O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 1,06% em abril, acumulando aumento de 12,13% em 12 meses e registrando a maior alta para o mês desde 1996, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Analistas ouvidos pela Reuters esperavam uma alta de 1%. O dado representa uma desaceleração em relação a março, quando a inflação oficial avançou 1,62%.
Os principais impactos sobre os preços no mês passado vieram de alimentação e bebidas e dos transportes – somados, os dois grupos contribuíram com cerca de 80% do IPCA de abril.
“Alimentos e transportes, que já haviam subido no mês anterior, continuaram em alta em abril. Em alimentos e bebidas, a alta foi puxada pela elevação dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (2,59%). Houve alta de mais de 10% no leite longa vida, maior contribuição (0,07 p.p.), e em componentes importantes da cesta do consumidor como a batata-inglesa (18,28%), o tomate (10,18%), o óleo de soja (8,24%), o pão francês (4,52%) e as carnes (1,02%)”, afirmou o analista da pesquisa, André Almeida, no material de divulgação do instituto.
No caso dos transportes, a alta foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis, com destaque para gasolina (alta de 2,48%).
“A gasolina é o subitem com maior peso no IPCA (6,71%), mas os outros combustíveis também subiram. O etanol subiu 8,44%, o óleo diesel, 4,74% e a ainda houve uma alta de 0,24% no gás veicular”, afirmou Almeida.
Leia mais:
Ata do Copom: piora da inflação, riscos fiscais e incertezas requerem cautela
BC sob pressão
Após considerar a possibilidade de parar de subir juros na reunião desta quarta, o Banco Central reconheceu pressões inflacionárias maiores do que era esperado e sinalizou no comunicado da decisão de hoje — a Selic subiu 1 ponto, a 12,75% ao ano— que a alta de juros continua, em menor grau, na próxima reunião, em junho.
Ao mesmo tempo, não se comprometeu com o final do ciclo atual. De março do ano passado para cá, a taxa básica subiu 10,75 pontos, o maior choque de juros de um ciclo de aperto monetário desde 1999, quando, em meio à crise cambial, o BC elevou a taxa em 20 pontos percentuais em uma só reunião.
Saiba mais:
BC sinaliza alta menor no próximo Copom, mas não se compromete com fim do ciclo
Apesar de a decisão não ter surpreendido quase ninguém — a maior parte dos analistas acreditava em um aumento dessa magnitude –, o Copom colocou de lado a ideia de que a inflação pode caminhar para a meta em 2023 sem um ajuste adicional de juros.