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Relaxamento das restrições abre oportunidades em China, mas risco é regulação do governo

Shangai Composite Index acumula alta de 19% no mês, mas no ano tem perdas de 11,8%

Foto: Shutterstock/chayanuphol

A decisão do governo da China de flexibilizar as medidas sanitárias da política de “Covid zero” abre oportunidades nas empresas do país, com os analistas apostando em uma recuperação mais forte da economia. Só neste mês, o Shangai Composite Index acumula alta de 1,9%, mas no ano cai 11,8%.

Assim como ocorreu em outras regiões do mundo, a expectativa é que a reabertura da economia impulsione o consumo e serviços internos e por isso essa corrida às ações chinesas. O problema, no entanto, é a ingerência do governo chinês.

Fernando Fenolio, economista-chefe da gestora WHG Investimentos, acredita que a recuperação da China ficará mais clara a partir do segundo trimestre de 2023, mas lembra que os investidores começam a se posicionar, ou seja, comprar ativos, antes.

“Estamos mais comprados em ativos chineses, em especial renda variável, basicamente pela perspectiva de reabertura. Acreditamos que 2023 vai ser um ano de reaceleração na China e o mercado está antecipando”, diz.

A gestora tem um fundo (WHG Fundo Macro) dedicado à China que investe em renda variável, renda fixa e moedas. Cerca de 60% da carteira, atualmente, está em ativos de renda variável.

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Outros 20% estão aplicados em moeda chinesa, com a expectativa de valorização da divisa, e o restante em renda fixa.

Fenolio vê como seguro o investimento em títulos soberanos chineses, mas pondera que, assim como ocorreu em outros países, a China pode elevar os juros para lidar com a inflação da reabertura, o que torna menos vantajosa a renda variável nesse cenário – tudo feito por meio de ETFs de índices.

“Uma das consequências da reabertura é gerar um pouco mais de inflação, então a taxa de juros tende a subir. A renda fixa vai performar pior, então preferimos ter mais renda variável”, conta.

Recuperação não linear

Essa recuperação da economia chinesa, no entanto, não será linear. O economista da WHG espera que o aumento o aumento de casos da Covid-19 possa levar à retomada de eventuais restrições ou interrupções nas cadeias de fornecimento, mas apenas no curto prazo.

Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a China deve apresentar um crescimento de 3,2% em 2022, ante 8,1% no ano passado e 2,2% em 2020.

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Além de uma recuperação não linear, outro risco nesse processo de recuperação é a atuação do presidente Xi Jinping em seu terceiro mandato.

“Na economia, ele escolheu pessoas mais fiéis a ele, talvez com qualidade técnica pior, então ao longo do tempo pode tomar algumas decisões políticas menos pragmáticas”, diz.

Risco e retorno elevados

Risco similar vê Rodrigo Knudsen, gestor da Empiricus Investimentos, para quem esse é um risco que não pode sair do radar do investidor.

“Temos que lembrar que o governo acabou com o setor de educação na Bolsa de um dia para outro. É um risco alto, então precisa ter um retorno elevado”, lembra.

Em julho do ano passado, o governo chinês fez uma intervenção em educação, em que as empresas do setor foram convertidas em organizações sem fins lucrativos. Os investidores que tinham ações dessas empresas viram os papéis virarem pó.

Mas feita a ressalva, Knudsen reconhece que a reabertura da China será o grande tema da economia global em 2023. “É essa reabertura que pode reduzir a intensidade das recessões em outras regiões”, diz.

E com base nos processos de reabertura anterior, o gestor espera que a demanda reprimida cause um efeito inflacionário, o que pode beneficiar as commodities.

“A China tem muitas incertezas regulatórias, então prefiro trabalhar de forma indireta, como com minério e petróleo”, explica.

Ainda assim, a Empiricus tem um fundo chamado Tech Asia, que atualmente investe entre 40% e 50% em empresas da China. Essa fatia já passou dos 70%, mas foi reduzida devido a essas incertezas.

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