Chegou ao pico? IGP-M desacelera em abril puxado por commodities

Inflação ao consumidor, por outro lado, continua avançando; lockdowns na China complicam cenário

Foto: Shutterstock

Conhecido por ser o indicador que mede a inflação no atacado e por reajustar contratos de aluguel e outros serviços, o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) desacelerou em abril, mostrando uma alta ainda importante, de 1,41%, mas abaixo do registrado em março, de 1,74%.

Além de perder ritmo, a inflação veio abaixo do esperado pelo mercado, que acreditava em uma expansão dos preços de 1,7%, de acordo com analistas ouvidos pela Reuters. Ontem, a divulgação de um IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) também abaixo do esperado pelo mercado segurou os juros futuros.

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“Importantes commodities agrícolas contribuíram para o arrefecimento da inflação ao produtor”, apontou o coordenador de índices da FGV, André Braz, apontando que um dos índices que compõe o IGP-M, o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) recuou de 2,07%, em março, para 1,45% em abril.

“Soja, milho e café, grãos que respondem por 13% do IPA, apresentaram queda média de 7,3% e contribuíram para o recuo de 1 ponto percentual na taxa do IPA”, disse Braz.

A inflação do consumidor, por outro lado, continuou avançando.

O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu 1,53% em abril (havia crescido 0,86% em março), com destaque para transportes, que foram puxados pela gasolina, educação, leitura e recreação e saúde e cuidados pessoais.

Como esse indicador pode mexer com os preços?

Em meio à descrença de que o Banco Central conseguirá realizar somente mais um aumento de juros, levando a taxa a um patamar de no máximo 12,75% na semana que vem, o mercado destrinchará o dado para entender como os preços vêm se comportando.

Apesar de o Copom (Comitê de Política Monetária) ter indicado que vem levando em conta um cenário alternativo para os preços do petróleo, o que possibilitaria levar a inflação à meta em 2023  com apenas mais 1 ponto de alta na taxa básica (Selic), analistas ouvidos pelo BC já precificam juros acima de 13% no final deste ano.

O dado pode mexer com os juros futuros e com ações de empresas ligadas aos setores imobiliários e de consumo, entre outros.

Preços seguem sob pressão no curto prazo

Apesar da desaceleração mostrada pelo IGP-M, os reajustes nos combustíveis e os impactos dos recentes lockdowns rigorosos decretados em dezenas de cidades chinesas por causa do avanço do coronavírus no país devem manter os preços pressionados no curto prazo.

“A inflação de abril deve ainda seguir pressionada pelo reajuste de combustíveis da Petrobras”, avaliou ontem o Itaú Unibanco em relatório sobre o IPCA. “No entanto, o fim da bandeira de escassez hídrica e início de bandeira verde em 16 de abril deve ajudar a desacelerar o IPCA a partir da próxima leitura de inflação”.

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Afinal, o que mede o IGP-M?

O IGP-M é usado como indexador em muitos contratos de aluguel, energia elétrica, mensalidades, alguns tipos de seguros e alguns planos de saúde. Ele é formado por três índices de preços:

  • O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) mede a variação de preços dos bens por estágios de processamento (bens finais, bens intermediários e matérias-primas brutas) e por origem (produtos agropecuários e produtos industriais). Responde por 60% do IGP-M.
  • O IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que é o termômetro dos preços ao consumidor em oito categorias (alimentação, habitação, vestuário, saúde e cuidados pessoais, educação, leitura e recreação, transportes, despesas diversas e comunicação). Responde por 30% do IGP-M.
  • INCC (Índice Nacional de Custo de Construção), formado por materiais, equipamentos e serviços e mão de obra. Responde por 10% do IGP-M.

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