O Ibovespa bem que tentou recuperar parte das perdas na manhã desta terça-feira (14) após abrir a sessão em alta, mas logo depois da abertura do pregão virou para baixo e, acompanhando a abertura em baixa das bolsas dos Estados Unidos, começou a operar em queda.
Por volta de 13h30, o principal índice da B3 caía 0,44%, aos 102.147 pontos, sendo pressionado por mineradoras e empresas ligadas à economia doméstica.
A fila das principais quedas era composta por Via (VIIA3), Positivo (POSI3), CSN Mineração (CMIN3) e CVC (CVCB3) que recuavam 7,45%, 5,23%, 3,55% e 3,53%, respectivamente.
As companhias ligadas à economia interna dão sequência às perdas recentes, que foram acentuadas nesta segunda-feira (13) na esteira da curva de juros brasileira. De acordo com dados retirados da plataforma TradeMap, todos os contratos para juros futuros apresentavam subida nesta tarde.
O contrato com vencimento em 2023 subia 10 pontos-base, atingindo 13,74%, enquanto os para 2025 e 2028 subiam 8 e 10 pontos-base, chegando a 12,82% e 12,85%, nesta ordem.
Assim como lá fora, a Bolsa brasileira aguarda as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) nesta quarta-feira (15). Essa é a avaliação de Vinicius dos Santos, assessor da SVN Investimentos.
“Desde a madrugada de domingo para segunda os mercados asiáticos já mostravam um pessimismo com essa ‘superquarta’ após a inflação ter vindo mais forte nos EUA”, avalia dos Santos.
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O temor dos mercados ocorre após alguns analistas apostarem numa alta mais agressiva nos juros americanos. Ao invés de 0,50 ponto, como o mercado já esperava, segundo uma pesquisa do CME Grupo, 94,8% dos agentes de mercado esperam uma alta de 0,75 ponto na quarta-feira.
No entanto, o assessor da SVN Investimentos acredita que o banco central americano irá manter a alta de 0,50, “mantendo um discurso mais tranquilo para que no médio prazo faça essa subida mais elevada”, comenta.
Por aqui, a aposta para o juro tanto do mercado quanto para o assessor da SVN é de 0,50 ponto. Contudo, dos Santos acha que é cedo para avaliar se esse é o final do ciclo de alta ou se ainda há espaço para novos aumentos nas próximas reuniões.
Queda das mineradoras ajuda a pressionar Ibovespa
Empresas ligadas ao minério de ferro caem em bloco nesta terça, com Vale (VALE3) ajudando a pressionar o índice com uma queda de 0,50%. Ademais, Usiminas (USIM5) caía 2,50%, Gerdau (GGBR4) perdia 1,58% e CSN (CSNA3) recuava 2%.
A queda é acompanhada pela desvalorização do minério no mercado internacional, que recua pelo quinto dia seguido enquanto monitora possíveis novos lockdowns na China. Na bolsa chinesa de Dalian, a tonelada do produto teve baixa de 0,11%, negociada a 901,50 iuanes, o equivalente a US$ 133,83.
Ponta positiva
Do lado verde do índice, a Petrobras (PETR4) subia 3,04%, a Localiza (RENT3) crescia 2,70% e a Eletrobras (ELET3) ganhava 3,49%.
A petrolífera anunciou na noite de ontem que irá avaliar potenciais oportunidades de negócio com o gás natural que a empresa pretende extrair do projeto Sergipe Águas Profundas. A Petrobras e o estado de Sergipe querem prospectar e estruturar oportunidades de negócio no setor, para fornecer gás natural como matéria-prima ou até mesmo como fonte de geração de energia.
De acordo com a estatal, essa medida faz parte do plano estratégico de 2022 a 2026. Segundo esse planejamento, está prevista a criação de duas plataformas para os campos de Sergipe Águas Profundas.
Além disso, segundo informações do Broadcast, do jornal O Estado de S.Paulo, a companhia avalia dar reajustes nos combustíveis nesta semana. Atualmente, a defasagem do preço da gasolina e do diesel no mercado brasileiro está em torno de 16%, segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).
Já são 96 dias desde a última alteração no preço da gasolina e 36 no do diesel. Para alguns analistas do UBS-BB, manter a paridade é essencial para não faltar diesel no Brasil, já que o país precisa importar de 20% a 30% de diesel para manter sua oferta. O restante é abastecido pela Petrobras.
No caso da locadora de veículos, a subida ocorre após a empresa dar mais um passo rumo a fusão com a Unidas (LCAM3). As companhias confirmaram nesta segunda um acordo para vender ativos à Brookfield Asset Management por R$ 3,57 bilhões.
A operação é uma exigência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para que a combinação de negócios das duas locadoras de veículos possa ser concluída, e ainda precisa ser validada pelo órgão de defesa da concorrência. A Unidas, por sua vez, crescia 1,86% no pregão desta terça.
Bolsas internacionais
Lá fora, os mercados seguem esperando a reunião do Fed de quarta-feira. “O sentimento negativo ganhou força após veículos americanos sinalizarem que membros do Federal Reserve consideram uma alta de 75 pontos-base na taxa básica de juros americana já na reunião desta semana”, avaliou a XP, em relatório.
Em Wall Street, o Dow Jones caía 0,35%, o S&P 500 perdia 0,05% e o índice Nasdaq nadava contra a corrente e apontava alta de 0,47%.
Nos EUA, os investidores repercutem ainda a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em ingês), divulgado mais cedo. Segundo dados do Departamento do Trabalho americano, o indicador subiu 0,8% em maio, em linha com as expectativas do mercado.
Na Europa, os índices acionários também caíam. Já perto do fechamento, o Euro Stoxx 50 recuava 1,26%, o DAX desvalorizava 0,91% e o FTSE 100 caía 0,25%.