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Com Selic em alta, fundos imobiliários com retorno atrelado ao CDI ganham destaque nas carteiras de fevereiro

Mercado aguarda posicionamento da CVM sobre fundo Maxi Renda (MXRF11); cerca de 50 FIIs do Ifix estão na mesma situação do portfólio

Gustavo Lustosa

Gustavo Lustosa

A alta da taxa Selic para dois dígitos deve continuar beneficiando os fundos imobiliários de recebíveis que compram papéis atrelados ao CDI, o que aumentou a relevância deles nas carteiras recomendadas das corretoras para fevereiro.

Junto com o segmento de logística, esses fundos imobiliários são vistos como uma alocação mais defensiva para o portfólio voltado ao investidor com foco em renda. Em janeiro, os fundos de papéis atrelados ao CDI subiram 0,94%, enquanto os de logística recuaram 1,88%. O Ifix (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários) caiu 0,99% no mesmo período.

Enquanto o mercado espera a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) reavaliar uma decisão sobre a distribuição de rendimentos dos fundo Maxi Renda (MXRF11), que pode trazer implicações para toda a indústria de FIIs, a maioria das corretoras tem preferido adotar maior cautela e não fazer muitas mudanças nos portfólios recomendados.

Veja abaixo os seis fundos mais recomendados por 14 corretoras para fevereiro:

Fundo Segmento Número de indicações
Fonte: BTG Pactual, Guide Investimentos, Genial Investimentos (Carteira Renda), Banco Inter, BB Investimentos (Carteira Renda), Levante, Mirae, Santander, Órama, Terra Investimentos, Banco Daycoval, Itaú Unibanco, Ativa e Necton 
CSHG Real Estate (HGRE11) escritórios 7
Bresco Logística (BRCO11) logística 6
BTG Pactual Logística (BTLG11) logística 6
CSHG Recebiveis Imobiliarios (HGCR11) recebíveis 6
 Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11)  recebíveis 5
Vinci Shopping Centers  (VISC11) shopping center 5

Selic alta continua favorecendo FIIs de papel

A alta da taxa Selic para 10,75% e a sinalização do Banco Central de continuação do ciclo de aperto de juros devem continuar beneficiando os fundos de papel que compram títulos de dívida do setor imobiliário, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), atrelados ao CDI.

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Com a expectativa de uma inflação menor neste ano – de 5,38%, ante 10,06% em 2021 -, os fundos com maior exposição a papéis atrelados ao CDI ganham preferência.

A Levante trocou o fundo REC Recebíveis Imobiliários (RECR11) na carteira recomendada pelo CSHG Recebíveis Imobiliários (HGCR11), visando  maior exposição ao CDI. “A troca na estratégia de renda visa uma maior exposição ao CDI e uma previsibilidade maior na distribuição de rendimentos no mês a mês”, aponta a Levante em relatório.

Já a Órama elevou a participação nos fundos de recebíveis com maior exposição ao CDI na carteira, o RBR Crédito Imobiliário Estruturado (RBRY11) e Valora RE III (VGIR11), de 10% para 15%.

“Os fundos imobiliários de recebíveis são menos voláteis e pagam os maiores dividendos do índice Ifix”, diz Caio Ventura, analista de fundos imobiliários da Guide à Agência TradeMap.

Dos FIIs mais recomendados, o Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11) tinha 95,5% dos papéis em portfólio atrelados ao CDI, enquanto o  CSHG Recebiveis Imobiliarios (HGCR11) tem uma carteira mais balanceada, com 44% do portfólio atrelado ao CDI. “Acreditamos que com a expectativa de novos aumentos da taxa Selic, esses FIIs poderão ser beneficiados”, diz o Santander em relatório.

O KNCE11 e HGCR11 distribuíram um rendimento de R$ 0,82 e R$ 1,03 em janeiro respectivamente.

O segmento de logística continua sendo visto como um dos mais resilientes, cenário que se intensificou desde a pandemia. Bresco Logística (BRCO11) e BTG Pactual Logística (BTLG11) continuam entre os mais recomendados no setor nas carteiras das corretoras para fevereiro.

O BRCO11 possui 11 ativos em carteira, com 36% deles estão localizados na cidade de São Paulo.

A carteira encerrou janeiro com queda de 4,51%. “Acreditamos que, a performance recente, combinada com as diversas iniciativas da gestão voltadas ao crescimento orgânico do portfólio, gerem uma janela de oportunidade atrativa para os investidores”, apontou a Guide em relatório.

O BRCO11 pagou dividendo de R$ 0,63 por cota em janeiro, o que equivale um dividend yield (que  considera a valorização da cota na bolsa mais a distribuição de dividendos) anualizado de 7,71%.

O BTLG11 possui 15 galpões em carteira, sendo 93% localizados dentro do Estado de São Paulo, com maior exposição ao segmento alimentício.

O fundo tem distribuído um rendimento de R$ 0,72 por cota nos últimos meses. “Mesmo que as cotas no mercado apresentem um ágio de 5% em relação ao valor patrimonial, acreditamos que o portfólio do fundo tem valor, e que proporcionará dividendos estáveis com potencial ganho de capital”, apontou o Santander em relatório.

50 FIIs do Ifix estão na situação do MXRF11

A CVM suspendeu, em 1º de fevereiro, os efeitos da decisão sobre o fundo Maxi Renda (MXRF11), que vedava a distribuição de dividendos aos cotistas no caso do fundo ter prejuízo contábil, como era o caso do portfólio em 2020.

A suspensão aconteceu após o administrador da carteira, o BTG Pactual, ter entrado com pedido de recurso, em 31 de janeiro. O BTG tem que apresentar agora um pedido de reconsideração da decisão do colegiado da CVM de 21 de dezembro, que pode decidir por deliberar sobre o assunto ou rejeitá-lo.

Entenda o caso:
Mudanças em dividendos do Maxi Renda (MXRF11) podem se estender para indústria de FIIs; confira os setores mais pressionados

Em comunicado do dia 27 de janeiro, a CVM reforçou que o entendimento sobre a situação do Maxi Renda, o maior do mercado com cerca de 500 mil cotistas, poderia ser aplicado aos demais fundos de investimento imobiliário que tivessem características similares, o que gerou muitas dúvidas e preocupações no mercado a respeito da distribuição dos rendimentos, já que a situação do portfólio administrado pelo BTG é comum na indústria de FIIs.

Isso implicaria que fundos que estão com prejuízo acumulado, mas com saldo de caixa positivo poderiam ter a distribuição de dividendos impacta pela medida.

Segundo a autarquia, o fundo poderia distribuir esse caixa por meio de uma amortização de cotas. O problema é que na amortização, o cotista teria que pagar imposto sobre o ganho de capital que é de 20%.

Segundo levantamento da Guide Investimentos, dos 104 fundos na carteira do IFIX, 50 estão nessa situação, sendo mais de 90% do segmento de fundos de fundos, já que essas carteiras são afetadas pela variação do valor das cotas dos outros FIIs em que investem, afirma Ventura.

“Achamos que esse segmento seria o mais afetado, uma vez que tem a marcação de sua carteira diariamente com base na oscilação do preço de mercado dos ativos em que investe, e, em períodos de queda como o que estamos passando, esses fundos registrariam prejuízos contábeis e não poderiam distribuir dividendos, mesmo que tenham dinheiro em caixa devido ao recebimento do rendimento de seus ativos”, aponta a Genial Investimentos em relatório.

No caso dos fundos de tijolos, o percentual de carteiras que poderiam ser impactadas com a decisão da CVM seria de 20%  e de cerca de 50% no caso de FIIs de recebíveis, segundo a Genial.

Por essa razão, a corretora decidiu reduzir a posição do Mogno Fundo de Fundos (MGFF11) na carteira recomendada, vendo o fundo como um dos mais impactados se a CVM resolver manter a decisão.

Já a Guide retirou o Ourinvest Fundos de Fundos (OUFF11) da carteira recomendada de fevereiro, focando em uma carteira mais defensiva para o período eleitoral.

“Os fundos de fundos caem mais quando o mercado vai mal e sobem mais em momentos de alta do mercado. Essas carteiras foram muito impactadas desde o início da pandemia e estão com preços muito descontados de cerca de 16% abaixo do valor patrimonial”, diz Ventura.

Desde 25 de janeiro, quando foi divulgado o fato relevante pelo BTG, as cotas do fundo Maxi Renda negociadas na bolsa acumularam desvalorização de 6,56%.

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