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Bradesco (BBDC4) tem trimestre ruim para além dos 100% provisionados de Americanas (AMER3)

Lucro contábil do banco somou R$ 1,43 bilhão, abaixo de toda e qualquer expectativa do mercado

Foto: Shutterstock/casa.da.photo

O Bradesco (BBDC4) apresentou, na noite de quinta-feira (9), o resultado da companhia referente ao quarto trimestre do ano passado, fechando a temporada de balanços dos grandes bancos privados.

A instituição financeira também decidiu provisionar 100% de sua exposição à Americanas (AMER3). O Bradesco possuía uma exposição de R$ 4,8 bilhões junto à varejista, o que fez com que o lucro tombasse na comparação com igual período de 2022.

O resultado líquido contábil do banco somou R$ 1,43 bilhão, queda de 72,4% em três meses e 54,7% em um ano, ficando abaixo de toda e qualquer expectativa do mercado, que esperava um lucro de pouco mais de R$ 4 bilhões, já considerando os entraves relacionados à recuperação judicial da Americanas.

A PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) saltou 247,4% em um ano, para R$ 14,9 bilhões, e mais do que dobrou em relação ao terceiro trimestre do ano passado, como resultado da contínua perda de qualidade dos empréstimos.

O ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) do quarto trimestre foi de ínfimos 3,9%, e fechou o ano de 2022 em 13,1%, o pior nível dos grandes bancos e 3,2 pontos percentuais abaixo do registrado pelo Santander, que possui uma dinâmica de crédito similar.

O que achamos

O resultado do Bradesco foi ruim, mesmo considerando que o banco tenha apresentado toda a exposição ao risco de Americanas no balanço já no quarto trimestre, assim como o Itaú, deixando caminho livre para a operação de 2023.

O índice de inadimplência acima de 90 dias subiu 1,5 ponto percentual em um ano, atingindo 4,3%. Ao mesmo tempo, em relação ao mesmo trimestre de 2021, o índice de cobertura caiu 56,7 pontos percentuais. 

A carteira de crédito expandida terminou o ano passado em R$ 891,9 bilhões, avanço de 9,8% na comparação anual e crescimento de 1,5% ante o terceiro trimestre.

A carteira de crédito para pessoas físicas, a mais arriscada, voltou a ganhar protagonismo e representou pouco mais de 40% do portfólio total do banco. O cartão de crédito saltou 27%, sendo responsábel por quase 20% de tudo o que se refere às pessoas físicas.

Como o crescimento do banco pautado em crédito de risco, a qualidade do ofertado foi por água abaixo e o NPL de 90 dias do Bradesco agora se assemelha à do Nubank, que tem seu portfólio totalmente alocado em pessoas físicas. 

Além disso, o guidance de 2022 não foi atingido para a carteira de crédito e PDD expandida, que inclui baixas contábeis em aplicações financeiras. No ano passado, a estimativa de margem com clientes foi superada, com a reprecificação dos empréstimos ao longo da alta da taxa de juros. 

Para 2023, o banco não informou a estimativa para margem com clientes, diferentemente do que fez no ano passado, e o restante das projeções é pouco animador. A carteira de crédito deve crescer abaixo de 10%, enquanto a PDD expandida deve ser ainda maior do que o ano passado, de no mínimo R$ 36,5 bilhões.

Como as ações do Bradesco devem reagir

Assim como em reação ao balanço do terceiro trimestre, as ações do Bradesco devem ter um dia negativo no pregão desta sexta-feira. As ADRs (recibos de ações de empresas brasileiras negociadas no exterior) operam em queda de 9% na pré-abertura de Nova York.

*O Pré-Trade é publicado diariamente pela Agência TradeMap, sempre antes da abertura da Bolsa, e se propõe a indicar como investidores podem reagir no pregão em reação a alguma notícia ou fato novo que tenha relação com uma ação específica em sua carteira. O conteúdo se destina a fins informativos e não deve ser interpretado como nenhum tipo de recomendação de investimentos.

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