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Ata do Copom: BC está vigilante e não hesitará em retomar alta de juros

Na semana passada, comitê encerrou o ciclo de alta na taxa básica ao manter a Selic em 13,75% ao ano

Foto: Shutterstock

A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), divulgada nesta terça-feira (27), reforçou que o BC está vigilante com a inflação e que o colegiado não hesitará em retomar o ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, se necessário.

Na última reunião, na semana passada, o comitê decidiu manter a Selic nos atuais 13,75% ao ano, encerrando um ciclo de aperto nos juros iniciado em março de 2021, com a taxa no piso histórico de 2% ao ano.

No documento divulgado hoje, que detalha as discussões da última reunião, o Copom ressaltou que avaliará se manter a Selic alta por um tempo prolongado será suficiente para conter a alta de preços.

“O Comitê reforçou que é necessário manter a vigilância, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, afirma trecho da ata.

Reforçando o tom duro, o colegiado afirmou ainda que busca a ancoragem das expectativas em torno das metas de inflação.

“O Comitê, por unanimidade, reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê enfatiza que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.”

O documento afirma ainda que o ciclo de aperto nos juros foi intenso, e que devido à tradicional defasagem da política monetária grande parte do impacto sobre a atividade e alta de preços ainda não foi sentido.

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“Esses impactos devem ficar mais claros nos indicadores de atividade ao longo do segundo semestre, mas o Comitê antecipa que medidas de sustentação da demanda agregada dificultam uma avaliação mais precisa sobre o estágio do ciclo econômico e dos impactos da política monetária”, disse o documento.

Inflação de serviços

O colegiado ainda apontou que debateu a velocidade da desaceleração da inflação de serviços.

“Avalia-se que há diversos fatores que podem afetar a trajetória da inflação de serviços, dentre eles a própria queda da inflação corrente, que reduz o efeito inercial sobre esses itens, e as projeções mais positivas para a atividade econômica, que elevam o risco de pressões mais persistentes nesse segmento.”

A ata ainda alertou para o risco de elevação de gastos de forma permanente – os dois principais candidatos ao Planalto, o ex-presidente Lula e o atual presidente Bolsonaro já indicaram que pretendem manter o Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023.

“No cenário doméstico, o Comitê avalia que o aumento de gastos de forma permanente e a incerteza sobre sua trajetória a partir do próximo ano podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação à medida que pressionem a demanda agregada e piorem as expectativas sobre a trajetória fiscal.”

Sobre o cenário internacional, com as grandes economias elevando os juros para combater a inflação, o comitê avaliou que o impacto desse aperto mundial seria a princípio positivo para a inflação brasileira.

“No entanto, ressalta que os possíveis impactos que tal reprecificação teria sobre os ativos no curto prazo adicionam incerteza sobre o efeito na inflação brasileira.”

Selic alta por mais tempo

Na quarta-feira da semana passada, o Copom manteve a Selic inalterada, mas ao mesmo tempo já havia reforçado no comunicado um tom mais duro. Destacou que deve manter a taxa básica em patamar elevado por “período suficientemente prolongado”, até assegurar a convergência da inflação para a meta.

O BC ainda não descartou a possibilidade de voltar a subir juros caso necessário. Após a interrupção do ciclo de aperto, iniciado em março de 2021, o mercado prevê que a taxa básica se manterá no patamar atual até pelo menos o fim do primeiro semestre de 2023.

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Para lidar com o aumento disseminado dos preços e dos riscos fiscais e externos, o Copom subiu a Selic por 12 reuniões consecutivas, o que fez a taxa básica sair de 2%, em março de 2021, até chegar ao atual patamar.

Na avaliação da equipe de macroeconomia do Itaú Unibanco, a taxa básica deve permanecer elevada por um longo período. “A dinâmica esperada para a inflação e projeções no horizonte relevante, bem como o nível de ociosidade da economia, não devem tornar possível um corte no primeiro semestre de 2023”, avaliou o banco em relatório divulgado ontem.

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