Ibovespa segue bom humor externo e fecha em alta de 0,63%; varejistas disparam

Ações de empresas do varejo liderara os ganhos do índice após meses de queda

Foto: Getty Images

Apesar do crescimento dos temores em torno da aceleração da disseminação global da Ômicron, nova variante do coronavírus, a Bolsa de Valores brasileira seguiu a tendência externa e fechou em alta. O Ibovespa avançou 0,63%, aos 105.554 pontos.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou o dia em alta de 1,39%, renovando seu recorde de fechamento, assim como o Dow Jones subiu 0,98% e o Nasdaq avançou 1,39%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve alta de 0,77% e o DAX, da Alemanha, ganhou 0,5%.

No primeiro dia da última semana do ano, mais curta e marcada por menor liquidez, o principal tema no radar dos investidores foi o avanço da variante Ômicron, que tem se espalhado ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, milhares de voos foram cancelados durante o fim de semana. A China, por sua vez, registrou o maior número de casos de infecção em 21 meses.

Por aqui, pesa ainda a expectativa em torno do impasse relativo ao reajuste salarial dos policiais federais. Na última quinta-feira, 23, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo ainda deverá definir como será utilizado o total dw R$ 1,7 bilhão que havia sido separados no orçamento para o reajuste salarial da categoria.

Nesta manhã, o Banco Central (BC) ainda divulgou a última edição do Boletim Focus de 2021. A projeção para o crescimento do PIB de 2022 foi reduzida novamente, para 0,42%, contra 0,5% na semana anterior. Para o IPCA, as estimativas foram mantidas em 5,03%, enquanto as apostas para a Selic seguiram em 11,5% para o fim do ano que vem.

Destaques do pregão

As maiores altas do Ibovespa partiram hoje de Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Qualicrop (QUAL3), que subiram 9,36%, 8% e 4,92%, respectivamente. Na ponta oposta, Banco Pan (BPAN4), Assaí (ASAI3) e Azul (AZUL4) lideraram as baixas, com perdas de 3,23%, 3,19% e 2,99%.

Considerando a pressão que as varejistas sofreram recentemente, pode ser difícil entender a disparada das varejistas no pregão desta segunda – e, segundo analistas, os papéis foram impulsionados por uma série de fatores distintos.

Em primeiro lugar, Murilo Breder, analista de renda variável da Nu Invest, diz que o próprio fato de os papéis terem sofrido recentemente faz com que eles subam quando há sinais de recuperação na Bolsa.

Outro fator que ajuda as varejistas é uma percepção de melhora na inflação, de acordo com o Focus. “Só o fato de ter parado de subir é um sinal de que talvez o Banco Central possa diminuir a alta do juros, que é um dos fatores que impactaram fortemente as varejistas neste ano, principalmente empresas de crescimento e tecnologia, como é o caso de Magalu”, diz Breder.

O maior motor de alta das ações nesta segunda-feira, porém, parece ter sido a bateria de dados que pintam um cenário mais otimista para o varejo no ano que vem – e que mostram que este fim de ano pode ter sido melhor do que o esperado.

Primeiramente, em termos de e-commerce, dados da empresa de análise Neotrust revelam que, descontando a inflação, houve um crescimento de 7,5% em vendas online no período de Natal deste ano em relação a 2020, alta melhor que a esperada.

Em outra frente, os lojistas de shoppings registraram aumento de 10% nas lojas no período do Natal em relação ao ano passado, segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).

Finalmente, um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que, com menos feriados e emendas no calendário nacional de 2022, o prejuízo do setor com feriados deve ser o menor desde 2014.

Ainda, a Magazine Luiza divulgou um levantamento de R$ 2 bilhões por meio da emissão de debêntures animou o mercado, especialmente considerando a posição atual da empresa, que tem caixa líquido.

“Resumindo a história: ela está comprando o guarda-chuva enquanto ainda está sol, que é o que tem que se fazer mesmo. Tem que captar enquanto ainda não precisa, porque, se você for esperar para captar dinheiro quando realmente precisa, o mercado pode cobrar caro”, diz Breder.

Já no setor fe saúde, a alta da Qualicorp refletiu a redução da pressão sobre a curva de juros. Também no setor, Rede D’Or (RDOR3) teve valorização de 4,83%, cotada a R$ 44,72.

Outro destaque positivo partiu da ação da Positivo (POSI3), que subiu 5,37%, a R$ 10,20, depois de a empresa ter vencido o leilão de fornecimento de urnas eletrônicas para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma licitação com valor total de R$ 1,18 bilhão.

As petroleiras também tiveram um pregão no azul, seguindo a alta nos preços do petróleo (o WTI fechou com ganhos de 2,41% e o Brent, de 3,21%). A PetroRio (PRIO3) figurou entre as maiores altas do índice e teve ganhos de 4,87%, a R$ 20,66, enquanto Petrobras (PETR4) subiu 1,48%, a R$ 28,75.

No vermelho

A baixa da Azul, na visão de Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, está muito relacionada ao avanço da Ômicron na Europa. “Não quer dizer que vai ser igual aqui no Brasil, mas todo mundo fica no temor e isso pesa nos papéis”, diz. A ação da Gol (GOLL4) teve queda de 2,12%, a R$ 18,04.

Ainda, após uma sequência de fortes altas, os papéis de frigoríficos caíram em bloco, impactados pela variação do câmbio, com o dólar fechando a R$ 5,64, queda de 0,42%. A Marfrig (MRFG3) fechou em baixa de 2,02%, a R$ 22,27, a JBS (JBSS3) teve baixa de 0,66%, a R$ 37,47, BRF (BRFS3) perdeu 1,72%, a R$ 22,23, e Minerva (BEEF3) recuou 0,95%, a R$ 10,43.

A Locaweb também ficou entre as principais baixas do índice, com queda de 2%, a R$ 13,21, mesmo depois de a companhia e seus executivos anunciarem a recompra de 5,5 milhões de ações, em uma tentativa de sinalizar ao mercado que a empresa confia no próprio taco.

“Esse movimento mostra que acreditamos muito no potencial da companhia. A decisão de recompra foi unânime e todos os envolvidos na alta gestão apostaram nessa estratégia, pois acreditamos no longo prazo da Locaweb”, afirmou Fernando Cirne, CEO da empresa, em nota.

Em entrevista à Agência TradeMap, o CFO da Locaweb, Rafael Chamas, disse ainda que a recompra de ações também faz parte de um esforço da companhia para reter os seus funcionários. “Queremos que as pessoas trabalhem como acionistas, com a empresa sendo também delas, com espírito de dono”, afirmou Chamas, que disse que uma parte das ações recompradas pela empresa será distribuída a funcionários.

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