Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Pra cima! Assaí (ASAI3) e Arezzo (ARZZ3) batem o Ibovespa em 12 meses; confira outras

Todas as dez ações de energia integrantes do principal indicador da Bolsa tiveram resultado positivo em 12 meses

Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro

Em um ano de adversidades, com o impacto da guerra da Ucrânia e lockdowns na China, as ações de empresas listadas na bolsa brasileira não tiveram um desempenho de gala, pelo contrário, fizeram investidores passar noites sem dormir.

Em cenários como esse, os papéis tendem a ser mais voláteis, uma vez que a insegurança do investidor é maior. Isso ocorre porque o contexto mais conturbado dificulta a previsão dos futuros fluxos de caixas das empresas, que podem serem impactados negativamente ao longo do período.

O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, acumula alta de 6,47% em 12 meses, até a segunda-feira (28), e de 5,74% em 2022. O bom desempenho foi impulsionado pelas gigantes Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3), que subiram 30% e 76%, respectivamente, no período.

A alta do indicador não significa, portanto, que houve uma performance positiva para todas as integrantes do indicador. Segundo levantamento feito pelo TradeMap, das 92 ações que fazem parte do Ibovespa, apenas 35 – o equivalente a 38% – tiveram desempenho superior ao índice no acumulado de 12 meses.

Dentre os 403 papéis de empresas listadas na B3, inclusas no levantamento, 145, ou 36% do total, tiveram desempenho positivo, e apenas 123 (30%) superaram o principal indicador da Bolsa.

As empresas ligadas direta ou indiretamente ao varejo respondem pelas dez piores performances.

Os setores atrelados ao consumo foram bastante afetados pela queda do poder de compra da população. Juros e inflação elevados restrigem as vendas e, assim, impactam as receitas de empresas.

Dessa forma, as companhias que têm operações mais sensíveis às oscilações macroeconômicas, como varejistas e construtoras, tendem a ser prejudicadas.

Fora da curva

As exceções ficaram por conta de Assaí (ASAI3), atuante no segmento chamado de “atacarejo”, e Arezzo (ARZZ3), varejista de calçados, foram os destaques positivos do setor. Dentre as 12 empresas que atuam na área e fazem parte do Ibovespa, apenas essas duas superaram o índice.

A varejista alimentar oferece produtos essenciais para o dia a dia da população, enquanto a calçadista tem produtos focados nas classes média e alta.

Sendo assim, os custos da inflação são repassados para os produtos sem que haja uma queda brusca na demanda. Considerando as especificidades, essas empresas tiveram melhor poder de precificação.

E, levando isso em conta, a geração de caixa deve ser mantida e os retornos devem seguir dentro das projeções feitas pelos analistas.

Assaí

A menor oscilação do fluxo de caixa inspira confiança para os investidores, mas não só isso. O Assaí, por exemplo, está em um momento de expansão das operações. No terceiro trimestre, converteu 14 hipermercados em atacarejos, além de ter aberto 44 lojas em 12 meses, até o terceiro trimestre.

Apesar do aumento nos custos operacionais e despesas com juros entre julho e setembro, a companhia deve ver queda progressiva e assim obter melhores margens. O Assaí projeta um faturamento de R$ 100 bilhões em 2024, valor 120% superior ao registrado no ano passado 2021.

Veja mais:
Assaí (ASAI3) registra queda no lucro, mas cenário é otimista; veja qual será a reação das ações 

Além disso, pelo fato de o atacarejo ter custos menores, o segmento consegue oferecer produtos por preços mais baixos. Dessa maneira, as margens acabam sendo parecidas, mas o volume de vendas é maior.

Arezzo

Já a Arrezo é uma referência quando se fala em crescimento, tanto com investimentos em expansão de lojas próprias, quanto na aquisição de outras marcas.

Neste ano a empresa projetou abertura entre 70 e 90 lojas. Do total, 33 lojas foram abertas até o terceiro trimestre, o equivalente a 41%. Mas as inaugurações tendem a acelerar neste último trimestre do ano, afirmou o CEO da empresa, Alexandre Birman, em encontro com investidores realizado no dia 10 de novembro.

Para 2023, a empresa deve focar a consolidação das novas marcas, principalmente no segmento de vestuário, como a Carol Bassi. A Arezzo deve se empenhar para abrir mais lojas próprias e aumentar volume das vendas online para conquistar maior fatia de mercado.

O indicador de preço/lucro (P/L) da companhia, que está em 22 vezes de acordo com dados do TradeMap, mostra o quanto o investidor está disposto a pagar pelo lucro da ação.

Apesar de o papel aparentar estar caro, o P/L aponta que o investidor pode estar otimista, à espera de maiores lucros no futuro.

Varejo é a baixa do momento

Entre os dez piores desempenhos no acumulado de 12 meses, considerando as integrantes do Ibovespa, seis são varejistas, além da Méliuz (CASH3), que atua com cashback (devolução de um percentual do valor da compra) e depende do volume de vendas do setor varejistas para lucrar.

Nessa lista, está o “trio parada dura” do varejo de móveis e eletrodomésticos, Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3), com quedas de 59%, 63% e 67%, respectivamente.

Além do menor volume de vendas gerado no período, impactado pela Selic elevada, a alta necessidade de capital de giro leva o segmento a captar mais dívidas. O aumento das despesas com juros acaba afetando o lucro das empresas.

Outro ponto é que os resultados das varejistas, no geral, são altamente influenciados pela inflação. Uma inflação elevada, de 6,47% no acumulado do ano, até outubro, reduz o poder de compra do consumidor e isso reduz o volume de compras, principalmente, de itens não essenciais.

Concorrência

Por fim, a tecnologia do e-commerce elevou a competitividade do segmento com a entrada de players estrangeiros, o que pressionou os preços dos produtos, comprometendo a rentabilidade.

A esperança das empresas era a melhora no cenário macroeconômico. Mas o cenário continuou nebuloso, principalmente pela indefinição em relação ao cenário fiscal do país.

A indefinição da PEC de Transição, defendida pelo governo eleito e que ainda deverá começar a tramitar no Congresso, gerou incertezas e fez com que a expectativa de queda da curva de juros voltasse a ser alta.

A partir desse cenário, a possibilidade de as varejistas gerarem menos caixa leva os investidores a fugir dos papéis, uma vez que o retorno tende a ser menor no futuro.

Para piorar, a Black Friday, data promocional de vendas realizada em novembro, não teve o resultado esperado no varejo de eletrodomésticos. O segmento apresentou faturamento 3,6% inferior ao do ano passado, enquanto as outras varejistas se saíram bem, de acordo com dados do ICVA (Índice Cielo do Varejo Ampliado).

Leia também:
Black Friday de 2022 pode ter sido a pior de todas e mostra que a vida do varejo não está fácil

De olho no investimento

Muitos investidores tomam decisão a partir de conselhos e bochichos a espera de qual seria a “nova Magalu”, mas investir em ações pode não ser tão simples assim.

Poucos papéis tiveram desempenho acima da inflação. Além disso, é importante considerar o custo de oportunidade. Um investimento em renda fixa pode ter melhor relação risco e retorno que um de renda variável, por exemplo.

No acumulado de 12 meses, 70% das ações não superaram a inflação acumulada até outubro de 6,47%, e 76% não bateram o CDI de 13,65% do período.

Isso indica que a maior parte das ações estaria fazendo o investidor perder dinheiro no curto prazo.

Energia à toda

Um destaque fica com o setor de energia elétrica, no qual as dez ações integrantes do principal indicador da Bolsa tiveram resultado positivo em 12 meses, e nove superaram desempenho do Ibovespa.

Para momentos em que o mercado anda agitado, o investidor pode optar por aqueles papéis que são mais resilientes e menos voláteis, dos chamados setores perenes.

As empresas dessas áreas oferecem produtos que fazem parte do dia a dia do consumidor, muitas delas de necessidades básicas, como energia elétrica, saneamento, bancário e telecomunicação, entre outros.

Dentre as dez empresas de energia que fazem parte do Ibovespa, dez têm valorização no acumulado de 12 meses, e apenas uma perde para a inflação, segundo o levantamento do TradeMap.

Como bem sabido pelo mercado, energia elétrica é um setor defensivo, que passa mais segurança para o investidor em momentos de incertezas.

Isso ocorre porque as receitas das elétricas são previsíveis e os preços da energia vendida, reajustados a partir da inflação.

Essa estabilidade da receita e previsibilidade dos fluxos de caixas futuro chamam a atenção do mercado quando o se quer evitar surpresas desagradáveis.

ETFs

Outra saída são investimentos em ETF (Exchange Traded Funds), que funcionam como uma cesta de investimentos no qual tem diversas ações inclusas no pacote.

Os ativos são diversificados, o que reduz o risco não sistemático, além de as taxas de administração cobradas serem menores que os fundos de investimentos.

Para o investidor que não tem conhecimento do mercado financeiro ou tempo para acompanhar seus investimentos de perto, pode ser uma alternativa.

*O Pré-Trade é publicado diariamente pela Agência TradeMap, sempre antes da abertura da Bolsa, e se propõe a indicar como investidores podem reagir no pregão em reação a alguma notícia ou fato novo que tenha relação com uma ação específica em sua carteira. O conteúdo se destina a fins informativos e não deve ser interpretado como nenhum tipo de recomendação de investimentos.

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Fique por dentro das principais notícias do mercado. Assine a nossa TradeLetter