação de algumas ações de commodities e adicionando maior número de empresas relacionadas à atividade doméstica”, declaram Pedro Galdi, Marco Aurélio Barbosa, Vicente Koki e Robson Tsukagoshi, do time de análise da Mirae Asset.

É neste cenário que outra veterana da lista de ações mais recomendadas perdeu seu posto: a Petrobras (PETR4). Além da volatilidade de preços do petróleo, o fato de ser uma companhia estatal também joga contra a petrolífera neste momento, pois o resultado das eleições presidenciais pode ser prejudicial para a companhia, segundo Carlos Sequeira e Osni Carfi, analistas do BTG Pactual.

Confira os cinco papéis mais indicados para o mês de setembro. Vale ressaltar que mais de duas ações receberam cinco indicações, e a liquidez foi usada como critério para a seleção final.

Ação Número de indicações Variação em agosto Variação no ano
Itaú (ITUB4) 7 +10,36% +25,01%
Assaí (ASAI3) 7 +16,03% +42,56%
Vale (VALE3) 6 -3,11% -9,98%
Banco do Brasil (BBAS3) 5 +17,87% +54,01%
Prio (PRIO3) 5 +12,76% +32,12%
Fontes: BB Investimentos, BTG Pactual, Elite Corretora, Genial Investimentos, Guide, Mirae, Warren, Órama, Safra Corretora, Santander Corretora, PagBank, Ativa Investimentos, Itaú BBA e Toro Investimentos

Itaú (ITUB4)

Depois de passar oito meses entre as ações mais recomendadas, o Itaú se manteve no ranking em setembro. O banco vem registrando bons resultados nos últimos trimestres, segundo o Safra, e a perspectiva para o segundo semestre e para 2023 é positiva.

“O crescimento da carteira de crédito, as linhas de crédito mais arriscadas, a margem líquida de juros (NIM) mais alta, a inadimplência estável e o controle de custos sinalizam um segundo semestre forte e um crescimento de lucro de 9% em 2023”, afirmam os analistas do BTG.

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Em um prazo mais longo, acrescenta o Santander, uma normalização das taxas de juros pode ser positiva para os clientes do banco, sustentando sua lucratividade.

Para além dos bons números e do potencial de crescimento, o Santander destaca também a estratégia phygital do Itaú, que busca integrar agências físicas e empreendimentos digitais, como um ponto que o diferencia dos outros grandes bancos brasileiros.

Além disso, os analistas do Safra apontam que a ação está sendo negociada em um patamar de preços interessante.

Assaí (ASAI3)

Além de se beneficiar do cenário macroeconômico e do movimento de rotação na Bolsa, o Assaí tem particularidades que o colocam em uma boa posição para surfar este bom momento, de acordo com os analistas.

“Estamos incluindo Assaí em nossa carteira. [A companhia] conta com um modelo de negócios 100% focado no Cash & Carry (atacarejo), que acreditamos que deve continuar performando melhor que os outros formatos em termos de crescimento, uma vez que oferece o melhor custo benefício”, afirmam os analistas do Safra.

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Outros pontos positivos, segundo a Guide Investimentos, são a forte geração de caixa, a estratégia de expansão bem definida e a gestão experiente do Assaí.

Ricardo Peretti, analista da Santander Corretora, menciona ainda a aquisição recente de 71 lojas da rede de hipermercados Extra, que deve acelerar o plano de expansão da empresa e gerar maior alavancagem operacional, beneficiando a margem Ebitda.

Vale (VALE3)

Apesar de ter perdido a liderança, a Vale segue bem cotada nas recomendações de analistas, que veem com bons olhos a alta qualidade do minério produzido pela companhia e as economias de escala, que a tornam competitiva no mercado internacional.

Os principais motivos por trás da saída da Vale de muitas das carteiras são os menores preços do minério de ferro e a maior incerteza em torno do crescimento econômico da China. Para os analistas da Órama, porém, o minério se mantém acima da média histórica, o que assegura um preço bom para a Vale.

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A Safra Corretora, que reduziu sua exposição ao papel pelos motivos citados, afirma seguir com uma visão positiva para as ações. “A empresa deve continuar a gerar um fluxo de caixa sólido e manter níveis atrativos de remuneração aos acionistas”, afirmam os analistas.

O Santander acrescenta que a demanda por minério de ferro de alta qualidade deve continuar razoável no curto prazo, beneficiando a empresa, que recentemente elevou a capacidade de produção de seu projeto S11D, aumentando a oferta da commodity de maior qualidade.

Os analistas do Santander mantêm visão positiva sobre os preços do minério de ferro a médio prazo. Segundo eles, “os persistentes desafios de suprimento” devem sustentar a cotação da commodity acima de US$ 100 tonelada por mais tempo.

Banco do Brasil (BBAS3)

Outro veterano na lista de ações mais indicadas, o Banco do Brasil manteve a posição, apesar de ter saído da carteira de algumas instituições.

Enquanto o BTG deixou de indicar as ações devido a riscos políticos antes da eleição, o Safra retirou o papel da carteira após o forte desempenho da ação em agosto. Apesar disso, os analistas do Safra acreditam que os resultados do banco dos próximos trimestres devem ser positivos.

A avaliação de Victor Natal, Paulo Folha, Fabio Perina, Larissa Nappo, Marcelo Potenza e Lucas Piza, do time de análise do Itaú BBA, é parecida: “Com um lucro que superou R$ 20 bilhões em 2021 e um retorno sobre patrimônio (ROE) superior a 15%, na nossa visão, o banco está bem-posicionado para se defender da alta da inadimplência e de custo de captação, que devem impactar seus pares privados com mais intensidade.”

Além de apostar em bons resultados, com rentabilidade elevada, taxa de inadimplência abaixo da média e expansão na carteira de crédito, a Guide Investimentos acredita ainda que o banco deva continuar a ampliar as fontes de receita, com apostas em produtos como previdência e consórcio.

Prio (PRIO3)

A posição de petrolífera mais recomendada pelos analistas, que desde o início do ano pertencia à Petrobras, passou às mãos da Prio diante do cenário de risco de interferência política na estatal, agravado pela aproximação das eleições presidenciais.

Na visão dos analistas do BBA, a Prio se destaca entre as petroleiras menores, pois possui o maior tamanho de reservas, com maturidade abaixo da média do país e concentrada em poucos ativos. A Elite Investimentos aponta ainda que a empresa vem demonstrando foco no operacional, com queda no custo de extração.

A recomendação de compra da ação, para o BBA, se baseia no potencial de crescimento expressivo da companhia, apoiado por oportunidades orgânicas e inorgânicas.

“Com a manutenção de sua estratégia de investimentos em poços com reservas comprovadas e de custos de extração competitivos, acreditamos na continuidade do crescimento da Prio”, afirmam os analistas da Elite. “Por fim, tem uma imensa avenida de crescimento de lucros com seus projetos de expansão.”

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