A Petrobras (PETR4) registrou lucro histórico em 2022, de R$ 188,3 bilhões, alta de 76,6% em relação a 2021. Só no quarto trimestre o lucro líquido foi de R$ 43,3 bilhões, 37,6% superior ao registrado um ano antes.
Ainda no quarto trimestre, o Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) ajustado da companhia foi de R$ 73,1 bilhões, alta de 16,1% em relação a mesmo período de 2021.
A margem Ebitda sofreu queda de 5 pontos percentuais, para 65%, ao comparar entre os período de outubro e dezembro. No entanto, no resultado anual a margem se manteve estável em 70%.
A dívida líquida da companhia foi reduzida em 12,8%, para R$ 41,5 bilhões frente a R$ 47,6 bilhões registrado no quarto trimestre de 2021.
Por fim, a Petrobras anunciou nova distribuição bilionária de dividendos, no valor de R$ 35,8 bilhões, o equivalente a R$ 2,74 por ação.
No entanto, a nova gestão propôs a retenção de R$ 0,49 por ação, ou R$ 6,5 bilhões, para criação de uma Reserva Estatutária, que ainda deve ser avaliada pelos acionistas.
O que achamos?
O resultado da Petrobras vem em linha com o que a companhia apresentou ao longo de 2022. A estratégia de venda de ativos ineficientes tornou a empresa mais lucrativa, e associada ao preço alto do petróleo tipo Brent fortaleceu a geração de caixa da estatal.
Diante de lucros mais robustos, o caixa da Petrobras se torna mais flexível para seguir as estratégias da empresa, como pagamento de dívidas, investimentos em novos projetos e distribuição de dividendos.
Mas há dúvidas a respeito de qual será a política de remuneração aos acionistas daqui para frente, uma vez que a nova gestão da Petrobras quer modificar a distribuição de dividendos, destinando menos recursos aos acionistas e alocando uma parcela maior do dinheiro em investimentos na própria companhia, principalmente em refino.
A proposta de reter dividendos é um indício de como se dará essa redistribuição do lucro.
Ambas as estratégias são válidas: tanto a distribuição quanto a retenção para investimento. No entanto, as decisões de investimentos devem ser analisadas para desaguarem em projetos que tragam retorno à companhia.
Em gestões passadas da Petrobras, investimentos mal direcionados geraram ativos não rentáveis, que levaram a companhia, em 2015, a iniciar um processo de desinvestimentos e reduzir o elevado patamar de dívidas de então.
Vale lembrar que em 2022 a Petrobras obteve o maior lucro da história das empresas brasileira e foi a segunda maior pagadora de dividendos em todo o mundo, perdendo apenas para a BHP Billiton. Caso não seja aprovada a retenção do lucro pelos acionistas, o total distribuído pela companhia será de R$ 215,8 bilhões em 2022.
Como os papéis devem reagir?
A perspectiva de interferência do governo na companhia, com potencial redução no pagamento de dividendos aos acionistas, devem manter a cautela dos investidores em relação aos papéis da companhia.
Por outro lado, o desempenho operacional da Petrobras é o melhor da história e o modelo ainda se mantém sem alterações, o que pode continuar rendendo bons resultados para os próximos trimestres.
Apesar de dois pontos que se equilibram, as ações da companhia devem abrir em leve alta no pregão desta quinta-feira (2).