Em mais um dia de cautela nos mercados pelo mundo com a guerra na Ucrânia, o preço das commodities sobe e ajuda empresas petroleiras e mineradoras a sustentar o Ibovespa, que sobe 0,54% no primeiro pregão da semana, a 115.936 pontos.
As empresas que trabalham com petróleo e minério de ferro figuravam nas maiores altas. A maior alta do dia ficava por conta de Bradespar (BRAP4 +4,77%), uma holding que investe apenas em ações da mineradora Vale.
No caso das petrolíferas, a matéria-prima voltou a ser negociada acima de US$ 110 o barril por preocupações de que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia levará tempo para terminar. Com isso, operavam em alta Petrobras (PETR4 +3,04%), 3R Petroleum (RRRP3 +3,40%) e PetroRio (PRIO3 +1,78%).
Na ICE, os preços petróleo tipo Brent – que servem como referência para o mercado internacional – subiam 5%, para US$ 114 o barril.
Os valores da commodity estão se comportando de forma volátil e pendendo para níveis mais altos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, no final de fevereiro. De lá para cá, chegaram a bater os US$ 139 no início de março e recuaram .
Dentre as mineradoras e siderúrgicas, as ações da CSN (CSNA3) subiam 3,31%, enquanto as da Vale (VALE3) tinha alta de 3,33%. Na bolsa de commodities de Dalian, na China, o minério de ferro fechou com avanço de 0,97% no pregão da manhã, e era negociado por 832,50 iuanes, ou US$ 131,11, por tonelada.
Para Victor Miranda, sócio da One Investimentos, o mercado ainda está receoso com um possível aumento da inflação que o conflito entre Rússia e Ucrânia possa gerar no longo prazo. Além disso, ele destaca que a subida no preço das commodities também é causada por um movimento da economia chinesa de voltar a importar esses materiais.
Miranda, da One Investimentos, também destaca que o fluxo estrangeiro voltou a crescer a ajuda o Ibovespa. Segundo dados da B3 divulgados no dia 14 de março, já são R$ 71,063 bilhões em investimentos de estrangeiros na Bolsa neste ano.
“No início da semana passada esse investimento deu uma desacelerada, mas agora já volta com bastante intensidade, o que acaba ajudando o índice. Além disso, esse fluxo geralmente entra nas ações com mais peso na Bolsa, principalmente commodities e bancos”, comenta Victor Miranda.
Quedas do dia e cenário externo volátil
Dentre as baixas do Ibovespa, quem lidera a lista é o Banco Inter (BIDI11), que recuava 5,53%. Na sequência vinham Eneva (ENEV3 -4,47%), Qualicorp (QUAL3 -4,30%) e Braskem (BRKM5 -3,83%).
No caso do banco mineiro, o sócio da One Investimentos acredita que a queda é causada pelo aumento nas taxas de juros pelo mundo. Na semana passada, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou os juros americanos em 0,25 ponto porcentual. Com a decisão, a taxa básica por lá passa a ser de entre 0,25% e 0,50% ao ano. O intervalo anterior ia de zero a 0,25%.
O movimento não é exclusividade dos americanos. No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano, na última quarta-feira (16). O colegiado sinalizou outro aumento da mesma magnitude na próxima reunião.
Além disso, segundo o Boletim Focus, publicação divulgada todas as segundas-feiras pelo Banco Central contendo um resumo das expectativas de mercado a respeito dos principais indicadores da economia brasileira, a percepção é de que a Selic continue alta também em 2023.
Leia mais:
Boletim Focus: analistas elevam previsão de juros e veem Selic a 9% no fim de 2023
Com a percepção de aumento de juros, empresas de tecnologia, como é o caso do Banco Inter, acabam sendo penalizadas pois são companhias que precisam tomar recursos para crescer. Com uma taxa mais alta, fica “mais caro” tomar esses investimentos.
Miranda vê a movimentação das outras ações que caem nesta segunda como uma “realização de lucros” – quando investidores entram no mercado para vender papéis que se valorizaram nos pregões mais recentes. A Eneva, por exemplo, subiu mais de 10% na última semana.
No exterior, as bolsas operam sem direções muito definidas. Nos Estados Unidos, o Dow Jones caía 0,50%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq Composto operavam perto da estabilidade.
No Velho Continente o índice Euro Stoxx 50, que reúne empresas de toda a zona do euro, subia 0,22%, enquanto na Alemanha o DAX caía 0,24% e o FTSE 100, de Londres, valorizava 0,50%.