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Alta do petróleo fará Petrobras (PETR4) elevar preço dos combustíveis? Analistas respondem

Analistas ouvidos pela TradeMap divergem quanto a um novo reajuste. Ano eleitoral e risco de inflação pesam na decisão

Foto: Divulgação

Já se vão 51 dias desde a última alteração no preço dos combustíveis no Brasil pela Petrobras (PETR4). Na ocasião, o valor do barril era de US$ 82.64. De lá pra cá, contudo, o cenário global mudou, e a guerra na Ucrânia tem impactado os mercados da commodity pelo mundo.

Na madrugada desta quinta-feira (3), o preço dos contratos futuros para maio do barril do tipo Brent chegou a bater US$ 119, o maior valor desde 2012. No momento, o preço negociado é de US$ 114.

Esses fatos podem mexer diretamente no bolso dos brasileiros, uma vez que a Petrobras define os preços dos combustíveis baseados no valor negociado globalmente. Dito isso, é possível que a empresa realize um novo reajuste em breve?

Analistas de mercado ouvidos pela Agência TradeMap divergem. Segundo o analista de investimentos Pedro Tiezzi, da SVN, a defasagem entre o preço internacional e o preço no cenário doméstico é de quase 25%. Com isso, ele acredita que deve haver algum reajuste, mas o quanto ainda é incerto. 

A volatilidade de preço lá fora está muito grande, pode ser que venha um ajuste no curto prazo em torno de 10% para acompanhar, mas ainda é um pouco incerto. A política de paridade fica pressionada, então é provável que vejamos algum ajuste”, afirma Tiezzi.

Já para Subhojit Daripa, gestor do fundo Atlas One Long Biased, o mercado não acredita que a companhia esteja tão alavancada em comparação com outras do setor na Bolsa brasileira. Sendo assim, não deve repassar o preço no cenário interno.

Acho que a maior evidência disso é percebida se você olhar o descolamento entre os papéis da PetroRio (PRIO3), por exemplo, que está subindo 37% desde o começo do ano, enquanto a estatal está subindo 22%”, afirma Daripa.

O sócio da Fatorial Investimentos Jansen Costa considera que a subida mais tímida da Petrobras em relação às outras companhias do setor se deve por incertezas fiscais e políticas. “Os rumores envolvendo a questão de controlar preços dos combustíveis pela companhia fazem com que ela fique ‘atrasada’ na subida em relação às outras empresas de petróleo da Bolsa”, afirma. 

Nos últimos pregões desde que o conflito se iniciou, a PetroRio subiu 13,30%, enquanto a estatal registrou alta de apenas 3%.

Segundo analistas da Genial Investimentos, apesar da defasagem no preço estar cada vez maior, o ano de 2022 traz muita incerteza eleitoral, o que pode dificultar repasses diretos no preço ao consumidor.

 “Além de toda dificuldade no que diz respeito a emprego e renda nos últimos anos, vale mencionar que em 2022 teremos uma disputa eleitoral, o que nos faz ficar céticos quanto a possibilidade do repasse completo de preço”, afirma a corretora em relatório.

O que diz a empresa?

Em entrevista para a Reuters na última quarta, o presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, afirmou que não há uma definição sobre um novo reajuste no preço dos combustíveis. A estatal afirmou que monitora o conflito, mas a recente queda do dólar ajudou a balancear o preço dos derivados de petróleo.

Ao ser indagado sobre até quando a Petrobras seguraria uma alta de preços por conta da subida no preço da commodity pelo mundo, Silva e Luna disse que a empresa está estudando a situação, e que o “mundo mergulhou num cenário de incertezas com a guerra”.

Guerra no radar

A guerra no Leste Europeu mexe com o preço do petróleo porque a Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo e representa 40% das importações anuais de gás natural da União Europeia. Com isso, o conflito traz incertezas acerca dos impactos na oferta e na demanda.

As sanções adotadas até agora, na prática, impõem bloqueios significativos às transações financeiras da Rússia com o exterior. Elas não impedem a indústria petrolífera do país de vender a commodity, mas atrapalham consideravelmente as exportações – o que, na prática, significa que haverá menos petróleo circulando no mercado mundial.

Para o analista da Empiricus Matheus Spiess, o conflito antecipou um aumento no preço do barril de petróleo tipo Brent, o que já era esperado por ele para o ano, em razão de uma questão de oferta e demanda.

“A recomposição de oferta por parte da Opep+ ao longo de 2022 não corresponderia de maneira correta à expansão da demanda de petróleo projetada pro ano, tendo em vista a continuidade da recuperação econômica pós-pandemia”, afirma Spiess.

O analista vê como “inevitável” que a Petrobras reajuste o preço no curto prazo, e que isso irá impactar também o preço na bomba dos postos. Ele complementa ao dizer que esse aumento abrupto pode piorar o cenário inflacionário no Brasil e no mundo.

Preço da commodity

O preço próximo aos US$ 120, que o petróelo tipo Brent tem atingido, é considerado “perigoso”, para Subhojit Daripa, da Atlas One. Ele acredita que, se o valor de cada barril seguir nesse nível, começa a haver um risco de destruição de demanda.

“Se você olhar os contratos abertos de petróleo, verá que existe uma diminuição muito grande entre eles. Isso também sugere que o mercado não acredita que existe uma tendência de alta, e que ela permaneça nestes níveis”, afirma o gestor.

 

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