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Conflito na Ucrânia não deve interromper fluxo de recursos para o Brasil, diz Mark Mobius

Para o gestor especialista em mercados emergentes, Bolsa brasileira está indo bem com crise na Ucrânia, por Brasil ser produtor de petróleo e ser visto como porto seguro longe da Europa

Foto: Divulgação

O conflito entre Rússia e Ucrânia não deve interromper o fluxo de recursos para o mercado de ações no Brasil, com os investidores buscando diversificar os investimentos ao redor do mundo, afirma Mark Mobius, gestor especialista em mercados emergentes e fundador da Mobius Capital Partners, em entrevista à Agência TradeMap.

A gestora tem cerca de US$ 330 milhões sob gestão e tem como foco investir em empresas de capitalização de mercado intermediária, dos chamados mercados emergentes e de fronteiras.

Especialista em mercados emergentes, Mobius tem mais de 40 anos de experiência, tendo trabalhado como gestor da Franklin Templeton por 30 anos e foi membro do setor privado no  Forúm de Governança Corporativa Global do Banco Mundial.

Para Mobius, o mercado brasileiro está indo bem diante da crise europeia, em parte pelo fato de ser um produtor de petróleo, além de ser visto como um porto seguro longe da Europa, e tem sido beneficiado pela rotação de investimentos de ações de crescimento para papéis de valor este ano. Confira abaixo a entrevista e veja quais setores no Brasil o gestor vê mais oportunidade.

Qual é o impacto do conflito na Ucrânia nas ações dos mercados emergentes?

O ataque militar da Rússia pode se tornar o Afeganistão europeu de Putin. Pode ser uma batalha longa que esgotará o governo russo, particularmente com o aumento das sanções ocidentais e a ajuda chegando aos ucranianos. O impacto mais forte será sentido pelos mercados emergentes do Leste Europeu. Os mercados emergentes na Ásia, África e América Latina serão menos e mais indiretamente impactados através da volatilidade e aumento dos preços de energia e commodities.

Qual impacto das sanções sobre a Rússia para a economia russa?

Uma batalha prolongada pode ser debilitante financeira e moralmente para a Rússia. As empresas russas, é claro, sofrerão igualmente.

O atual ataque da Rússia terá um impacto mais amplo nos mercados financeiros em comparação com a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014?

O impacto é maior por causa da reação unida dos governos da Europa e de outras partes do mundo. Mas devemos lembrar que haverá vencedores e também perdedores. Por exemplo, as empresas que produzem equipamentos militares provavelmente se beneficiarão dessa escalada de tensão.

O Brasil poderia se beneficiar das saídas de investimentos da Rússia?

O mercado brasileiro está indo bem diante da crise europeia, e isso pode ser devido ao fato de o Brasil ser um produtor de petróleo, além de poder ser visto como um porto seguro longe da Europa. Vimos uma rotação de investimentos de ações de crescimento para ações de valor este ano, o que beneficiou o mercado de ações brasileiro.

Essa tendência deve durar mais?

Não diferenciamos entre ações de crescimento ou de valor. Ações com baixo endividamento, alto crescimento dos lucros e alto retorno sobre o capital se sairão bem no longo prazo.

O evento geopolítico poderia interromper o fluxo de investimentos para o Brasil?

Acho que não. Os investidores vão querer diversificar globalmente e uma maneira de fazer isso é investir no Brasil e em outras nações ao redor do mundo.

MSCI e FTSE Russell anunciaram que removerão as ações russas de seus índices de mercados emergentes. Quais países devem ser mais beneficiados com essas medidas?

A China seria o primeiro beneficiário, já que ocupa uma grande parte dos índices. É claro que todos os outros países do índice se beneficiarão, mas na medida de sua ponderação nos índices.

Nesse cenário, em quais mercados há mais oportunidades para investir?

Na minha opinião, os mercados asiáticos oferecerão uma boa oportunidade.

A bolsa brasileira está negociando abaixo de sua média histórica. Em quais setores o senhor vê mais oportunidades para investir no Brasil?

Nós nos concentramos em tecnologia, saúde e consumo discricionário. É aqui que encontramos as oportunidades mais interessantes, não apenas no Brasil, mas também em outros mercados emergentes, especialmente na Ásia.

A sua gestora possui empresas brasileiras no portfólio? 

Sim, temos empresas brasileiras em nosso portfólio. Não seguimos um índice, mas se você nos comparar com o índice MSCI EM Mid Cap, estamos estamos da média do índice em Brasil.

 

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