Ibovespa tenta subir com Petrobras (PETR4), mas cai 0,3%, aos 116.896 pontos, pressionado pelo Fed

Pressionado pela decisão de política monetária nos Estados Unidos, que pesou sobre as Bolsas americanas, o Ibovespa tentou subir com os ganhos das ações da Petrobras (PETR4; PETR3), mas fechou em baixa de 0,03%, aos 116.896 pontos.

Com a baixa de hoje, o índice agora soma ganhos de 0,74% no mês de novembro, enquanto a valorização acumulada do ano é de 11,52%.

A diminuição das quedas do Ibovespa ocorreu em meio a rumores de que o conselho de administração da Petrobras anunciaria o pagamento de dividendos. Minutos mais tarde, a B3 interrompeu a negociação das ações da petroleira para a divulgação de um fato relevante, que confirmou os boatos e anunciou a distribuição de R$ 3,3489 por ação.

Na sequência, o Ibovespa virou para alta, ajudado pelas ações da estatal: as preferenciais (PETR4) tiveram avanço de 0,3%, enquanto as ordinárias (PETR3) subiram 0,27%.

O anúncio vem horas antes da divulgação do balanço da companhia para o terceiro trimestre, após o fechamento. “O valor da distribuição ultrapassa os R$ 43 bilhões e reforça nossa expectativa quanto aos resultados da companhia neste terceiro trimestre”, afirmaram analistas da Ativa Research, em comentários ao mercado.

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Fed limita alta

A alta do Ibovespa, no entanto, foi limitada pela reação dos mercados à decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) de elevar as taxas de juros e às subsequentes declarações do presidente do órgão, Jerome Powell.

O banco central cumpriu o roteiro imaginado pelo mercado, ao elevar os juros americanos em 0,75 ponto percentual e indicar uma desaceleração no ritmo de alta das taxas a partir das próximas reuniões. Depois da decisão, contudo, Powell surpreendeu os investidores e jogou um balde de água fria no otimismo do mercado.

Em resumo, Powell afirmou que o mais importante agora não é pensar no ritmo de aumento, mas sim no nível final das taxas de juros. Disse ainda que o limite para o final do ciclo de alta aumentou desde a reunião anterior do Fed, e ficou mais perto de 5% do que dos 4,6% sinalizados da última vez.

Powell ainda ressaltou que não é possível vislumbrar o final do ciclo atual de aperto, que tem como objetivo combater a maior alta de preços em quatro décadas. Em outras palavras, indicou que o ritmo de alta de juros vai desacelerar, mas que o processo de elevação das taxas americanas pode durar mais tempo.

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Neste contexto, o S&P 500 fechou em baixa de 1,06%, o Dow Jones caiu 0,46% e o Nasdaq recuou 1,73%. Na Europa, enquanto isso, o índice Euro Stoxx 50 somou perdas de 0,8%.

Também do lado negativo, o governo da China reafirmou seu compromisso em combater a disseminação de Covid-19, jogando um balde de água fria sobre as perspectivas de que o país abrandaria sua política de tolerância zero ao vírus.

Na esteira das notícias, o petróleo tipo Brent fechou em baixa de 1,55%, a US$ 94,67 por barril, enquanto o minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian teve alta de 1,12%, para US$ 86,74 por tonelada.

Ruídos políticos

No âmbito doméstico, o caos político segue tomando conta do noticiário. Na noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo em que pede que seus apoiadores, que bloqueiam estradas ao redor do país em protesto contra o resultado das eleições do domingo (30), liberem as vias.

Associações de diversos setores soltaram notas alertando para risco de desabastecimento de bens, incluindo combustíveis, por todo o país. Além dos bloqueios de estradas, dezenas de milhares de manifestantes apoiadores do presidente se reuniram em frente a quarteis do Exército de diferentes cidades brasileiras pedindo intervenção militar.

“As paralisações nas estradas têm um custo econômico elevado e sinalizam riscos políticos elevados”, escreveu Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Asset, em comentários ao mercado. “A interrupção, por quatro dias, das principais estradas deve afetar a oferta de vens em todas as regiões e a interrupção dos bloqueios pode minimizar esse prejuízo”, completa.

Em Brasília, a equipe de transição para o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comandada por seu vice Geraldo Alckmin (PSB), começa a trabalhar em um encontro com o relator-geral do Orçamento de 2023, Marcelo Castro.

Segundo reportagem do jornal O Globo, o time de Lula estima que será preciso um espaço de R$ 200 bilhões para financiar promessas feitas durante a campanha, como a continuidade do Auxílio Brasil de R$ 600 e o reajuste real do salário mínimo.

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Maiores baixas do pregão

A maior baixa do dia, de 4,38%, foi das ações da São Martinho (SMTO3). Os analistas Régis Chinchila e Luis Novaes, da Terra Investimentos, veem a empresa com uma cadeia de distribuição prejudicada pelos protestos nas estradas brasileiras desde a noite de domingo.

“As ações sofrem com a perspectiva de danos aos resultados em decorrência dos protestos que tomaram a infraestrutura rodoviária nos últimos dias”, comentam os analistas.

Na sequência de baixas aparece a Eneva (ENEV3), que caiu 3,4% após o CEO da empresa, Pedro Zinner, anunciar sua renúncia ao conselho de administração da empresa depois de quase seus anos no cargo.

Em relatório publicado antes da abertura do mercado, o Itaú BBA afirmou que esperava a reação negativa do mercado, avaliando que os investidores podem se questionar sobre os motivos da decisão. “Alguns podem suspeitar que ele não está mais muito otimista com as perspectivas de longo prazo da empresa”, cogita o banco.

Criptomoedas

O mercado de criptoativos segurou a onda de pessimismo que afetou as Bolsas internacionais após tom mais duro do que o esperado do Fed sobre os próximos passos dos juros americanos.

Após operarem no vermelho durante parte do dia, os principais ativos digitais mantiveram o patamar visto antes da decisão monetária nos Estados Unidos e seguem próximos da estabilidade.

Por volta das 16h50, o Bitcoin (BTC) operava em queda de 1%, negociado a US$ 20.299, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) tinha perda de 0,6%, aos US$ 1.548.

Investidores estão à espera dos dados do mercado de trabalho americano em outubro, que serão divulgados na manhã desta sexta-feira (4).

O indicador é um importante termômetro para a maior economia do mundo e pode dar sinais de como as atividades estão reagindo em meio ao aperto monetário promovido no país mais intenso em décadas.