Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Vale (VALE3) e exterior pesam e Ibovespa fecha em baixa de 1,02%; BRF (BRFS3) sobe mais de 4%

Agora, as atenções se voltam à decisão do Copom, que será publicada após o fechamento

Foto: Shutterstock/Diego Thomazini

Pressionado pelas Bolsas estrangeiras e pela ação da Vale (VALE3), o Ibovespa fechou o pregão desta quarta-feira (7), dia de divulgação da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em baixa de 1,02%, aos 109.069 pontos. Foram R$ 19,67 bilhões em volume negociado.

Com o desempenho de hoje, a queda acumulada pelo índice no mês de dezembro subiu para 3,04%. Na contramão, os ganhos desde o início do ano diminuíram para 4,05%.

Ibovespa segue exterior

O principal fator por trás da baixa do Ibovespa foi o mercado externo, que caiu em meio a preocupações com a desaceleração da economia dos Estados Unidos, além de temores de recessão global, explica Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos.

Na última segunda-feira (5), dados que monitoram o comportamento de serviços mostraram um aumento inesperado em novembro. Além disso, ontem executivos de grandes bancos, como o Bank of America e o JP Morgan, alertaram para um cenário de desaceleração e até recessão, com a inflação ainda em um patamar elevado ameaçando o consumo das famílias.

Diante disso, o S&P 500 fechou em baixa de 0,19%, o Dow Jones ficou no zero a zero e o Nasdaq recuou 0,51%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 registrou perdas de 0,46%.

Vale e Petrobras dão empurrão adicional

Além do exterior, a performance das ações da Vale também foi uma das responsáveis pela baixa do principal índice da B3. A mineradora registrou queda de 3,56%, pressionada tanto pelos temores de recessão, que derrubaram o minério de ferro, quanto por suas projeções de produção divulgadas na manhã de hoje.

A companhia espera produzir entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023. Para este ano, a Vale passou a esperar uma produção acumulada de 310 milhões de toneladas – número que estava na ponta mais baixa da projeção anterior da companhia, que ia de 310 milhões a 320 milhões de toneladas.

Em outra frente, a Vale afirmou que o custo de extração do minério, excluindo compras de terceiros, deve ficar entre US$ 19,50 e US$ 20 por tonelada em 2022, aumentando para a faixa de US$ 20 a US$ 21 por tonelada em 2023.

Até então, a companhia estimava um custo de US$ 18,50 a US$ 19 por tonelada neste ano e de US$ 15,50 a US$ 16 por tonelada em 2023.

Na mesma direção, a Petrobras também fechou em baixa, com as ações preferenciais (PETR4) caindo 1,13% e as ordinárias (PETR3) recuando 1,51%, acompanhando a queda do petróleo. O Brent registrou recuo de 2,75% na ICE, para US$ 77,17 por barril.

Leia mais:
Petrobras (PETR4) vai ajudar Banco Central a combater inflação em dezembro, diz Órama

Ainda em relação à petrolífera, na noite de ontem, o presidente Caio Mário Paes de Andrade anunciou que irá deixar a companhia para compor a equipe do governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas.

Agito em Brasília

Após o fechamento de hoje, o Banco Central irá divulgar o novo patamar da taxa de juros. A expectativa do mercado é que a Selic seja mantida no nível atual, de 13,75% ao ano.

Como há poucas dúvidas em relação ao patamar dos juros, a atenção dos investidores estará voltada para a comunicação do BC, em busca de comentários sobre as perspectivas fiscais.

Ainda em Brasília, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição segue no radar. Ontem, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou uma versão do texto que abre espaço, pelo prazo de dois anos, para R$ 169 bilhões em gastos fora do teto – R$ 145 bilhões para o Bolsa Família e R$ 23 bilhões para investimentos com receitas extraordinárias.

O texto também prevê que o novo governo possa apresentar, até a metade do ano que vem, uma nova âncora fiscal em substituição ao teto de gastos.

O projeto agora está sendo votado no Senado e, na sequência, deve ser enviado para deliberação na Câmara dos Deputados. Enquanto isso não acontece, a falta de visibilidade sobre os termos que serão aprovados causa incerteza no mercado, pressionando a Bolsa, segundo Cohen.

Veja também:
PEC da Transição vai contra esforços do BC para conter a inflação, apontam economistas

Na Câmara, a PEC terá como condicionante adicional o desfecho do julgamento do orçamento secreto no STF (Supremo Tribunal Federal). De acordo com Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, se o STF julgar o orçamento secreto ilegal, os deputados pretendem adicionar uma autorização constitucional para sua utilização no texto da PEC.

Outros destaques do pregão

Na ponta positiva do Ibovespa, o maior destaque é a BRF (BRFS3), que subiu 4,14%. De acordo com o analista e co-fundador da Escola de Investimentos, a ação vive um movimento de correção das últimas quedas, e também se beneficia da redução das restrições na China, que é uma grande consumidora de carne brasileira.

Como já era esperado, a China divulgou, na noite de ontem, uma nova rodada de flexibilizações nas restrições à mobilidade impostas para combater a disseminação da Covid-19.

A segunda maior alta foi da Azul (AZUL4), que avançou 3,86%. Em seu Investor Day, evento em que a empresa reúne investidores e analistas para apresentar o cenário e as perspectivas para o negócio, a Azul disse que projeta terminar o ano com mais de R$ 5 bilhões de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

Outra alta significativa, de 1,79%, foi de Hapvida (HAPV3). Duas semanas depois de desagradar o mercado com a notícia de que Irlau Machado Filho renunciou ao cargo de co-CEO, a companhia informou, na noite de ontem, que o executivo manterá seu assento no conselho de administração.

“A permanência do Sr. Irlau nos órgãos máximos de deliberação permitirá a continuidade de sua contribuição estratégica à companhia, inclusive nos temas de integração das duas verticais tendo em vista seu conhecimento profundo sobre a vertical Notre Dame Intermédica”, disse a companhia.

Na visão do BTG Pactual, essa iniciativa é positiva, considerando que a ruptura total, como dizia o comunicado anterior, sugeriria que Machado poderia estar indo para um concorrente, o que obviamente seria ruim para a Hapvida.

Critpomoedas

O Bitcoin (BTC) parece ter encontrado um teto em US$ 17 mil, posição conquistada na semana passada, enquanto investidores seguem recolhendo os cacos do crash da FTX e retomam as atenções para o cenário global.

Por volta das 18h20, o BTC operava em queda de 1,2% na comparação com as últimas 24 horas, negociado a R$ 88.348, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora o Ethereum (ETH), perdia 3,14%, a R$ 6.470.

Nos últimos dias, o mercado cripto voltou a rodar junto com Wall Street, sobretudo a Nasdaq, que concentra as ações das principais empresas de tecnologia.

A semana foi de recalibração do otimismo visto em novembro com dados da inflação americana melhores do que o esperado, o que abriu brechas para a expectativa de desaceleração da alta dos juros pelo Fed (o banco central americano).

Os números do mercado de trabalho e da produção industrial divulgados na semana passada, porém, esfriaram o humor ao mostrar que a economia segue bastante aquecida, mantendo no radar a necessidade de juros mais altos por um tempo mais longo.

Com isso, os investidores seguem atentos para a divulgação de novos dados do PPI (Índices de Preço ao Produtor, na sigla em inglês), um dos principais indicadores da inflação americana, nesta sexta-feira (9).

Segundo Craig Erlam, analista sênior de mercados da Oanda, o mercado aguarda pelos indicadores da inflação para mudar a atual posição de proteção aos ativos de risco.

“O apetite ao risco provavelmente precisa melhorar significativamente para que o Bitcoin suba a partir daqui e muitos esperam um número PPI favorável na sexta-feira e alguns comentários menos agressivos do Fed na próxima semana. E, claro, nenhuma outra notícia terrível na frente do FTX ou relacionada a ele”, diz Erlam.

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.