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Taxas acima de 200% do CDI: o que as corretoras têm ofertado na renda fixa para disputar seu dinheiro

Com juro alto, corretoras concentram esforços na chamada renda fixa "garantida"

Foto: Shutterstock

O juro no Brasil está em um patamar elevado e esse cenário deve durar ao menos até meados de 2023, o que torna os investimentos em renda fixa cada vez mais atrativos. Mas o que as corretoras estão fazendo para melhor a oferta desses produtos aos seus clientes?

A opção tem sido pelo que é simples e garantido. Seja na captação de novos clientes como na alocação dos antigos, a oferta de emissões de títulos bancários dentro dos limites do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) é a que se sobressai.

Para a captação de novos clientes, a estratégia tem sido garantir CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) a taxas expressivas, de mais de 200% do CDI (referencial cuja taxa acompanha a Selic de perto e que serve de referência para a renda fixa).

Os CDBs, assim como as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito Agrícola), possuem a cobertura do FGC limitada a R$ 250 mil por CPF na mesma instituição financeira.

Para atrair clientela, a Genial Investimentos está oferecendo CDBs com rendimento de 220% do CDI. A XP e a Rico oferecem 200%. Outras plataformas digitais de investimento e fintechs (como são conhecidas as startups do setor financeiro) também lançam ofertas esporádicas semelhantes.

Em comum, o prazo é limitado a três meses e o valor máximo que pode ser aplicado não costuma passar de R$ 5 mil.

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Para os que já são clientes, os esforços têm se concentrado na recomendação de diferentes produtos bancários.

A Íon, plataforma aberta do Itaú Unibanco, divulgou a seus clientes a lista de CDBs, LCIs e LCAs de diferentes categorias (pós-fixados, prefixados e corrigidos pela inflação) e emissores, com investimentos a partir de R$ 1 mil ou R$ 5 mil.

As LCIs e LCAs possuem isenção do Imposto de Renda sobre os rendimentos. Já a tributação dos CDBs segue a tabela regressiva da renda fixa. Quando o resgate é feito em até 180 dias, a alíquota é de 22,5%. Para o prazo entre 181 e 360 dias, cai para 20%. Ainda há duas faixas, 17,5% (361 a 720 dias) e 15% (acima de 721 dias).

Para Philip Hime, um dos responsáveis pela área de renda fixa para varejo da Genial Investimentos, a combinação de alta rentabilidade e garantia são ferramentas que ajudam a atrair o investidor. E esse cenário deve continuar, já que a taxa Selic, atualmente em 13,25%, deve se manter em patamar elevado até meados de 2023.

“Nossa principal estratégia está nos produtos bancários. A cobertura do FGC é algo muito relevante para a pessoa física”, diz.

Ricardo Teofilo, head de renda fixa da Órama, conta que tanto as equipes de estratégia como a de comercial da corretora estão vendo maiores oportunidades em todos os produtos da renda fixa, mas que os títulos bancários têm combinado rendimentos com garantia.

“A abordagem ao cliente está sendo mais para a renda fixa e isso é meio automático, já que as taxas de juros estão gordas, mesmo nas opções com cobertura do FGC”, diz Teofilo.

Em um momento de maior volatilidade nos mercados, observa, o investidor pessoa física tende a se sentir mais seguro ao colocar o dinheiro em um produto menos volátil.

E mesmo para os clientes que tenham foco no longo prazo, a Órama tem reforçado que tem compensado o investimento em papéis mais curtos, de dois a três anos de vencimento, que estão pagando prêmios (juros) pouco superior aos dos prazos mais longos.

“É um momento de muito prêmio na ponta curta da curva, da renda fixa com até dois anos de prazo, e isso é encontrado mais nos papéis de emissão bancária”, explica.

Crédito privado

Hime, da Genial, acrescenta que outro fator que justifica esse esforço é o prazo de vencimento. Nas emissões bancárias, há opções com vencimentos inferiores a dois anos, o que é menos comum nos demais produtos de renda fixa, como as debêntures.

O investidor de varejo acaba encontrando um número elevado de debêntures incentivadas, que são isentas do IR, nas principais plataformas de investimento.

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Para esse grupo, a Genial faz relatórios com dados sobre os papéis, com os números principais da empresa emissora e os riscos. Sim, porque na renda fixa privada há o risco de crédito.

“Fazemos uma pré-seleção antes de colocar na plataforma, para oferecer uma boa relação entre risco e retorno”, conta.

E dada as taxas gordas nas emissões bancárias, que possuem a garantia do FGC, os especialistas recomendam cautela na compra de crédito privado.

Na Eleven Investimentos, a recomendação é que investidores conservadores desconsiderem o crédito privado em suas carteiras de renda fixa. Os moderados podem ter até 7,5% e os arrojados e agressivos, no máximo, 10% e 15%, respectivamente.

Por também entender que o crédito privado não é para todos, a Órama possui um comitê para avaliar quais papéis devem ir para a plataforma de investimentos. Atualmente, são cerca de 120 opções entre debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas).

Em parte dos ativos com maior prazo de vencimento, a instituição elabora manifestações técnicas para que os investidores possam ter subsídios em caso de uma assembleia, por exemplo.

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