O Ibovespa voltou ao campo negativo nesta quarta-feira (1), arrastado pela queda da Vale (VALE3) após a divulgação na véspera de resultados operacionais abaixo das expectativas.
No cenário internacional, o Fed (banco central americano) cumpriu com o combinado ao elevar os juros em 0,25 p.p (ponto percentual), levando o teto da taxa para 4,75%.
Ainda no assunto juros, o BC (Banco Central) deve manter a Selic em 13,75% e fazer novos alertas para a necessidade de compromisso fiscal. A decisão será publicada após as 18h30.
O principal índice da Bolsa brasileira inicia fevereiro em baixa de 1,20%, aos 112.074 pontos e R$ 22,33 bilhões em volume negociado, segundo dados da plataforma TradeMap.
O desempenho faz o Ibovespa cair 0,21% na semana, enquanto desde o início do ano a valorização é de 2,13%.
Pacheco leva presidência do Senado
Em uma disputa apertada, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reeleito presidente do Senado, superando Rogério Marinho (PL-RN), por 42 votos contra 32. A votação foi encerrada após o fechamento do mercado.
A candidatura de Pacheco foi patrocinada pelo atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca diminuir os entraves no Legislativo para a aprovação de projetos, sobretudo na área econômica.
Vale tomba e arrasta o mercado
A Vale foi o destaque negativo do dia, com queda de 1,11%, após dados divulgados na noite de ontem apontarem para uma produção menor do que a esperada em 2022.
A produção de minério de ferro caiu 1% no quarto trimestre do ano passado em comparação a igual período anterior, para 80,8 milhões de toneladas.
Com o resultado dos últimos três meses, a Vale terminou 2022 com uma produção de 307,7 milhões de toneladas, uma queda de 1,6% em relação a 2021. O número ficou abaixo da produção prevista para o ano, que era de 310 milhões de toneladas.
Em nota, a XP destacou que o desempenho da Vale deve superar as recentes quedas nos próximos meses. Apesar do otimismo, a corretora vê com cautela o recente rali do minério de ferro, que subiu em sequência a expectativa de retomada das atividades na China.
“Vemos esses resultados como um pouco negativos, mas bons preços devem salvar o trimestre”, pontuaram os analistas da XP.
O dia da empresa ainda foi prejudicado pelo freio na alta do minério de ferro. Nesta quarta, a commodity negociada em Dalian registrou queda de 0,69%, cotado a US$ 125,85 a tonelada.
O cenário também prejudicou outras empresas vinculadas ao setor. A perdeu 1,89% Gerdau (GGBR4), enquanto Usiminas (USIM5) cedeu 1,41%.
O setor financeiro também teve um dia de perdas diante do cenário de incertezas no radar dos investidores. Os papéis do Santander (SANB11) perderam 5,53% um dia antes de o banco reportar o desempenho do quarto trimestre e do ano de 2022.
Na sequência, destaque para Itaúsa (ITSA4) e Bradesco (BBDC4), que recuaram 2,93% e 2%, nesta ordem.
Altas do dia
A ponta positiva foi liderada pela BRF (BRFS3), que subiu 7,66%. Ontem, o CEO da companhia, Miguel Gularte, afirmou, em evento do Credit Suisse, que espera um aumento da demanda com a reabertura da economia chinesa após dados preliminares apontarem o retorno do consumo e de trânsito de pessoas a um patamar pré-pandemia.
De acordo com ele, a China é o principal foco das exportações da BRF. Gularte declarou que a empresa fez investimentos durante a pandemia e está preparada para abastecer o gigante asiático.
“Estamos prontos para esse momento e vamos capitalizar as vantagens que temos com duas marcas ícones: Sadia e Perdigão”, disse o executivo.
O cenário também favoreceu os papéis da Marfrig (MRFG3), que subiram 5,55%. Ainda na ponta positiva, São Martinho (SMTO3) subiu 4,72% e Braskem (BRKM5) valorizou 2,02%.
Fed anima mercados globais
Assim como o esperado, o Fed diminuiu o ritmo de alta dos juros americanos ao subir a taxa em 0,25 p.p.
Em contrapartida, a autoridade destacou que os aumentos em curso são necessários para manter a política monetária em terreno restritivo para trazer a inflação de volta para a meta.
Apesar do tom duro, a sinalização repercutiu positivamente nos mercados. Em Wall Street, o Dow Jones subiu 0,02%, enquanto S&P 500 ganhou 1,05% e Nasdaq valorizou 2%.
No outro lado do Atlântico, o Euro Stoxx fechou antes da divulgação dos juros, com alta de 0,19%.
Para Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, o sinal do Fed aponta para um fim do atual ciclo de alta, iniciado no ano passado.
“Avaliamos que, apesar de sugerir que novas altas de 25bps serão praticadas por ter “suficientemente prolongado” a suscetibilidade à conjuntura, a despeito do elevado patamar inflacionário, sugere que tão em breve deverá ocorrer uma interrupção da alta”.
Seguindo o clima das Bolsas, o mercado de criptos também reagiu positivamente à decisão do Fed.
Por volta de 17h40, o Bitcoin (BTC) registrava alta de 2,3% em relação as últimas 24 horas, acima de US$ 23,6 mil. Na mesma hora, o Ethereum também subia perto de 2%, a US$ 1,6 mil.