Commodities caem e derrubam Ibovespa, que fecha em baixa de 1,69%

Dia também foi negativo no exterior, em meio a preocupações sobre política monetária

Foto: Shutterstock

Pressionado pela queda das commodities no mercado internacional, o Ibovespa fechou o pregão desta terça-feira (30) em baixa de 1,69%, aos 110.430 pontos, com R$ 19,72 bilhões em volume negociado.

A baixa de hoje, porém, não foi suficiente para anular os ganhos do Ibovespa no mês e no ano. Desde o começo de agosto, o índice acumula alta de 7,04%, enquanto a valorização desde o início de 2022 é de 5,35%.

O dia também foi negativo para as Bolsas estrangeiras. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 1,1%, o Dow Jones caiu 0,96% e o Nasdaq perdeu 1,12%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou em queda de 0,24%.

Política monetária ainda faz preço

A queda das Bolsas estrangeiras segue pautada pela política monetária. Desta vez, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) de Richmond, Thomas Barkin, reiterou os esforços do órgão para conter a inflação, com o alerta de que o processo pode não ser tranquilo.

O tema vem pressionando os mercados há algum tempo. Na última sexta, a sinalização do presidente do Fed, Jerome Powell, de que os juros dos EUA permanecerão em patamar alto por mais tempo foi um choque de realidade para os mercados.

Em dados econômicos, nos EUA, o índice de confiança do consumidor avançou de 95,3 pontos em julho para 103,2 pontos em agosto, acima das expectativas do mercado. O relatório de empregos Jolts, por sua vez, apontou a criação de 11,239 milhões novas vagas de trabalho nos EUA em julho, acima da projeção de consenso compilada pela Bloomberg de 10,4 milhões.

Na Europa, o mercado repercute ainda a divulgação da taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Alemanha, que atingiu 7,9% em agosto, ante 7,5% em julho.

Por aqui, o IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas nesta terça-feira, caiu 0,7% neste mês, bem mais do que o esperado pelo mercado, que acreditava em uma deflação de pouco mais de 0,5%.

Como previsto, o desempenho foi influenciado pela queda no preço de combustíveis (com a redução do ICMS pelos estados e mais recentemente a redução de preços de combustíveis pela Petrobras), mas a surpresa veio da continuidade de fortes recuos de itens como milho, trigo e carne.

Commodities exercem pressão adicional

Além da performance das Bolsas estrangeiras, uma das principais responsáveis por pressionar o Ibovespa foi a Petrobras, que figurou entre as maiores baixas do índice diante da forte queda da cotação do petróleo. No fechamento, o papel preferencial da estatal (PETR4) tinha baixa de 5,95%, e o ordinário (PETR3), de 5,64%.

O Brent fechou em baixa de 4,95%, ao US$ 97,84 por barril, reagindo a rumores de que a Opep+ (Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados) não deve discutir um corte de produção em sua próxima reunião.

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As outras petrolíferas também caíram em bloco, com Prio (PRIO3) em baixa de 1,32% e 3R Petroleum (RRRP3) com perdas de 1,59%.

O minério de ferro, por sua vez, fechou em baixa de 5,01% na Bolsa de Dalian, a US$ 98,67 por tonelada, em meio a sinais de que a crise na indústria siderúrgica chinesa está se ampliando e a receios de retorno de lockdowns à medida em que novos casos de Covid-19 são registrados ao redor do país.

Com isso, as mineradoras e siderúrgicas brasileiras caíram em bloco, com destaque para CSN Mineração (CMIN3), CSN (CSNA3) e Vale (VALE3), com perdas de 4,49%, 3,17% e 2,9%, respectivamente.

Outros destaques do pregão

Apesar de as ações ligadas a commodities serem as principais responsáveis pela queda do Ibovespa, os papéis que mais caíram no pregão de hoje foram os de CVC (CVCB3), IRB (IRBR3) e Gol (GOLL4), com perdas de 8,15%, 7,53% e 6,22%, nesta ordem.

O IRB divulgou a venda do edifício onde está localizada sua sede, no Rio de Janeiro, em sua primeira ação para recompor os níveis de capital e voltar a cumprir os critérios regulatórios, conforme exigência da Susep (Superintendência de Seguros Privados).

“A conclusão do processo de alienação do referido imóvel é parte da estratégia de otimização da estrutura de capital da companhia, na contínua melhoria de suas despesas administrativas e operacionais, bem como na adequação de seus escritórios ao atual modelo de trabalho híbrido”, explicou a companhia, em comunicado ao mercado.

Fora do Ibovespa, a Oi (OIBR3) despencou 7,02%. A companhia informou, na noite desta terça-feira (29), que adotará medidas para que suas ações voltem ao patamar de R$ 1. A companhia prometeu enviar uma proposta de grupamento de ações para ser votada em assembleia até o fim do ano.

Na outra ponta, as maiores altas do índice foram de Localiza (RENT3),  Positivo (POSI3) e Vibra (VBBR3), com avanços de 1,43%, 1,04% e 0,74%, respectivamente. A alta da Localiza vem depois de o Morgan Stanley elevar sua recomendação para a ação de neutra para compra, e o preço-alvo de R$ 66 para R$ 77, citando as sinergias positivas e a posição de liderança da companhia após a fusão com a Unidas.

Criptomoedas

O Bitcoin (BTC) conseguiu resistir na faixa de US$ 20 mil em mais um dia de perdas no mercado e com os investidores ainda digerindo os próximos passos da política monetária americana.

O clima de insegurança deve pressionar os humores até que novos dados da maior economia do mundo apontem se a alta dos juros está surtindo efeito ou se a autoridade monetária vai precisar de aumentos mais agressivos.

Por volta das 16h50, o BTC operava perto da estabilidade, com leve queda de 0,4%, negociado a US$ 20.197, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

Se decolando do resto do mercado, o Ethereum (ETH) operava no campo positivo, com alta de 1,5%, a US$ 1.564.

Mais cedo, a segunda maior cripto do mercado chegou a valorizar 10% com investidores ainda alimentando a expectativa para a atualização da rede, marcada para 15 de setembro.

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