Ecorodovias (ECOR3) lucra mais, mas mercado se divide sobre resultado; ação opera em baixa

Resultados da companhia foram impactados pelo fim de dois contratos de concessão em 2021

Foto: Shutterstock/e2dan

A Ecorodovias (ECOR3) registrou lucro recorrente de R$ 120,9 milhões no terceiro trimestre deste ano, expansão de 30,2% na comparação anual, registrando importante melhora em relação ao prejuízo de R$ 10 milhões anotado no segundo trimestre.

Analistas de mercado, porém, ficaram divididos em relação aos resultados, e as ações operavam em baixa no pregão desta terça-feira (8), mas bem acima das mínimas do dia. Por volta das 14h10, os papéis caíam 0,9%, para R$ 5,48 cada, mas chegaram a recuar 8,1% pela manhã.

O lucro da Ecorodovias foi impulsionado por uma redução nas despesas financeiras, mas o resultado operacional da empresa apresentou pressão, com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recuando 12,5% na base anual, para R$ 557 milhões.

O principal fator por trás da contração nos números, segundo a própria companhia, foi o fim dos contratos de concessão das rodovias Ecovia Caminho do Mar e Ecocataratas, em novembro de 2021. Desconsiderando este efeito, o Ebitda comparável seria de R$ 563 milhões, alta anual de 18,6%.

A margem Ebitda ajustada, por sua vez, caiu 6 pontos percentuais entre o terceiro trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano, para 62,8%.

Diante destes números, o BB Investimentos vê os resultados como negativos, de acordo com o analista Renato Hallgreen, com o fim dos contratos impactando a receita das concessões.

Já na avaliação de Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem, analistas do Santander, os resultados vieram levemente acima do esperado, devido a pequenas surpresas em termos de receita líquida e margens. O banco esperava um Ebitda 4% inferior ao reportado.

Por fim, Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano, analistas do Itaú BBA, consideram os resultados neutros, beneficiados, de um lado, pelas tarifas médias, mas prejudicados pelas mudanças no portfólio da companhia. Pedro Bruno e Lucas Laghi, da XP Investimentos, fazem a mesma leitura.

Destaques do trimestre

No âmbito operacional, o Itaú BBA menciona também o tráfego consolidado de veículos equivalentes nas rodovias administradas pela Ecorodovias, que caiu 6,8% no trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para 99,86 milhões de veículos pagantes, também resultado do fim dos contratos, que gerou ainda uma queda anual de 1% nas tarifas médias.

Veículo equivalente pagante é uma unidade básica de referência em estatísticas de cobrança de pedágio no mercado brasileiro. Veículos leves, como automóveis, correspondem a uma unidade equivalente, enquanto veículos pesados, como caminhões e ônibus, são convertidos em veículos equivalentes baseado no número de eixos.

Diante disso, a receita líquida consolidada, que exclui receita de construção, atingiu R$ 886,3 milhões no trimestre, 4% menor na base anual de comparação.

Outro ponto de atenção mencionado por analistas é o aumento no endividamento da empresa. Ao fim do terceiro trimestre, o somatório das dívidas da Ecorodovias correspondia a 4,6 vezes seu Ebitda, contra 2,1 vezes no segundo trimestre deste ano.

Essa expansão na alavancagem se deve, de acordo com o Itaú BBA, à redução no Ebitda e aos maiores investimentos em novas concessões. Justamente por isso, a avaliação do Santander é que o aumento do endividamento já era esperado.

Mercado dividido

Depois da análise dos resultados, a XP reiterou sua recomendação neutra para a ação da Ecorodovias, assim como o Goldman Sachs, que fixou o preço-alvo em R$ 7,60.

O Santander, por sua vez, manteve sua classificação de outperform para o papel – isto é, espera um desempenho superior à média do mercado –, com preço-alvo de R$ 11,50. Também do lado positivo, o BB-BI segue indicando a compra do papel, com preço-alvo de R$ 8,20.

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