As taxas dos títulos do Tesouro Direto recuaram nesta quinta-feira (22), após o Banco Central ter mantido a taxa Selic estável em 13,75%, marcando o fim do ciclo de alta de juros iniciado em março de 2021. Esse movimento permitiu a valorização dos papéis em mercado, que foram emitidos com taxas mais altas.
Apesar de o Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizar que deve manter a taxa básica estável por um “período suficientemente prolongado” até assegurar a convergência da inflação para a meta, não descartando voltar a subir os juros, os investidores já começam a apostar em quando o BC deve começar a cortar a Selic no ano que vem.
O mercado prevê a manutenção da taxa em 13,75% ao ano pelo menos até o fim do primeiro semestre de 2023, com o Banco Central devendo voltar a cortar os juros só na segunda metade do ano que vem.
A média das projeções no último Boletim Focus, divulgado em 19 de setembro, apontava para uma taxa Selic de 11,25% no fim do ano que vem.
No mercado futuro de juros, as taxas dos contratos de DI (Depósito Interfinanceiro) refletem a aposta em corte maior da taxa Selic para o ano que vem, que passou de 2,50 ponto percentual na quarta-feira (21) para 3 pontos. “A curva de juros reflete cortes de 0,50 ponto em cada reunião do Copom a partir de maio de 2023”, afirma Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Novus Capital.
Houve um aumento de investimentos no mercado de renda fixa com o BC finalmente anunciando o fim do ciclo de alta de juros. Os investidores começaram a se posicionar para o próximo ciclo de corte de juros esperado para o ano que vem.
Nesse cenário, alguns analistas já veem os papéis prefixados como boa aposta para ganhar com a queda da Selic. É importante lembrar quando as taxas caem os preços dos títulos emitidos com taxas mais altas sobem e os papéis se valorizam.
Os títulos do Tesouro Direto apresentam uma queda de até 0,20 ponto das taxas por volta das 15h40. A taxa do título do Tesouro prefixado para 2025 recuava de 11,84% para 11,52%. Já a taxa do papel prefixado para 2029 caía de 11,70% para 11,46%.
Já entre os papéis Tesouro IPCA+, cujo retorno é composto por uma taxa prefixada mais a variação do IPCA, a taxa do título para 2026 caía de 5,67% para 5,58%. Já a taxa do título para 2040 caía de 5,76% para 5,63%.
Nesta manhã, o Tesouro vendeu integralmente o lote de 14,5 milhões de papéis prefixados (LTN) para três vencimentos, com grande parte da oferta concentrada em 2026. Além disso, o Tesouro também vendeu 86,11% do lote de Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F) para dois vencimentos.
Para a Capital Economics, o BC deve começar a cortar os juros apenas no segundo semestre de 2023, devendo promover uma redução de 3 pontos percentuais da Selic até o fim de 2023, e a taxa básica encerraria o próximo ano em 11%.
O BTG Pactual espera que o BC mantenha a taxa Selic estável até o fim do segundo semestre de 2023, mas destaca que um cenário de expansão fiscal no próximo governo aumenta o risco de a inflação acelerar.
O BC destacou ontem no comunicado que a prorrogação para 2023 dos cortes de impostos sobre os preços de energia e combustíveis, previstos para acabar no fim deste ano, é um fator que pode contribuir para a queda das expectativas de inflação para o ano que vem. No entanto, o fim do corte de impostos e aumento do gasto fiscal no ano que vem são riscos de alta para a inflação.
A autoridade monetária lembrou que a atividade econômica ainda forte, com um mercado de trabalho mais aquecido e taxa de desemprego recuando pela quinta vez consecutiva em julho é outro risco de alta para a inflação.
Por outro lado, uma recessão mais forte nos mercados desenvolvidos poderia acentuar a queda dos preços das commodities, o que ajudaria a acelerar a queda da inflação no Brasil e abriria espaço para o BC antecipar o corte de juros, afirma um gestor de renda fixa.