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Tesouro Direto: preço dos prefixados sobe 1,5% em setembro após fim da alta de juros – é hora de comprar?

Com a Selic estacionada em 13,75% ao ano, mercado já se prepara para oportunidades com queda da taxa

Foto: Shutterstock

A sinalização dada pelo Banco Central em setembro de encerrar o ciclo de alta de juros deve reforçar o movimento de mudanças de posições no Tesouro Direto nos próximos meses. Com a Selic estacionada em 13,75% ao ano – e com o mercado buscando sinais sobre quando a taxa básica começará a ser cortada -, papéis prefixados ganham atratividade.

Investidores já começaram a se preparar para o movimento de queda dos juros, ainda que ele só deva começar em 2023, como tem deixado claro o Boletim Focus, do Banco Central. Tanto que, no mês passado, as taxas dos títulos prefixados e com retornos indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) disponíveis para compra no programa fecharam em queda na comparação com agosto.

A variação, contudo, não foi tão expressiva. A maior alta partiu do Tesouro IPCA + com vencimento em 2045, cujo preço subiu 1,61% em setembro (e que ainda tem queda no acumulado de 2022). Na sequência, destaque para o Tesouro Prefixado com prazo final em 2025, com alta de 1,51%, ambos acima da variação de 1,07% do CDI no mês.

No ano, os papéis indexados à variação da Selic (Tesouro Selic) acumulam as variações mais expressivas do Tesouro Direto, com alta acima de 9%.

Confira a seguir o desempenho de todos os títulos públicos disponíveis atualmente para compra no Tesouro Direto em setembro, no ano e em 12 meses.

E lembre-se que você só terá as perdas ou os ganhos indicados se vender os papéis antecipadamente. Se os títulos forem carregados até o vencimento, o retorno vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento da aquisição.

Se no Brasil o olhar dos investidores recai sobre o início do ciclo de queda da Selic – e, no curto prazo, sobre a definição das eleições presidenciais -, no exterior, o clima de apreensão ganhou novo fôlego com o temor de recessão global, em meio ao tom mais duro do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre a trajetória dos juros dos Estados Unidos.

Do outro lado do Atlântico, a derrocada da libra e a falta de resolução para a crise energética da Europa às vésperas do inverno pressionaram ainda mais o humor dos mercados.

Na cena local, os contratos de juros futuros e o dólar caem na manhã desta segunda-feira (3), após o resultado do primeiro turno das eleições se mostrar muito mais favorável ao presidente Jair Bolsonaro (PL) do que o indicado em pesquisas de intenção de voto. Na eleição ao Senado, foi bem visto o fato de a maior parte dos 27 eleitos neste domingo serem ligados ao atual governo.

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Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo, avalia que o movimento de queda das taxas de juros neste início de semana reflete um novo contexto para a trajetória fiscal e a agenda de reformas.

“A diferença mais apertada de votos entre Lula e Bolsonaro traz discussões para o mercado de que o eventual novo governo, seja qual for, provavelmente vai precisar de um discurso que se mova mais para o centro na questão econômica”, afirma.

Para Costa, entretanto, ainda não está claro se o movimento de fechamento das taxas vai continuar. “É difícil saber, mas qualquer sinalização do Lula a respeito da equipe econômica no sentido de um nome de centro pode ajudar a fechar os juros adicionalmente”, pontua.

É hora de comprar Tesouro Prefixado?

O Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou, na penúltima semana de setembro, o fim do ciclo de alta da Selic, com a manutenção dos juros em 13,75% ao ano. Desde março de 2021, a autoridade monetária injetou 11,75 pontos percentuais na taxa básica, saindo da mínima histórica de 2% ao maior patamar desde o fim de 2016.

Mesmo que o colegiado tenha emitido um tom mais duro ao afirmar que deve deixar a Selic estável por um “período suficientemente prolongado”, além de não descartar novos aumentos, investidores já passam a buscar sinais de quando os juros vão começar a cair no próximo ano.

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Um cenário de queda de juros aumenta a rentabilidade dos títulos prefixados, já que a queda das taxas é acompanhada de aumento dos preços. Dessa forma, o investidor tem a possibilidade de vender seus papéis antecipadamente por um valor acima do aplicado na data de compra.

Apesar de os sinais apontarem para essa direção, analistas do mercado pregam cautela, já que ainda há muita incerteza rondando os ativos.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, afirma que aumentou a posição em prefixados desde o fim de julho, quando o BC já dava sinais de que o fim da escalada dos juros estava próximo, e que deve seguir elevando gradativamente os aportes nesse tipo de papel, mas faz uma ponderação. “Existe um risco, por isso não se deve ir com tanta agressividade.”

A disputa eleitoral está sendo monitorada de perto, especialmente a discussão fiscal e suas consequências inflacionárias, mas ainda assim a equipe de Cruz entende que papéis com retornos prefixados devem ser colocados na carteira para o investidor não perder o atual patamar de preços.

Para evitar muita exposição, a recomendação recai sobre os títulos com vencimentos mais curtos. Quanto mais longo o horizonte, maiores as probabilidades de o investidor se prejudicar com a variação das taxas. “É melhor comprar títulos de um ou dois anos, algo que não seja muito longo. O Brasil possui um histórico ruim de inflação quando há mudanças no governo”, afirma.

Na mesma linha, Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial Investimentos, afirma que o momento já é propício para elevar a exposição em prefixado, mas com parcimônia e com preferência em prazos de curta duração.

Como fatores que podem estressar o mercado, Wis chama a atenção para a escalada dos juros nos Estados Unidos.

“É um fator importante para podermos saber quando o nosso Banco Central vai cortar os juros. Hoje, estimamos a Selic próxima de 11% no fim de 2023, mas, se o Fed aumentar [as taxas], reduz o espaço aqui para cortes, já que é preciso manter esse diferencial dos juros”, explica.

Na pauta doméstica, o especialista afirma que o ambiente de incertezas deve diminuir ao fim do período eleitoral e, principalmente, quando o futuro do planejamento fiscal ficar mais claro aos investidores. “O grande fator para a volatilidade é, caso tenha uma mudança de governo, qual linha econômica que vai ser seguida. Essa é a resposta que vai determinar se haverá mudanças nos patamares das taxas”, diz o especialista da Genial.

Pós-fixado ainda é interessante

Apesar das expectativas de corte nos juros brasileiros a partir de meados de 2023, analistas mantêm a recomendação de alocação no Tesouro Selic. Os papéis do Tesouro Direto indexados à taxa básica de juros são os mais indicados em momentos de incerteza e de expectativa de alta de juros, pois a remuneração que oferecem aumenta na mesma proporção.

“O pós-fixado sempre foi o com maior peso na carteira e vai continuar a ser. É uma postura defensiva para um ano em que vemos muita volatilidade”, afirma Cruz, da RB.

Os papéis de Tesouro Selic com prazos em 2025 e 2027 encerraram setembro com rendimento de 1,1%, enquanto, em 12 meses, a valorização é de 11,45% e 11,81%, respectivamente.

Mesmo que o BC não faça mais elevações na Selic, Wis pontua que o atual patamar ainda é bastante atrativo para a entrada dos investidores. “Se a Selic fechar 2023 em 11%, como é projetado, o investidor ainda vai ter um rendimento de aproximadamente 12% no ano, o que é um bom retorno para um investimento com liquidez diária e sem volatilidade na saída antes do vencimento.”

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