O preço dos contratos futuros do petróleo caiu para menos de US$ 90 por barril, voltando a níveis observados pela última vez em meados de outubro. E a queda tem a ver tanto com a perspectiva de desaceleração econômica quanto com sinais de demanda mais fraca pela commodity.
Por volta das 10h30, o preço do petróleo tipo Brent – que serve como referência para o mercado internacional – caía 1,9% no mercado futuro da ICE (Intercontinental Exchange), para US$ 88,03 por barril.
A desvalorização do petróleo não aconteceu de uma hora para a outra. Ela vem ocorrendo desde o início do mês, depois de o valor do barril ter se aproximado de US$ 99, em 4 de novembro.
Naquele dia, havia otimismo no mercado em relação à possibilidade de a China afrouxar as medidas de contenção da Covid-19 e, com isso, remover um dos obstáculos ao aumento da demanda pela commodity.
Na sequência, porém, surgiram dúvidas sobre a velocidade desse relaxamento, e o mercado também começou a incorporar ao cenário a hipótese de os juros dos Estados Unidos continuarem subindo por mais tempo.
A alta de juros na maior economia do mundo age como um freio na atividade global. Quanto mais as taxas aumentam, maior a desaceleração no crescimento.
E uma parte deste efeito negativo pode ter começado a se manifestar no mercado físico de petróleo, segundo o banco holandês ING.
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A instituição disse que, no caso do Brent, o preço do barril de petróleo para pronta entrega está somente US$ 1 acima do preço no mercado futuro. No início de novembro, esta diferença era maior, de US$ 1,86, um indício de que o mercado físico estava aquecido.
A mesma coisa acontece com o petróleo WTI, que serve como referência para o mercado americano. O spread, que no começo deste mês era de US$ 1,18, caiu para US$ 0,30.
“Este enfraquecimento do mercado é uma surpresa, particularmente porque estamos vendo a Opep+ reduzir a oferta”, afirmou o ING em relatório, referindo-se à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e países aliados, como a Rússia.
O grupo anunciou em outubro que diminuiria a produção, e há expectativa de que faça isso novamente em dezembro.
Para a corretora PVM, os preços do petróleo ainda podem se recuperar nos próximos dias porque o mercado mundial está mais inclinado ao apetite por risco.
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Além disso, a perspectiva é a de que o mercado fique mais aquecido a partir do mês que vem. Em dezembro, a Europa adotará um embargo aos barris vindos da Rússia, e em fevereiro deixará de comprar combustíveis do país. Com isso, a demanda por petróleo vindo de outras regiões do mundo deve crescer.
A PVM, porém, alerta que o valor do barril deve continuar pressionado pela perspectiva de baixa procura por petróleo na China.
“As restrições chinesas contra a Covid são um obstáculo comparativamente forte para qualquer melhora na demanda por petróleo. O consumo fraco na China se manifesta na queda da demanda doméstica por petróleo russo e saudita. Na verdade, achamos que este é o maior motivo pelo qual o mercado de petróleo não compartilhou do entusiasmo visto no mercado de ações”, acrescentou.