O banco Goldman Sachs rebaixou a expectativa para o preço do petróleo em US$ 10, para US$ 100 o barril, ao fim deste ano, com a possibilidade de novas restrições na China pelo aumento de infecções da Covid-19 e as sanções das maiores economias do mundo às exportações russas.
Os analistas da instituição americana afirmaram, em relatório, que as previsões apontam para o corte de 1,5 milhão de barris de petróleo por dia, enquanto o mercado aponta para uma redução ainda mais intensa, de aproximadamente 2 milhões de unidades por dia, ao longo dos próximos meses.
“É fundamental monitorar os fluxos de exportação da Rússia, assim como a resposta pandêmica da China nas próximas semanas”, escreveram os analistas do Goldman Sachs.
O preço do barril de petróleo tipo Brent, usado como referência na maior parte do globo, está em desaceleração nos últimos meses após atingir picos históricos com o desdobramento do conflito na Ucrânia, no primeiro trimestre deste ano.
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O preço, porém, segue pressionado, acima da cotação média do ano passado, de cerca de US$ 70,18, ou do nível pré-pandemia, de US$ 60. Nesta segunda-feira (21), os contratos para fevereiro de 2023 caiam quase 0,6%, a US$ 86,65.
China preessiona preço do petróleo
O recente mau humor reflete o temor dos investidores com a deterioração da crise sanitária na China nos últimos dias. O efeito é inverso ao fluxo de otimismo observado na semana passada, após o governo de Pequim anunciar o arrefecimento das rígidas restrições impostas ao longo de 2022 com a política de “Covid Zero”.
Conforme dados do Goldman Sachs, a China enfrenta agora o pico de casos de infecção desde abril, o que deve inclinar o país em demover parte da reabertura anunciada recentemente.
“A lógica da propagação exponencial do vírus significa que provavelmente serão necessários mais bloqueios, se a reabertura total não for viável”, escreveram os analistas do banco.
A queda deve fazer a demanda do país asiático encolher em 1,2 milhão de barris por dia no último trimestre deste ano, para 14,4 milhões de unidades.
O volume é equivalente ao corte da OPEP+, o cartel que reúne os principais produtores de petróleo no mundo, no início de outubro, em meio à desaceleração das cotações.
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Sanções à Rússia também pesam sobre o mercado
As novas sanções impostas pelo Ocidente à produção russa também contribuíram para a previsão de corte da commodity pelo Goldman Sachs.
Desde o início do conflito no Leste Europeu, as principais economias do mundo, sobretudo a americana, as europeias e a japonesa, infligiram uma série de restrições ao governo e negócios de Moscou, incluindo o banimento do petróleo.
Em maio, por exemplo, a União Europeia deixou de importar cerca de 90% do petróleo da Rússia, cuja produção é uma das maiores do mundo, com uma participação de 10% da oferta global. O efeito na economia de Vladimir Putin, porém, foi mitigado com a venda do excedente para outros parceiros, principalmente China e Índia.
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As sanções do bloco europeu devem se encerrar em dezembro, mas novas restrições já estão no radar. O G7, grupo que concentra as maiores economias do mundo, deve estipular um teto para o preço do petróleo produzido na Rússia. A medida deve entrar em vigor a partir de 5 de dezembro.
Conforme os analistas do Goldman, a medida deverá ter um efeito atrasado no mercado, diante do aumento da produção dos russos. O contexto deixa o preço do petróleo ainda mais pressionado, “enquanto Índia e China hesitam em aumentar as importações devido às incertezas sobre o teto de preço”, informou o banco.