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Santander (SANB11) prevê perda em operações com juros no mercado em 2022

A chamada margem financeira com o mercado ficou negativa em R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre

Foto: Shutterstock

O Santander, primeiro grande banco a publicar resultados referentes ao segundo trimestre afirmou, nesta quinta-feira (28), que deve terminar o ano com um resultado negativo na chamada margem financeira com o mercado, que é um saldo do quanto o banco ganha e perde com juros em operações com outras instituições financeiras para captar e emprestar dinheiro.

O recurso que uma instituição financeira usa para emprestar aos clientes vem de basicamente duas fontes: de empréstimos que o próprio banco toma com outros players (em geral pagando juros menores do que os que cobra de seus clientes) e dos próprios depósitos que seus correntistas fazem.

No balanço, o saldo das operações feitas com outros bancos aparece na margem financeira com o mercado, enquanto o saldo das operações feitas com os clientes é vista na margem financeira com clientes.

No segundo trimestre, a margem do Santander com o mercado ficou negativa em R$ 1,5 bilhão, depois de ter ficado positiva em R$ 84 milhões no intervalo de janeiro a março deste ano.

A piora se deve principalmente ao aumento da Selic, a taxa básica de juros, que torna mais cara, para o banco, a captação de dinheiro no mercado com outras instituições. Ao longo do último ano e meio, a Selic saiu de 2% ao ano para 13,25%, em um esforço do Banco Central (BC) para conter o avanço da inflação.

Embora um banco também ganhe quando os juros ficam mais altos, esse efeito tende a demorar mais para aparecer nos balanços, uma vez que parte dos empréstimos que ainda estão sendo pagos foram concedidos quando os juros estavam menores.

Em teleconferência com analistas, o vice-presidente financeiro do Santander, Ángel Santodomingo, disse que a margem financeira com o mercado ainda tende a seguir negativa nos próximos resultados. “Eu não esperaria um número positivo em 2022”, afirmou. “O quão negativo isso será dependerá do mercado.”

Até o fim do ano, a Selic deve continuar em alta. Os analistas consultados pelo BC apontam para uma taxa básica de juros a 13,75% ao ano, ao fim de 2022, e algumas instituições já esperam um nível superior a 14%.

“Olhando para frente, isso será menos intenso? As coisas devem evoluir e o gap entre a concessão de novos empréstimos e a captação de recursos ficará menor, e também devemos ter uma melhora vinda da margem financeira com os clientes”, afirmou o executivo.

A margem financeira com clientes ficou positiva em R$ 14,2 bilhões no segundo trimestre, crescimento de 3,2% em relação aos primeiros três meses do ano e de 28% na comparação com igual período de 2021.

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Na teleconferência, Santodomingo ressaltou também que o banco tem sido conservador na concessão de novos empréstimos, dado o cenário macroeconômico mais difícil, com a inadimplência em alta, e disse que, pela primeira vez em dois anos, a carteira de crédito tem apresentado sinais de estabilidade.

No segundo trimestre, a carteira cresceu 2,9% em relação ao primeiro, para R$ 468,5 bilhões. “Teoricamente isso deve se refletir em números melhores para a inadimplência, mas em quanto tempo isso acontecerá é uma outra discussão”, disse.

A taxa de inadimplência do banco ficou em 2,9% no segundo trimestre, alta de 0,7 ponto percentual em relação ao mesmo período anterior, mas estável em comparação ao primeiro trimestre deste ano.

Proteção

Com o aumento dos atrasos nos pagamentos de empréstimos no Brasil, o Santander confirmou a tendência que se imaginava para os balanços dos bancos do segundo trimestre e apresentou um aumento nos recursos destinados a cobrir eventuais calotes, as chamadas provisões para devedores duvidosos (PDD), uma espécie de colchão de proteção contra a inadimplência.

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As provisões do Santander no Brasil cresceram 24,6% no segundo trimestre em relação aos primeiros três meses deste ano, para R$ 5,7 bilhões.

Embora seja uma “reserva”, o montante entra como despesa no balanço e afeta o lucro líquido da instituição, que apresentou um crescimento tímido no período, de 2% ante o primeiro trimestre, para R$ 4,084 bilhões — uma desaceleração em relação à variação do primeiro trimestre, de 3,2% ante o trimestre anterior.

O índice de cobertura do banco, que calcula o quanto as provisões seriam capazes de cobrir o valor devido pelos inadimplentes, também cresceu, em mais um sinal de aumento de cautela. No segundo trimestre, o índice ficou em 224%, ante 215% no primeiro trimestre.

Por volta das 10h50, as units do Santander (SANB11) operavam em leve alta de 0,46%, a R$ 27,96.

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