PEC da Transição na CCJ e pessimismo nos EUA – veja o que importa hoje

Reunião do Copom começa nesta terça-feira; índices futuros americanos operam próximos à estabilidade

Foto: Shutterstock/NicoElNino

Após um período de otimismo com a possibilidade de a PEC da Transição ser desidratada após negociação do Congresso com o governo eleito, os investidores se desapontaram com o texto que deve ser votado hoje na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.

Segundo os principais jornais, o acordo foi para manter a proposta original de R$ 198 bilhões em espaço para despesas no Orçamento fora do teto de gastos, com a retirada pelo menos do Bolsa Família do mecanismo pelo período de dois anos – o texto original previa quatro anos.

O mercado vinha contando com um cenário em que a proposta autorizasse R$ 150 bilhões de gastos fora do teto, que prevê o aumento de despesas no limite da inflação. Ontem, o Ibovespa tombou e o dólar subiu com a perspectiva de se concretizar um cenário de quase R$ 200 bilhões fora da âncora fiscal.

Nesse contexto, a expectativa é que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que se reúne entre hoje e amanhã, solte um comunicado duro nesta quarta (7): os juros estão mantidos em 13,75% ao ano, mas o colegiado pode postergar o início dos cortes na taxa em 2023 ou mesmo subir a Selic, se necessário.

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A PEC foi pautada para ser apreciada a partir das 9h30 de hoje na comissão, onde precisa de 14 votos, e entrou na pauta da sessão de amanhã no plenário do Senado, casa na qual o texto depende de 49 votos em dois turnos de votação. Na semana que vem, a proposta será levada à Câmara.

Por que isso importa?

Quando o risco de descontrole das contas públicas de um país se eleva, investidores passam a pedir taxas de juros maiores lá na frente para comprar seus títulos públicos – ou, de forma mais simples, para emprestar dinheiro ao governo. Isso tende a reduzir o valor das ações de empresas negociadas em Bolsa e a desvalorizar o real. 

Pessimismo nos EUA e China

Lá fora, o pessimismo também dominou as bolsas americanas ontem, o que ajudou no tombo do mercado brasileiro. Nesta segunda (5), foi divulgado que o PMI (índice de gerente de compras) de serviços nos Estados Unidos subiu em novembro em vez de cair, como esperavam analistas.

O dado se somou ao payroll (relatório sobre o mercado de trabalho americano) forte divulgado no final da semana passada, reforçando o temor de que o Federal Reserve será obrigado a subir os juros dos EUA por mais tempo para conter a inflação impulsionada pela atividade aquecida.

Também no cenário externo, investidores estão de olho na China, à espera de uma reabertura mais significativa das restrições à mobilidade impostas para combater a disseminação da Covid-19. De acordo com a agência de notícias Reuters, mais medidas de flexibilização devem ser anunciadas amanhã.

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Por volta das 8h15 desta terça, os índices futuros americanos operavam próximos da estabilidade: o Dow Jones caía 0,04%, o S&P 500 recuava 0,01% e o Nasdaq ganhava 0,09%. O índice europeu Euro Stoxx 50 estava em queda de 0,20%.

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