Reforçando os receios de um período difícil pela frente para a economia global, a Eurostat, escritório de estatística da Zona do Euro, informou na manhã desta quarta (31) que a inflação na região atingiu um novo recorde em agosto, acelerando para 9,1% em 12 meses.
Esse é o maior patamar da história do bloco comercial, que foi criado em 1999, indicando que a Europa pode estar no caminho de uma há até pouco tempo impensável alta de preços de dois dígitos.
Como resultado, ganham força as apostas de que o Banco Central Europeu, às vésperas de um inverno com fornecimento limitado de energia por causa da guerra na Ucrânia, precisará subir os juros em 0,75 ponto percentual no mês que vem.
Esse é o mesmo aumento agressivo que está sendo precificado pela maior parte do mercado para a reunião de política monetária do Federal Reserve, banco central dos EUA, também em setembro, cenário que vem derrubando as bolsas americanas (e contaminando o Ibovespa) desde o final da semana passada.
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Após a divulgação do dado, as principais bolsas europeias caem nesta manhã. Por volta das 7h20, o Euro Stoxx 50, principal índice europeu, estava em queda de 0,80%. Após queda dos índices à vista ontem, os futuros americanos operam mistos: o Dow Jones está em queda de 0,12%, o S&P 500 está em leve alta de 0,02% e o Nasdaq sobe 0,38%.
Nos Estados Unidos, as bolsas estão à espera da divulgação do relatório ADP de empregos no setor privado em agosto, que sai às 9h10 e que deve mostrar a criação de 310 mil vagas neste mês. Um mercado de trabalho aquecido por lá pode reforçar as expectativas de um aumento maior de juros pelo Fed.
Por que isso importa?
Juros altos por mais tempo são uma má notícia para os mercados de ações. Com taxas maiores, a renda fixa costuma ganhar vantagem entre os investidores em relação à renda variável. O temor também é de que uma política monetária restritiva leve a economia global a uma recessão.
Desemprego e fiscal
Por aqui, o mercado acompanha logo mais, às 9h, a divulgação da taxa de desemprego de julho, que será informada pelo IBGE. A expectativa é de uma nova melhoria do mercado de trabalho, com o percentual de desocupados voltando a recuar para um patamar próximo dos 9% em meio à reabertura da economia. A taxa anterior, de junho, ficou em 9,3%.
Na segunda (29), o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de julho mostrou que o emprego com carteira assinada continua bastante aquecido, com a criação de 218,9 mil postos de trabalho formais.
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Os investidores acompanham ainda a publicação, às 9h30, da nota fiscal pelo Banco Central, que mostrará o resultado primário do setor público (União, estados, municípios e estatais) em julho.