Entre altas e baixas, Ibovespa sobe 0,72% com mercado repercutindo PEC desitratada

CCJ do Senado aprovou o texto da PEC que amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões, diminuindo o valor previsto de R$ 175 bilhões

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock/Isaac Fontana

Após transitar entre o positivo e o negativo nesta terça-feira (6), o Ibovespa fechou o pregão em alta de 0,72%, aos 110.189 pontos, com investidores de olho na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição que foi aprovada no Senado.

Com a alta de hoje, dia com R$ 19,72 bilhões em volume negociado, a baixa acumulada pelo índice em dezembro diminuiu para 2,04%, enquanto o saldo de 2022 agora é de avanço de 5,12%.

Perto do fechamento, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou o texto da PEC que amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões, diminuindo o valor previsto de R$ 175 bilhões, além de acordar que a nova regra fiscal deve ser apresentada até agosto de 2023.

Com isso, o Ibovespa acelerou a alta depois da aprovação do texto, mas o mercado já parecia ter recebido com relativa tranquilidade o texto apresentado na manhã de hoje, que aumentava o teto de gastos em R$ 175 bilhões.

Anteriormente, o governo de transição havia proposto remover cerca de R$ 200 bilhões em despesas do teto de gastos no próximo ano.

Taxas de juros no radar

Outro foco do mercado é a decisão de política monetária do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que será publicada nesta quarta-feira (7). De acordo com Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, “o resultado deve trazer mais pistas dos desdobramentos do aperto monetário em meio a algumas incertezas na economia brasileira”.

A expectativa dos agentes financeiros é que o Copom mantenha a Selic em 13,75% ao ano.

No mercado externo, os investidores avaliam a possibilidade de novas altas de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano), o que poderia impactar os dados de atividade econômica e penalizar os ativos de risco.

O mercado segue apostando em uma redução no ritmo de alta das taxas, mas passou a projetar um aperto mais duradouro e um risco maior de recessão. Diante disso, o S&P 500 teve baixa de 1,44%, o Dow Jones caiu 1,03% e o Nasdaq recuou 2%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 somou perdas de 0,44%.

Também no cenário externo, os investidores estão de olho na China, à espera de uma reabertura mais significativa das restrições à mobilidade impostas para combater a disseminação da Covid-19. De acordo com a agência de notícias Reuters, mais medidas de flexibilização devem ser anunciadas amanhã.

Veja também:
Relaxamento das restrições abre oportunidades em China, mas risco é regulação do governo

Altas e baixas do pregão

A Ecorodovias (ECOR3) dominou as altas do pregão, subindo 6,77% depois de recuar mais de 7% na ontem, quando foi tema de um relatório do Itaú BBA.

No documento, os analistas do banco adotaram uma postura mais conservadora em relação à empresa. O BBA citou pontos que podem dificultar uma melhora dos indicadores financeiros da empresa e das ações. O primeiro ponto que preocupa o BBA é um possível “atraso” no fim do ciclo de alta de juros no Brasil.

Outro destaque de alta foi o setor de varejo, “que foi muito penalizado nesse ano e nos últimos dias sofreu com quedas diante de números fracos de vendas na Black Friday”, afirma Labarthe. “Com isso, o mercado vem comprando as ações atrás de possibilidades de ganhos no curto prazo”, completa.

No setor, destaque para Lojas Renner (LREN3), Via (VIIA3) e Pão de Açúcar (PCAR3), com avanços de 5,06%, 3,43% e 3,19%, respectivamente.

Já as empresas ligadas ao minério de ferro estenderam seus ganhos recentes, acompanhando a valorização recente no preço da commodity no mercado externo.

Nos últimos 30 dias, a tonelada do minério na bolsa de Dalian teve um avanço de 21,82% no seu preço, passando de US$ 91 para os atuais US$ 111,55. Diante disso, a Vale (VALE3) subiu 1,45% enquanto a Usiminas (USIM5) valorizou 3,43%. Entre as siderúrgicas, as maiores altas foram de Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3), de 1,31% e 1,17%, nesta ordem.

Leia mais:
Minério de ferro vai ficar mais barato em 2023, assim como outros metais básicos, diz Fitch

As petrolíferas, por sua vez, ficaram entre as maiores baixas do pregão, seguindo o Brent, que apresentou recuo de 4,03%, para US$ 79,35 por barril. A Prio (PRIO3) teve baixa de 3,83%, a 3R Petroleum (RRRP3) caiu 3,55%, a Petrobras ON (PETR3) recuou 0,17% e a Petrobras PN (PETR4) subiu 0,08%.

Criptomoedas

O Bitcoin e outras criptos seguem operando próximo da estabilidade após a recuperação dos preços na semana passada, após o mercado voltar a se correlacionar com demais ativos, principalmente as Bolsas, enquanto abandona os traumas do crash da FTX.

Por volta das 18h30 o Bitcoin caía 0,24% em comparação as últimas 24 horas, a R$ 89.341, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) perdia 0,44%, negociado a R$ 6.608.

Apesar da proximidade com o mercado tradicional, as criptos ignoram as recentes quedas de Wall Street, sobretudo da Nasdaq, a Bolsa que concentra as ações de tecnologia e que despencou quase 2,5% nesta terça.

Além disso, o mercado está à espera de dados da inflação americana que serão divulgados nesta sexta-feira (9) e devem dar mais indicações sobre o efeito da política monetária nas atividades.

O mês passado ficou marcado pela volta do otimismo dos investidores após indicadores melhores do que esperado na variação de preços, que abriu brecha para estimativas de arrefecimento da subida dos juros.

O clima azedou na semana passada após dados do mercado de trabalho mostrarem que a economia segue bastante aquecida, o que acaba tirando parte do otimismo de alta menos acentuada.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Destaques econômicos – 02 de abril

Nesta quarta (02), o calendário econômico apresenta importantes atualizações que podem influenciar os mercados. Confira os principais eventos e suas possíveis repercussões:   04:00 –

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.