As negativas da brMalls (BRML3) a um acordo de fusão proposto pela Aliansce Sonae (ALSO3) esbarraram num obstáculo interno.
Trux Investimentos, Oceana Investimentos e Miles Capital, gestoras que possuem participações na brMalls, querem que a empresa submeta a oferta ao crivo de todos os acionistas e coloque o assunto em votação numa AGE (assembleia geral extraordinária).
“A decisão a respeito da pretendida operação deve ficar a cargo dos acionistas reunidos em AGE – e não da administração da brMalls a quem cabe proceder a essa convocação”, dizem os fundos no documento.
O pedido das gestoras foi feito em correspondência enviada à brMalls, mas quem divulgou a informação foi a Aliansce, empresa que fez a oferta pela companhia e que recebeu uma cópia do documento.
A Aliansce atualmente é uma das acionistas da brMalls. A empresa possui, direta e indiretamente, quase 11% da companhia, e já indicou que pretende usar o poder político desta participação para influenciar os rumos da potencial fusão.
Vale ressaltar que na quinta-feira (31) a brMalls recorreu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para evitar que isso aconteça, solicitando ao órgão regulador que verifique se esta estratégia da Aliansce é válida e impeça a concorrente de exercer direitos políticos enquanto a análise estiver em andamento.
Se o Cade aceitar o pedido, a Aliansce ficará impedida de votar sobre a fusão e de indicar chapa ao conselho da brMalls – algo que estava nos planos do presidente da Aliansce Sonae, Rafael Sales, conforme entrevista publicada pelo jornal Estadão.
“Dentro dos limites da lei, vamos usar o direito de indicar conselheiros e construir uma chapa para ajudar a brMalls a evoluir como companhia, a chegar a um nível mais alto de performance, e que possa avaliar movimentos estratégicos de forma isenta”, disse Sales ao jornal.
Novela se arrasta desde o início do ano
A Aliansce Sonae havia feito proposta de R$ 7 bilhões para adquirir a companhia no início de janeiro. A brMalls recusou a oferta da Aliansce na ocasião, mas a empresa disse que não havia desistido das negociações.
Contudo, segundo informações da Coluna do Broadcast, do jornal Estadão do dia 25 de fevereiro, a brMalls está disposta a negociar com a concorrente. O negócio aconteceria se a Aliansce estivesse disposta a negociar um prêmio de controle.
Além disso, no fim de janeiro de 2021, um dos principais acionistas da Aliansce Sonae, o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), também acionista da brMalls, aumentou a sua participação na segunda para 5,76%.
Posteriormente, em mais um capítulo da novela, o conselho de administração da brMalls decidiu, por unanimidade, recusar a nova proposta de combinação de negócios formalizada pela Aliansce Sonae realizada no dia 16 de março.
O montante proposto pela compradora era de R$ 1,85 bilhão, R$ 500 milhões a mais do que o valor da proposta original. Contudo, a brMalls se mostrou aberta a novas propostas.
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