Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

MSCI e FTSE Russell retiram Rússia de índices de mercados emergentes; saiba qual impacto para ações no Brasil

Itaú estima que o fluxo para o mercado de ações no Brasil com a retirada da Rússia do MSCI EM Index deve ser de US$ 1,34 bilhão

A MSCI Inc e o FTSE Russell, responsáveis pelos índices de ações que servem de referência para carteiras de fundos globais, anunciaram ontem a reclassificação do mercado de ações da Rússia. Os índices MSCI Rússia serão reclassificados do status de mercado emergente para mercado independente, enquanto o FTSE excluiu as ações listadas na bolsa da Rússia de todos os índices de renda variável.

Essas medidas devem beneficiar o mercado de ações brasileiro, mas os analistas não preveem um grande fluxo para o Brasil, dada a exposição pequena da Rússia nos benchmarks de mercados emergentes.

Em 28 de fevereiro de 2022, a MSCI lançou uma consulta com investidores institucionais internacionais sobre a acessibilidade e a capacidade de investimento no mercado de ações russo. Durante a consulta, a MSCI recebeu feedback de um grande número de participantes do mercado global, incluindo proprietários de ativos, gestores de ativos, corretoras e bolsas de valores.

A maioria esmagadora dos que participaram da consulta consideraram que o mercado de ações russo atualmente descumpre os requisitos mínimos para investimentos – o que, sob a metodologia do MSCI, inclui níveis mínimos de liquidez e de capitalização.

A bolsa da Rússia (MOEX) permaneceu fechada na segunda, na terça e na quarta-feira, e hoje funcionou de forma muito limitada. A restrição serve para impedir a venda em massa das ações do país. Ainda não se sabe se a bolsa funcionará normalmente amanhã, porque a decisão será tomada pelo banco central russo apenas na sexta-feira. A instituição também impôs medidas de controle de capital proibindo investidores estrangeiros de saírem dos investimentos em ativos na Rússia.

Com isso, os papéis russos devem ser removidos dos índices MSCI de Mercados Emergentes a partir de 9 de março, segundo a MSCI. A Rússia representava 1,47% do índice de mercados emergentes  MSCI EM Index. Esse índice é replicado por fundos de ações passivos, e serve de referência para as carteiras ativas que investem nesses mercados.

O Brasil representava, em 2 de março, 4,97% do índice, tendo reduzido a exposição nos últimos anos em função da desvalorização das ações frente a seus pares. Em 2021, o Ibovespa caiu 11,93% e teve uma das piores performances entre as bolsas mundiais.

A China tem hoje o maior peso no índice, respondendo por 31,81%, seguida por Taiwan (16,17%), Índia (12,22%) e Coreia do Sul (12,20%).

O Itaú Unibanco calcula que a decisão deve gerar uma saída de US$ 5,9 bilhões de investidores passivos e US$ 21,2 bilhões de investidores ativos, que não seguem os índices, dos papéis russos.

O FTSE Russell também anunciou que vai retirar as ações listadas na bolsa da Rússia de todos os índices de renda variável e que o mercado russo será rebaixado para “não classificado”. A medida começa a valer a partir de 7 de março.

A Rússia representava 1,3% do índice FTSE Russell Emerging Markets Index em 28 de fevereiro, segundo relatório do FTSE Russell, enquanto o Brasil respondia por 6,34% do índice.

Segundo o FTSE Russell, após a consulta aos participantes de mercado e de acordo com a Regra 2.1 da Política do Índice FTSE Russell o fato de os investidores não poderem negociar os ativos levou à mudança de classificação do mercado russo.

“Uma vez que as negociações regulares sejam retomadas no MOEX e todas as restrições aos investidores não residentes tenham sido levantadas, o mercado não será reincluído nos índices globais padrão FTSE Russell automaticamente, mas o status do mercado será reavaliado como parte do processo FTSE Equity Country Classification”, disse o FTSE em comunicado.

Em 1º de março, a gestora europeia Nordea Asset Management, que tem US$ 325,35 bilhões sob gestão, anunciou que pretende vender todos os ativos russos em carteira incluindo títulos do governo, ações, títulos de dívida de empresas e investimentos alternativos.

Saída da Rússia do MSCI aumenta fluxo para Brasil

O Itaú BBA estima que o fluxo para o mercado de ações da América Latina, que representa 9,33% do índice MSCI EM Index, com a retirada da Rússia do benchmark deve ser ao redor de US$ 2,12 bilhões. Isso poderia resultar em uma entrada de US$ 1,34 bilhão para o Brasil, estima o banco, sendo US$ 292 milhões de fundos passivos e US$ 1,05 bilhão de fundos ativos.

O Credit Suisse elevou, em 1º de março, a recomendação para uma lista de mercados emergentes que inclui o Brasil  para “overweight” (acima da média do mercado) dentro da estratégia global. Além do Brasil fazem parte dessa lista Rússia, Turquia,  Malásia, África do Sul, México, Coreia do Sul, Tailândia, Taiwan, Indonésia, China e Índia.

No caso do Brasil, o banco destacou que a recente valorização do real, que sobe 10,4% no ano, e alta das commodities devem beneficiar o desempenho do País, contribuindo para a melhora da conta corrente e da inflação.

A Infinity Asset avalia que o Brasil será beneficiado pela exclusão da Rússia dos índices MSCI de mercados emergentes, mas destaca que a inflação continua sendo um desafio para o país, dado o impacto do conflito na Ucrânia nas commodities. “Nosso benefício é relativo, pois viria do equilíbrio deste possível fluxo de capital valorizando o real”, diz em relatório.

Para o Itaú BBA, a região da América Latina enfrenta alguns riscos, principalmente políticos com eleições e reformas na constituição.

Segundo o Itaú, a bolsa brasileira negocia a múltiplo de preço/lucro projetado de 7 vezes, abaixo da média da América Latina de 8,7 vezes, e muito abaixo de pares emergentes como Índia (20,7 vezes), Arábia Saudita (19 vezes) , Taiwan ( 14 vezes) e China (11 vezes). “Acreditamos que com o atual ambiente geopolítico, a atenção dos investidores deve se voltar para a região da América Latina, que não somente oferece valuations baratos, mas está negociando abaixo da média histórica”, diz o Itaú BBA.

O BTG Pactual também acredita que apesar da alta de 11% no ano, o mercado brasileiro continua atrativo, mesmo com o aumento da taxa de juros real de longo prazo, que estava em 5,7% no fim de fevereiro.

O mercado de ações no Brasil tem sido beneficiado pela migração do fluxo de recursos estrangeiros de empresas de crescimento, mais impactadas com aumento da taxa de juros, para papéis de valor, como bancos e commodities, ativos que têm se valorizado ainda mais após a invasão da Rússia à Ucrânia.

Em fevereiro, houve uma entrada líquida de investimentos estrangeiros na bolsa de R$ 28,8 bilhões, após recorde de R$ 32,5 bilhões em janeiro.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.