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E agora, renda fixa? Veja onde investir após reviravolta no cenário de juros

Negociações da PEC da Transição estressam mercados; especialistas recomendam cautela e concentração em pós-fixados

Foto: Shutterstock/rafastockbr

As taxas de juros de longo prazo deram um salto em três semanas em resposta ao aumento do risco fiscal trazido pelas negociações do novo governo para abrir espaço de quase R$ 200 bilhões fora do teto de gastos no Orçamento. Com a incerteza fiscal, as taxas dos contratos com vencimento em 2025 passaram de 11,84% ao ano para 13,41%.

Nesse cenário de volatilidade, especialistas em renda fixa recomenda cautela. Ou seja, hora de priorizar os pós-fixados e ser seletivo ao aproveitar as demais opções (IPCA e prefixados).

Marcos Mollica, gestor do fundo multimercado Opportunity Total, explica que esse aumento das taxas está ligado a uma decepção do mercado com os primeiros sinais do governo eleito em relação à política fiscal.

A PEC da Transição que irá tramitar no Senado Federal prevê a abertura de gastos fora do teto estimados em até R$ 197 bilhões.

“É uma licença para gastar muito acima do que seria razoável. Isso tem uma implicação negativa em relação à credibilidade fiscal”, diz.

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Para ele, o mais razoável seria um gasto além do teto em torno de R$ 100 bilhões, com indicação de uma boa equipe econômica e de uma maior clareza sobre regra fiscal será seguida – necessária para os gastos não subir muito acima das receitas, elevando a dívida do país.

Com essas incertezas, uma das reações dos agentes do mercado financeiro foi pedir um retorno maior, o que elevou as taxas de juros.

Visão de longo prazo

Na visão de Mollica, o melhor para a pessoa física nesse momento é aproveitar as oportunidades nos títulos corrigidos pela inflação, as NTN-Bs. No Tesouro Direito, isso significa comprar o Tesouro IPCA.

O Tesouro IPCA com vencimento em 2035 está pagando uma taxa de 6,07%. No vencimento em 2045, chega a 6,10%.

“É um yield (retorno) razoável e um papel mais defensivo. Se a inflação subir, tem proteção. Esse é um yield que aceita bastante desaforo”, diz.

Para o gestor, os prefixados também apresentam oportunidade, mas é mais difícil para a pessoa física saber o momento de comprar ou vender.

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Esse cenário, no entanto, não é perene. Mollica afirma que se a PEC for desidratada e houver a indicação de uma equipe econômica razoável, essas taxas devem recuar.

Já para o gestor de renda fixa da Empiricus Gestão, Rodrigo Knudsen, a expectativa dessa desidratação abre algumas oportunidades ao investidor – mas este precisa ter em mente que precisará aguentar a volatilidade do atual cenário.

Ele avalia que as taxas estão atrativas para o investidor, mas que é possível ocorrer uma nova piora.

“Essa volatilidade significa risco, então é preciso ser mais conservador. Se o mercado piorar, esse investidor vai ter condições de aproveitar as oportunidades”, conta.

Nesse momento, os pós-fixados são a aposta, em especial quando se começa a discussão de que talvez a Selic não comece a cair em 2023.

“Não é ruim ficar conservador nesse momento”, diz.

Risco (e retorno) do prefixado

Já para o investidor que tem menor apetite ao risco, a recomendação é ficar longe dos prefixados pelo risco de os juros voltarem a subir. Assim como Mollica, Knudsen vê uma melhor alternativa no Tesouro IPCA.

“Em que lugar no mundo é possível ter um retorno real de 6%? Você trava o investimento em um excelente negócio e fica protegido da inflação”, avalia.

Para o investidor conservador, a sugestão é ter no máximo 20% da carteira nesses papéis. Já para o investidor com maior apetite ao risco, esse peso pode chegar a 60%.

Gilvan Bueno, sócio da Órama Investimentos, diz que uma forma do investidor aproveitar essas oportunidades é acompanhar de perto as previsões para juros que estão na ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).

“As taxas dos prefixados estão bem acima dos 11,25% previstos. Um investidor moderado ou arrojado pode pegar de 5% a 10% da carteira de renda fixa para fazer essa alocação”, diz, recomendando os prazos entre três e quatro anos.

O risco, no caso, é tudo desandar e os juros ficarem acima dos 13,40% que os prefixados de 2025 estão pagando. Por isso é que essa aposta deve ser limitada a uma parte pequena da carteira.

No caso do IPCA, o sócio da Órama vê esses papéis como adequados apenas para quem tem uma visão de longo prazo, já que as taxas e preços variam mais no curto prazo.

“Quando os preços mudam, a maior parte dos investidores quer se desfazer do papel. É preciso criar a cultura de tolerância à volatilidade”, conta.

Já para Luis Martins, sócio e assessor da One Investimentos, o melhor no momento é concentrar a carteira em pós-fixados.

“Eu priorizaria pós-fixados porque são mais conservadores e os juros vão permanecer altos por mais tempo. É um retorno bom e com pouca volatilidade”, conta.

Os investidores que querem risco, de acordo com Martins, podem optar por colocar uma parte da carteira em prefixados de menor prazo. No entanto, recomenda que a compra seja feita de forma gradual, já que o mercado pode estressar ainda mais e as taxas voltarem a subir.

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