As vendas no varejo subiram em maio pelo quinto mês consecutivo, mas a expansão ficou bem abaixo das previsões do mercado e indica que o setor está perdendo fôlego.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o volume de vendas das redes varejistas subiu 0,1% em maio em relação a abril. O resultado ficou muito aquém das expectativas de especialistas – o Goldman Sachs esperava alta de 0,8%, e a SulAmérica Investimentos de 1,0%.
Além disso, o fraco desempenho reforça a tendência de desaceleração que vinha sendo observada nas vendas no varejo ao longo deste ano – a expansão havia sido de 2,4% em janeiro, 1,4% em fevereiro, 1,4% em março e 0,8% em abril. No ano, o varejo acumula crescimento de 1,8% e nos últimos 12 meses, queda de 0,4%.
A alta no volume de vendas foi limitada principalmente por móveis e eletrodomésticos (-3,0%) – segmento principal de algumas das principais redes de varejo com ações na bolsa, como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) – e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%).
“Móveis e eletrodomésticos é uma atividade que não superou seu patamar pré-pandemia, pois ao longo de 2021 teve perdas consideráveis”, disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa sobre as vendas no varejo no IBGE.
“Durante a pandemia, esses itens tiveram um ganho importante devido às substituições que as pessoas fizeram pelo fato de estarem mais em casa. Após essa demanda extraordinária, esses produtos passaram a ter menos importância no orçamento das famílias, sobretudo eletrodomésticos”, acrescentou.
No lado positivo, quem contribuiu para o crescimento das vendas no varejo foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,6%) e tecido, vestiário e calçados (3,5%).
Segundo Santos, no setor de artigos farmacêuticos o crescimento do volume foi ancorado na indústria farmacêutica, e menos no segmento de perfumaria. “Esse já é o segundo mês consecutivo de alta, e coincide com os reajustes do setor, nos meses de abril e maio.”
“No caso de vestuário e calçados, tivemos alguns meses de crescimento especialmente vinculado ao setor de calçados e tênis esportivos, com todos os meses com variações no campo positivo”, acrescentou.