Poupança perde R$ 45 bilhões no 1º bimestre e registra menor saldo desde junho de 2020

Em fevereiro, os resgates superaram os aportes em R$ 11,5 bilhões

Foto: Shutterstock/rafastockbr

O ano mal começou, mas a caderneta de poupança já totaliza saques líquidos de R$ 45,15 bilhões no acumulado de 2023. É a maior saída de recursos para o período em toda a série histórica, iniciada em 1995.

Em fevereiro, os resgates superaram os aportes em R$ 11,5 bilhões, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central (BC). Em janeiro, a saída havia sido de R$ 33,6 bilhões.

Essa perda de recursos no bimestre é resultado de aportes de R$ 580,7 bilhões e resgates de R$ 625,9 bilhões.

Já o estoque da poupança está em R$ 968 bilhões, o menor desde junho de 2020.

Essa toada de saques tem marcado a caderneta desde 2021 e não dá sinais de perder forças.

Os juros em patamares elevados, a pressão sobre a renda das famílias e o retorno às atividades presenciais após o período mais severo da pandemia da Covid-19 explicam esse movimento.

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Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, o que equivale a 1,08% ao mês. Já a caderneta está pagando 0,5% ao mês mais a TR, o que totaliza 0,58% para as que fazem aniversário nesta segunda-feira.

Essa diferença de rentabilidade tem levados recursos para outros produtos financeiros. Enquanto a poupança perde R$ 45 bilhões no ano, os fundos de renda fixa registram captação líquida positiva de R$ 3,6 bilhões, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Além disso, os investidores também têm direcionado recursos para papéis bancários, como CDBs e LCIs e LCAs, em detrimento da poupança.

E se de um lado há os poupadores que buscam alternativas mais rentáveis, há também aqueles que recorrem à poupança para lidar com a perda de renda causada pela inflação dos últimos meses.

Gastos atrelados à retomada das atividades após a fase mais aguda da pandemia de Covid-19, como viagens, também estimulam a retirada de dinheiro das cadernetas. Em 2020, primeiro ano da pandemia, a poupança teve captação positiva de R$ 166,3 bilhões.

Rentabilidade

O brasileiro que tem recursos aplicados na caderneta de poupança recebe uma remuneração de 6,17% ao ano mais a variação da TR.

A aplicação, mesmo com rendimentos isentos do Imposto de Renda, tem um retorno abaixo de outras alternativas também consideradas seguras, como o Tesouro Selic 2026, que está pagando a taxa básica (13,75% ao ano) mais 0,0822%.

Se o investidor tiver R$ 1 mil na poupança, receberá R$ 5,80 em rendimentos após um mês. Já em um título do Tesouro Selic, após 30 dias o investidor irá receber R$ 8,37, já descontando o IR do período.

A poupança é livre do IR, mas o Tesouro Direto e os fundos de renda fixa são taxados. Quando o resgate de uma aplicação em renda fixa é feito em até 180 dias, a alíquota do IR é de 22,5%. Para o prazo entre 181 e 360 dias, cai para 20%. Ainda há duas faixas, 17,5% (361 a 720 dias) e 15% (acima de 721 dias).

Além do diferencial de rendimento, a poupança rende apenas no aniversário. Os depósitos feitos em 6 de março só recebem o rendimento se forem sacados a partir do dia 6 de abril. Antes disso, o rendimento do período será perdido.

Já no Tesouro Selic ou em outras opções de renda fixa, o investidor recebe o rendimento proporcional aos dias em que o dinheiro ficou aplicado.

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