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Ibovespa acompanha exterior e fecha em baixa de 0,4%, refletindo inflação americana

Commodities sustentaram o índice ao longo do dia, mas não conseguiram garantir alta

Foto: Shutterstock

Apesar de ter aguentado firme durante boa parte do pregão, o Ibovespa não resistiu à pressão das Bolsas dos Estados Unidos, pressionadas pelos dados da inflação americana, e fechou em baixa de 0,40%, aos 97.881 pontos, com R$ 16 bilhões em volume negociado.

Com a performance desta quarta-feira (13), o saldo do índice no mês de julho passou para baixa de 0,67%, enquanto a desvalorização acumulada neste ano é de 6,62%.

O dia também foi negativo no exterior. Em Nova York, o S&P 500 caiu 0,45%, o Dow Jones recuou 0,67% e o Nasdaq teve baixa de 0,15%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 somou perdas de 0,95%.

Inflação dos EUA pesa sobre mercados

Divulgação mais aguardada do dia, a inflação nos Estados Unidos avançou 1,3% em junho e 9,1% em 12 meses, segundo dados publicados pela secretaria de estatísticas trabalhistas dos Estados Unidos (BLS). O aumento nos preços veio acima do esperado pelo mercado, que acreditava em uma alta de 1,1% na comparação mensal e de 8,8% na anual.

O núcleo de inflação (dados que excluem alimentos e energia e, dessa forma, desconsideram aspectos transitórios dos preços) subiu 0,7%, aumentando o ritmo em relação aos dois meses anteriores, quando o aumento havia sido de 0,6%. Analistas esperavam uma alta de 0,5%.

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A inflação americana está no maior patamar em quatro décadas, e o dado de hoje deverá ajustar as projeções do mercado para o próximo encontro do comitê de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central do país), no final deste mês. Na última reunião, o Fomc acelerou o ritmo de alta para 0,75 ponto percentual.

O receio de recessão global como consequência do aumento das taxas de juros vem sendo intensificado pelo aumento dos casos de Covid na China, que podem levar a novos lockdowns, e pelo medo de piora da crise energética na Europa.

Na contramão, o minério de ferro engatou sua primeira alta em quatro dias, refletindo uma estabilização dos casos de Covid-19 em Xangai, o que alivia temores de novos bloqueios. Na Bolsa de Dalian, o minério teve alta de 1,53%, a US$ 108,92 por tonelada. O petróleo Brent, por sua vez, fechou em alta de 0,08%, a US$ 99,57 por barril.

Varejo e PEC dominam noticiário doméstico

Por aqui, as vendas no varejo subiram em maio pelo quinto mês consecutivo, mas a expansão ficou bem abaixo das previsões do mercado e indica que o setor está perdendo fôlego.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o volume de vendas das redes varejistas subiu 0,1% em maio em relação a abril. O resultado ficou muito aquém das expectativas de especialistas – o Goldman Sachs esperava alta de 0,8%, e a SulAmérica Investimentos de 1,0%.

Além disso, o fraco desempenho reforça a tendência de desaceleração que vinha sendo observada nas vendas no varejo ao longo deste ano – a expansão havia sido de 2,4% em janeiro, 1,4% em fevereiro, 1,4% em março e 0,8% em abril. No ano, o varejo acumula crescimento de 1,8% e, nos últimos 12 meses, queda de 0,4%.

Em Brasília, o mercado aguarda a votação da PEC dos Benefícios, em nova sessão, depois da aprovação em primeiro turno na noite de ontem. “Seguimos apostando que não deverá haver grandes empecilhos na tramitação do texto, que deverá ser aprovado e promulgado ainda essa semana, antes do recesso”, afirmou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado.

Além disso, a Câmara dos Deputados aprovou ontem, também em primeiro turno, a PEC da Enfermagem, que estabelece um piso salarial de R$ 4.750 para enfermeiros – aumentando os custos das empresas de saúde. Em resposta, as ações do setor ficaram entre as maiores do quedas do Ibovespa nesta quarta, com destaque para Qualicorp (QUAL3), com baixa de 4,4%, e Rede D’Or (RDOR3), que perdeu 4,31%.

Altas e baixas do pregão

No fechamento, então, a maior baixa do dia era de 3R Petroleum (RRRP3), com queda de 5,55%, seguida de Qualicorp e Rede D’Or. Na outra ponta, as maiores altas do pregão foram de Ambev (ABEV3), Carrefour (CRFB3) e Natura (NTCO3), com ganhos de 5,66%, 3,29% e 2,93%, respectivamente.

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A Ambev subia após o banco americano JPMorgan passar a recomendar a compra da ação, com preço-alvo aumentando de R$ 15 para R$ 17, refletindo a queda dos preços das commodities. Esta era a “peça que faltava” para a revisão da empresa, de acordo com os analistas Lucas Ferreira, Ulises Argote e Sebastian Hichman.

Também ajudava a sustentar a alta da ação da Ambev a expectativa positiva de especialistas para os resultados da companhia no segundo semestre.

As ações de empresas mais ligadas ao varejo e a economia doméstica, como a Natura (NTCO3), que lideraram os avanços de ontem por causa da expectativa de mais auxílios do governo à população mais pobre, continuavam subindo hoje.

Desde terça, essas empresas sobem na esteira da votação da PEC dos Benefícios, pois os recursos a mais aumentam o poder de compra da população.

Para Matheus Spiess, analista da Empiricus, a Bolsa tem apresentado uma dinâmica favorável para essas empresas que ele considera “cíclicas domésticas” – ou seja, que seguem rumos semelhantes aos da economia local. Ele também acredita que, em um eventual governo Lula no ano que vem, o setor pode continuar a subir.

Fora do Ibovespa, a Light (LIGT3) disparou 11,72% depois do anúncio do novo CEO, Otávio Pereira Lopes, que comandou a Equatorial entre 2004 e 2007.

“O nome é interessante, mas o trabalho para reestabelecer a credibilidade no case da empresa vai ser longo – apesar das melhoras graduais, a área de concessão da empresa vem apresentando queda de consumo e o endividamento vem aumentando devido aos pesados investimentos no negócio”, afirmam analistas da Genial Investimentos, em comentários ao mercado.

Outra alta importante foi de Eletrobras (ELET3; ELET6), de 0,7% e 0,97%, nesta ordem, em meio a notícias de que uma única chapa disputará o conselho da elétrica. “Uma vez que nomes da única chapa formada são de profissionais com experiência no setor, com visão pró-mercado e figuras com positivas trajetórias corporativas, não consideramos a falta de concorrência como um problema”, afirma a Ativa Investimentos.

Cripto

O mercado de criptoativos respondeu melhor do que o esperado por parte dos analistas aos dados acima do previsto da inflação americana em junho.

O Bitcoin (BTC) chegou a despencar 4,5% minutos depois do anúncio, mas conseguiu reverter a queda e passou a operar no campo positivo na parte da tarde.

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Por volta de 17h, a maior cripto do mercado registrava alta de 1,51% em 24 horas, cotado a 106.530, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

“O Bitcoin está se mantendo surpreendentemente bem após a impressão da inflação nos EUA”, escreveu Craig Erlam, analista sênior de mercados da Oanda.

Apesar de o mercado não ter mergulhado, o especialista ainda afirma que o cenário de expectativas por juros mais altos deixa o BTC “vulnerável a novos ataques de aversão ao risco”.

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