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Em pregão volátil, Ibovespa contraria exterior e fecha em baixa de 0,14%

Siderúrgicas e mineradoras se destacam entre as maiores baixas do índice

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Depois de oscilar entre altas e baixas ao longo do dia, o Ibovespa contrariou a tendência das Bolsas do exterior e fechou o pregão em baixa de 0,14%, aos 103.109 pontos, com R$ 20,5 bilhões em volume negociado.

Assim, o saldo do ano seguiu no terreno negativo: desde o começo de 2022, o Ibovespa soma desvalorização de 1,63%. O balanço de maio, por sua vez, é de baixa de 4,42%.

As Bolsas dos Estados Unidos também oscilaram entre altas e baixas no dia de hoje, virando para o positivo perto do fim do pregão: o S&P 500 fechou em alta de 0,25% e o Nasdaq subiu 0,98%, enquanto o Dow Jones teve perdas de 0,26%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 avançou 0,79%.

Dia de alívio

O desempenho positivo das Bolsas ao redor do mundo vem em um movimento de recuperação, depois de fortes baixas nos últimos dias, causadas principalmente por preocupações com a inflação e as taxas de juros globais.

Na China, porém, a situação não parece melhorar, com as cidades de Xangai e Pequim endurecendo suas medidas restritivas de combate à disseminação da Covid-19.

No entanto, na análise de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, os receios de que a política de tolerância zero da China poderia afetar a atividade econômica vêm se diluindo, principalmente depois de o governo chinês informar que irá adotar políticas de testagem em massa para reduzir os lockdowns.

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O medo da desaceleração econômica, entretanto, não saiu do radar. Hoje, membros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) ressaltaram, em declarações, a necessidade de seguir elevando os juros para combater a inflação.

A diretora do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, por exemplo, afirmou que o Fed irá adotar um ritmo de alta de juros suficiente para conter a inflação, e que existe a possibilidade de que o país adote taxa de juros acima do patamar neutro.

Amanhã, o mercado estará de olho nos números do CPI (Índice de Preços ao Consumidor), que mede a inflação americana. Por aqui, o dia será de divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Dados do varejo animam

Em divulgações econômicas, o destaque do dia foi a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que afirma que a piora da inflação, o aumento dos riscos fiscais e as incertezas globais cada vez maiores com a guerra na Ucrânia requerem cautela.

Nesse cenário, depois de elevar os juros em 1 ponto, a 12,75% ao ano, na quarta-feira da semana passada, o Copom optou por sinalizar “como provável” a possibilidade de mais uma alta na próxima reunião, em junho.

Além disso, dados de varejo abril surpreenderam o mercado positivamente. O volume de vendas subiu 1,0% em março frente ao mês anterior, acima do que o mercado esperava. Já o varejo ampliado cresceu 0,7%, também acima das expectativas. Com isso, o setor cresceu 1,1% em 2022 e registra alta de 4,4% em relação aos últimos 12 meses.

Em Brasília, depois de a Petrobras (PETR4) ter aumentado os preços do diesel na segunda-feira, começam a circular notícias de que o governo estaria estudando meios para mitigar o aumento do combustível nas bombas. A maior preocupação, neste sentido, gira em torno do impacto sobre o teto de gastos.

Destaques do pregão

As maiores quedas do Ibovespa, que ajudaram a puxar o índice para baixo, foram as siderúrgicas, que reagiram às notícias de que o governo irá zerar o imposto de importação de aço, conforme apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

“Com o imposto de importação zerado, as companhias devem perder participação de mercado e os preços médios no país devem cair, prejudicando as suas receitas siderúrgicas”, dizem analistas da Ativa, em comentários ao mercado.

As siderúrgicas também refletem dados econômicos mais fracos na China. Segundo dados divulgados pelo país na segunda-feira, as exportações em dólares cresceram 3,9% em abril em relação ao mesmo mês do ano anterior, mas perderam fôlego em relação ao crescimento de 14,7% registrado em março — sendo o ritmo mais lento desde junho de 2020.

Assim, no fechamento, as maiores baixas do Ibovespa eram de CSN Mineração (CMIN3), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), com perdas de 7,16%, 6,78% e 5,82%, respectivamente.

Na ponta oposta, as principais altas do índice foram de Banco Inter (BIDI11), Natura (NTCO3) e Petz (PETZ3), que subiram 9,14%, 8,73% e 7,29%, ajudadas pelos dados positivos de vendas no varejo, que também deram alívio aos juros futuros.

As ações da rede atacadista Assaí (ASAI3) também ficaram entre as principais altas do pregão, subindo 3,45%, na esteira da divulgação do balanço da companhia, que registrou lucro líquido de R$ 214 milhões no primeiro trimestre, queda de 10,8% na comparação anual, enquanto a receita subiu 21,1%.

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, “o resultado de Assaí nem foi tão positivo assim, mas como veio um pouco maior que o esperado pelo mercado, e as ações performam bem”.

Já a alta de 4,97% nos papéis da Méliuz (CASH3) veio mesmo depois de a companhia registrar prejuízo líquido de R$ 6,5 milhões no primeiro trimestre, ante lucro de R$ 3 milhões no mesmo período do ano passado.

Fora do Ibovespa, a Sinqia (SQIA3) disparou 9,17% depois de informar que registrou lucro líquido de R$ 9,665 milhões no primeiro trimestre de 2022, alta de 1.141%, ou 12,4 vezes, na comparação anual.

Além dos balanços, dados de produção também chamaram a atenção dos mercados. Apesar da queda de 3,28% no petróleo tipo Brent, as ações da PetroRio (PRIO3) fecharam em alta de 0,21%, mesmo depois de a companhia ter informado que reduziu a produção de petróleo e gás em abril em 3,5% na comparação com o mês anterior, devido a problemas nas plataformas de produção em dois dos campos em que opera.

A 3R Petroleum (RRRP3) também registrou pequena queda na produção de petróleo e gás em abril – de 0,5%. As ações tiveram alta de 0,72%.

A Enauta (ENAT3), por sua vez, foi a única das pequenas produtoras de petróleo em aumentar a produção em abril, com crescimento de 1,5%. Assim, os papéis subiram 1,23%.

Bitcoin

O Bitcoin (BTC) operou no campo negativo durante a maior parte desta terça-feira, mas conseguiu segurar a posição acima dos US$ 30 mil após atingir as mínimas de 2022 na parte da manhã.

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Por volta das 17h57 (de Brasília), a principal cripto do mercado registrava leve alta de 0,13% nas últimas 24 horas, a US$ 32.744, segundo dados da Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap. O BTC chegou a ser negociado a US$ 31.346, o menor patamar em 2022 e o mais baixo desde julho do ano passado.

A despeito da leve melhora no cenário internacional, o mercado de criptoativos foi fortemente impactado pelo colapso da Terra (LUNA), que chegou a cair 50% nesta tarde em meio à fuga dos investidores. Entenda mais aqui.

Na hora da publicação deste texto, a altcoin registrava queda de 45,7%. O Ethereum, segundo maior ativo do mercado, subia 3,56%, enquanto a Solana registrava alta de 3,88%, conforme a CoinDesk.

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