Em dia volátil, Ibovespa renova máxima e encosta nos 107 mil pontos

Índice foi ajudado por vendas no varejo, petroleiras e bancos

Foto: Unsplash

Em mais um dia cheio de altas e baixas, o Ibovespa firmou e tocou os 107 mil pontos ao longo do dia, renovando máximas. O índice fechou em alta de 1,3%, aos 106.928 pontos, com R$ 20,83 bilhões em volume negociado, ajudado por dados positivos de vendas no varejo e pela boa performance de ações de petroleiras e bancos.

O saldo na semana é de alta de 4,1%, enquanto no ano até aqui o Ibovespa acumula avanço de 2,01%.

O grande dado do dia, que deu impulso ao Ibovespa, foram as vendas no varejo, que cresceram 0,6% em novembro, acelerando o passo em relação a outubro, quando havia registrado expansão de 0,2%. O dado também ficou melhor do que o esperado por analistas, com projeções que apontavam para estabilidade (segundo a Broadcast) e até queda de 0,2% (de acordo com especialistas consultados pela Reuters).

Na análise de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, os dados foram uma surpresa positiva para os mercados. Os dados deram impulso a algumas ações de shoppings e de varejistas, como Magazine Luiza (MGLU3), que teve alta de 3,94%, e Iguatemi (IGTI11), que subiu 3,46%.

A Petrobras (PETR4) também contribuiu para a alta do Ibovespa, fechando com avanço de 3,73%, refletindo as altas no preço do petróleo. A estatal reagiu também ao anúncio de que superou as metas de produção de petróleo e de gás natural em 2021, ainda que os níveis tenham ficado abaixo dos recordes observados um ano antes.

A companhia reiterou também que em 2022 deve produzir um pouco menos do que no ano passado. Em comunicado, a empresa disse que o resultado demonstra compromisso com o cumprimento de suas metas “que vêm sendo alcançadas com a manutenção do foco de atuação nas suas atividades em ativos em águas profundas e ultraprofundas”.

Outro setor que impulsionou o Ibovespa foi o dos bancos. Para Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, as perspectivas para o setor bancário têm sido positivas. Apesar dos investidores estarem olhando mais para fintechs e bancos digitais, ele vê uma vantagem competitiva nos bancões. “Pelo capital, a carteira de crédito e a capilaridade das instituições mais tradicionais, fica difícil para os outros replicarem no curto prazo”, complementa.

Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, diz que os bancos foram impulsionados principalmente pelos balanços de instituições financeiras do exterior, que vieram, em sua maioria, acima do esperado. Bradesco (BBDC4) subiu 1,61%; Santander (SANB11), 1,14%; e Banco do Brasil (BBAS3), 2,56%. A exceção foi Itaú (ITUB4), que teve baixa de 0,76%.

Apesar do viés positivo do mercado, os ruídos fiscais ainda pairam sobre Brasília. Uma nova crise na distribuição do Orçamento de 2022 fez com que o presidente Jair Bolsonaro transferisse a palavra final sobre a execução orçamentária para a Casa Civil, no lugar do Ministério da Economia, tirando o poder de Paulo Guedes e dando-o a Ciro Nogueira, que deverá decidir quais gastos cortar para acomodar despesas com investimento.

A mobilização de servidores federais por reajustes salariais também segue a todo vapor, com a mobilização da Receita Federal atingindo exportações na fronteira do Brasil com a Argentina e com o Paraguai, de acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco).

Na seara eleitoral, a primeira pesquisa do Ipespe em 2022, encomendada pela XP, mostra que, no cenário de primeiro turno, Lula tem 44% de intenções de voto, contra 24% de Bolsonaro. No segundo turno, Lula teria 56%, contra 31% de Bolsonaro.

Nos Estados Unidos, diversas autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vêm dando sinais de que a elevação da taxa de juros dos EUA pode ter início em março, o que pode reduzir a atratividade dos ativos de risco.

Por lá, ainda, as vendas no varejo decepcionaram, registrando queda de 1,9% em dezembro, contra projeção de recuo de 0,1%. A produção industrial, por sua vez, teve queda de 0,1% no mês, ante expectativa de alta de 0,2%.

Com isso, as bolsas perderam fôlego em Nova York e o Dow Jones fechou em baixa de 0,56%, enquanto S&P 500 e Nasdaq subiram 0,07% e 0,59%, respectivamente. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve queda de 1,01%.

Destaques do pregão

As maiores altas do Ibovespa no fechamento eram Banco Inter (BIDI11), brMalls (BRML3) e Banco Pan (BPAN4), que subiram 7,92%, 7,01% e 6,13%, respectivamente. Na ponta oposta, Locaweb (LWSA3), Positivo (POSI3) e Alpargatas (ALPA4) lideraram as baixas, com recuos de 4,11%, 3,87% e 3,31%.

A brMalls disparou depois de recusar uma proposta de fusão da Aliansce Sonae (ALSO3) que avaliava a empresa originalmente em R$ 7 bilhões e que poderia criar uma gigante no setor de shoppings centers do Brasil. O valor inicialmente proposto caiu desde a oferta inicial e ficou abaixo do preço de mercado da brMalls.

Hoje pela manhã, a brMalls respondeu formalmente à Aliansce Sonae, afirmando que “a referida proposta subavalia, consideravelmente, o valor econômico justo” da empresa. Os papéis da Aliansce tiveram alta de 2,3%.

Outro grande destaque de alta foi o Banco Pan, que subiu depois de o BTG Pactual aumentar sua participação na fintech para 73,02%. O aumento da participação “passa a credibilidade da gestão do BTG”, afirma Rodrigo Crespi. “A mensagem é de confiança no negócio.” Além dos sinais de confiança, Crespi explica que a própria demanda criada pela compra massiva pelo BTG fez com que os papéis reagissem positivamente.

A alta do Pan também segue uma tendência geral das ações de fintechs, como o Banco Inter. “Depois de meses em queda substancial, todas as empresas de tecnologia, em especial as percebidas como fintechs, estão negociando a preços bem menores, que já começam a chamar a atenção de investidores institucionais novamente”, diz Phil Soares, chefe de análise de ações na Órama.

O restante do setor de tecnologia, por sua vez, segue a tendência dos EUA, onde as ações do setor foram pressionadas pela alta de juros. Além das quedas de Locaweb e Positivo, Totvs (TOTS3) caiu 0,08%.

Outro papel que chamou atenção no dia de hoje foi o de Minerva (BEEF3), que fechou em alta de 1,68%, depois de a empresa anunciar que dará início a estudos para listagem no exterior. O site Pipeline, do jornal Valor Econômico, revelou que a ideia da companhia é passar a ser negociada na Nasdaq, Bolsa comumente procurada pelas empresas de tecnologia do Brasil e do mundo.

De acordo com o comunicado da empresa, membros da diretoria foram autorizados, em uma reunião do conselho de administração, “a iniciar estudos referentes a um potencial processo de redomiciliação da companhia, que poderá resultar na migração de sua base acionária para sociedade a ser constituída no exterior, com listagem das ações dessa sociedade no respectivo mercado estrangeiro”.

Fora do Ibovespa, as ações da Camil Alimentos (CAML3) fecharam em baixa de 9,59%, um dia depois da divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2021, com lucro líquido de R$ 120,5 milhões – queda de 6,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na análise da Ativa Investimentos, o resultado veio em linha com as expectativas.

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