Altas de até 7%: entenda o que está por trás da disparada das varejistas

Após meses de pressão de baixa, ações das principais empresas do setor lideram ganhos do Ibovespa

Foto: Divulgação

Depois de passarem os últimos meses com fortes baixas, as ações de varejistas lideram as altas do Ibovespa nesta segunda-feira, 27.

Por volta das 17h, Via (VIIA3) subia 7,33%, a R$ 4,83, seguida de Magazine Luiza, com avanço de 7,10%, a R$ 6,64; Americanas (AMER3), em alta de 3,65%, a R$% 31,85; Lojas Americanas (LAME4), com valorização de 3,44%, a R$ 6,01; e Lojas Renner (LREN3), em alta de 1,24%, a R$ 24,47.

No ano até agora, porém, as varejistas figuram entre as maiores perdas do índice. Até o fechamento do pregão de quinta-feira, 23, Lojas Americanas amargurava perdas de 76,8%, seguida de Magazine Luiza (-73,2%), Via (-70,0%), Americanas (-57,8%) e Lojas Renner (-37,4%).

Considerando a pressão que as ações sofreram recentemente, pode ser difícil entender a disparada das varejistas no pregão de hoje – e, segundo analistas, os papéis são impulsionados por uma série de fatores distintos.

Em primeiro lugar, Murilo Breder, analista de renda variável da Nu Invest, diz que o próprio fato de os papéis terem sofrido recentemente faz com que eles subam quando há sinais de recuperação na Bolsa. “Era natural, quando a Bolsa voltasse a subir, que esses ativos pudessem também ter um espaço bacana de recuperação”, explica o analista.

Outro fator que ajuda as varejistas é uma percepção de melhora na inflação. Na última edição do boletim Focus, publicada pelo Banco Central na manhã de hoje, a projeção do IPCA para 2021 foi revisada de 10,04% para 10,02%, enquanto a estimativa para 2022 foi mantida em 5,03%.

“Só o fato de ter parado de subir é um sinal de que talvez o Banco Central possa diminuir a alta do juros, que é um dos fatores que impactaram fortemente as varejistas neste ano, principalmente empresas de crescimento e tecnologia, como é o caso de Magalu”, diz Breder.

Melhora das vendas no fim de ano

O maior motor de alta das ações nesta segunda-feira, porém, parece ser a bateria de dados que pintam um cenário mais otimista para o varejo no ano que vem – e mostram que este final de ano pode ter sido melhor do que o esperado.

Primeiramente, em termos de e-commerce, dados da empresa de análise Neotrust mostram que, descontando a inflação, houve um crescimento de 7,5% em vendas online no período de Natal deste ano em relação a 2020. A alta pode ser pequena em comparação ao crescimento visto no ano passado em relação a 2019, mas foi melhor que o esperado.

Os dados de janeiro a novembro deste ano já mostraram um avanço de 27% nas vendas online sobre o mesmo período de 2020, o que indica forte crescimento, principalmente considerando a reabertura das lojas físicas.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, concorda: “Os dados mostram que não caiu tanto a demanda quanto era previsto depois da Black Friday. A demanda já poderia estar muito mais envolvida com a questão de inflação mais alta, e a taxa de juros poderia estar travando o consumo, algo que deve acontecer ao longo dos próximos meses”, explica.

Em outra frente, os lojistas de shoppings registraram aumento de 10% nas lojas no período do Natal em relação ao ano passado, segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Ainda que permaneça distante do patamar de 2019, os sinais de recuperação ajudam a animar o mercado.

Finalmente, um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que, com menos feriados e emendas no calendário nacional de 2022, o prejuízo do setor com feriados deve ser o menor desde 2014.

Por fim, em se tratando especificamente de Magazine Luiza, a divulgação de um levantamento de R$ 2 bilhões por meio da emissão de debêntures animou o mercado, especialmente considerando a posição atual da empresa, que tem caixa líquido.

“Resumindo a história: ela está comprando o guarda-chuva enquanto ainda está sol, que é o que tem que se fazer mesmo. Tem que captar enquanto ainda não precisa, porque, se você for esperar para captar dinheiro quando realmente precisa, o mercado pode cobrar caro”, diz Breder.

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