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Fundos ganham com compra do Twitter por Musk; veja gestora brasileira que montou estratégia

Gestoras americanas como a Greenlight Capital e Pentwater Capital e a brasileira Absolute Investimentos apostaram na derrota de Elon Musk

Foto: Shutterstock

Cento e vinte dias depois de ter anunciado a desistência da compra do Twitter (TWTR34), em 8 de julho, Elon Musk deve concluir amanhã, 28 de outubro, a compra da rede social. Grandes fundos de Wall Street que apostaram que Musk perderia a batalha judicial ganharam dinheiro com a aposta. No Brasil, a gestora Absolute Investimentos também enxergou uma oportunidade de arbitragem nessa operação e montou uma posição comprada em ações do Twitter.

Musk começou a negociação para a compra do Twitter em 1º de abril, quando se tornou um dos principais acionistas da companhia, ao adquirir 9% das ações da empresa, o que levou a uma valorização de 27% do preço do papel no pregão seguinte.

Em 25 de abril, o bilionário sul-africano anunciou a compra da empresa pelo valor estimado de US$ 44 bilhões, o equivalente a  US$ 54,20 por ação, um prêmio de 38% em relação a 1º de abril, quando ele começou a comprar os papéis.

Em 13 de maio, Musk afirmou que o acordo para a compra estava temporariamente suspenso e, em 8 de julho, anunciou oficialmente que tinha desistido da aquisição, alegando que a empresa se recusava a fornecer informações precisas sobre o número de contas falsas e spams em sua plataforma.

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Diante da desistência de Musk, o Twitter entrou em julho com um processo judicial na corte de Delaware, nos EUA, contra Musk para obrigá-lo a cumprir o contrato.

Fundos montam posição contra Musk

Grandes fundos americanos como o Greenlight Capital, de David Einhorn, e o Pentwater Capital, viram, então, uma oportunidade de aposta contra Musk prevendo que ele perderia a batalha judicial, e montaram uma posição no Twitter comprando ações, opções ou títulos da empresa.

“Os argumentos de Musk nesse caso eram fracos e o contrato [de negociação da compra] era forte”, afirma André Amaro, sócio responsável pela análise de eventos corporativos da Absolute Investimentos.

A Absolute Investimentos é especializada na estratégia que busca ganhar com a arbitragem de preços em eventos evolvendo operações de fusões e aquisições nos mercados doméstico e internacional. “Em transação de fusão e aquisição de duas empresas, analisamos o risco de o negócio ocorrer ou não, como a aprovação do órgão antitruste, dos acionistas não aprovarem ou de litígio, e avaliamos as oportunidades”, diz Amaro.

A gestora montou uma posição comprada no Twitter no fim de abril, após o anúncio da aquisição da empresa por Musk. Em função dos questionamentos sobre a transação chegou a reduzir a posição. Mas em julho, quando Musk desistiu oficialmente da compra e o Twitter entrou com processo contra o bilionário, a gestora aproveitou a queda da ação, que chegou a bater US$ 32 em 11 de julho e voltou para o patamar antes da negociação, para aumentar a posição na empresa.

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“Acreditávamos que o contrato era forte e Musk teria que fechar a compra”, diz Amaro.

Amaro afirma que os três principais argumentos apresentados Musk para não concluir a compra (evento adverso, não entrega de informações e eventos fora do curso normal dos negócios) eram fracos. “Analisamos outros casos na corte de Delaware e há poucos precedentes de ruptura de contrato por não entrega de informação por parte da empresa que está sendo adquirida [no caso informações relacionadas a contas falsas e spam]”, diz Amaro. 

A tentativa de Musk de acusar o Twitter de fraude, dizendo que a empresa o enganou e aos reguladores sobre o verdadeiro número de contas de spam ou bot na plataforma baseado nas denúncias de um hacker, era difícil de provar, diz Amaro.

A gestora encerrou a posição na semana retrasada, quando Musk indicou que prosseguiria com o negócio e ação já tinha passado de US$ 50. Boa parte do valor a ser pago por Musk, de US$ 54,20 por ação, já estava refletido nos papéis.

Dos fundos da gestora que se beneficiaram da aposta na derrota de Musk na batalha judicial estão o multimercado Absolute Alpha Global e Absolute Alpha Marb, que sobem 8,80% e 9,18% no ano respectivamente, até 24 de outubro.

Amaro acha difícil ter algum ajuste de preço no valor da transação. “Musk tentou agressivamente pagar preços inferiores e o Twitter não aceitou”, diz.

No caso da Greenlight, a gestora informou que comprou ações do Twitter a um preço médio de US$ 37,24, o que teria rendido um ganho para a gestora de 44,56% se ela manteve a posição até hoje.

A visão de Einhorn era de que a lei era favorável ao Twitter no caso.

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Já a Pentwater, liderada por Matthew Halbower, comprou mais de 18 milhões de ações do Twitter no segundo trimestre quando o papel encerrou junho cotado a US$ 37,39,  tornando a gestora a sétima maior acionista da empresa,  com uma participação de 2,4%.

“Eu faço isso há 25 anos e, em minha carreira, não vi ninguém assinar um acordo e, duas semanas depois, tentar fabricar uma questão que eles conheciam bem antes da assinatura como uma tentativa de fugir de suas obrigações”, disse Halbower, em  entrevista à rede de TV  CNBC em julho.

Einhorn chegou a dizer que o papel poderia cair a US$ 20 se de fato Musk não concluísse a compra.

O julgamento do processo estava agendado para 17 de outubro, mas o tribunal americano deu a Musk até 28 de outubro para concluir a compra.

Musk afirma que concluirá compra

Musk informou, em 25 de outubro, que concluirá a compra do Twitter dentro do prazo. Se Musk não fechar o negócio, o Twitter pode solicitar a retomada do julgamento do caso em novembro.

Ontem, Musk esteve na sede do Twitter e tweetou: “Entrando no QG do Twitter – aceitem isso!” e mudou seu status para “Chief Twit”.

O mercado embutia, em 25 de outubro, 96% de probabilidade da negociação ser concluída e Musk se tornar o acionista controlador do Twitter.

Musk, dono de outras empresas, como Tesla (TSLA34), SpaceX e Starlink, e com uma fortuna avaliada em US$ 220,6 bilhões segundo a Forbes, negociou um empréstimo de US$ 13 bilhões com bancos para financiar a compra. Além disso, investidores, como o co-fundador da Oracle Larry Ellison e o príncipe saudita Alwaleed bin Talal vão participar da transação. O restante será pago por meio de ações.

O Washington Post informou na semana passada que Musk planejava cortar quase 75% da equipe da empresa.

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