Com expectativa de PEC mais modesta e ajuda de commodities, Ibovespa fecha em alta de 1,96%

Expectativa que o valor e o prazo da PEC sejam reduzidos no Congresso animou o mercado

Foto: Shutterstock/Travis Wolfe

Com os investidores avaliando a possibilidade de uma PEC de Transição mais modesta e com a alta nos preços das commodities impulsionando as mineradoras e siderúrgicas, o Ibovespa subiu forte no pregão desta terça-feira (29), fechando em alta de 1,96%, aos 110.910 pontos.

Com a valorização de hoje, dia com R$ 22,7 bilhões em volume negociado, a baixa registrada pelo Ibovespa no mês de novembro diminuiu para 4,42%, enquanto a alta desde o início de 2022 agora soma 5,81%.

Boas notícias da China

A performance do Ibovespa nesta terça foi ajudada pelas ações de commodities, que subiram refletindo notícias positivas vindas da China, como a promessa de aceleração do programa de vacinação contra a Covid-19 para evitar restrições excessivas à mobilidade, sugerindo uma nova abordagem no combate à doença.

O país enfrenta uma série de protestos contra as medidas de isolamento social decorrentes da política de zero Covid em meio à disparada dos casos da doença.

Outra notícia que chama atenção na China é que a Comissão Reguladora de Valores Imobiliários do país anunciou que as incorporadoras poderão levantar fundos novamente com a venda de ações. Dessa forma, as empresas podem utilizar esses recursos para comprar novos ativos, reaquecendo o setor e pagando dívidas.

O movimento dá um novo ânimo para as commodities, que operam em alta nesta terça-feira, dada a perspectiva de que haverá retomada do crescimento econômico da China e na demanda por estes produtos.

O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve alta de 2,26%, cotado a US$ 107,51 por tonelada, enquanto o petróleo Brent subiu 0,43%, a US$ 84,25 por barril. Nos setores, destaque de alta para as ações de CSN (CSNA3), CSN Mineração (CMIN3) e Gerdau (GGBR4), com avanços de 8,47%, 7,61% e 5,98%, respectivamente.

O petróleo também foi ajudado pela expectativa de que a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) aumente os cortes na oferta, em resposta ao enfraquecimento global.

Espaço para negociação em Brasília

Na frente política, o dia foi de repercussão da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, protocolada no Senado na noite de segunda-feira (28), que exclui despesas com o Auxílio Brasil e com outros itens do limite previsto no teto de gastos por um período de quatro anos. Para 2023, isso significaria um gasto extra-teto de quase R$ 200 bilhões, sendo R$ 175 bilhões para o custeio de programas sociais.

Leia mais:
PEC da Transição alcança apoio mínimo e começará a ser analisada no Senado

Apesar de ainda haver muita incerteza, o mercado se apega aos sinais positivos nesta terça, como o fato de ainda se estar falando em “negociação”. Na visão de Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, os investidores operam na expectativa de que a PEC seja desidratada e que o prazo proposto de quatro anos seja calibrado no Congresso.

“O mercado está em busca de alguma previsibilidade para tomar risco e qualquer sinal positivo no sentido do equilíbrio fiscal deve repercutir em prol dos ativos de risco”, explica Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, em comentários ao mercado.

Outro ponto de incerteza dos investidores, o nome do próximo ministro da Fazenda, também parece estar mais perto de uma resolução, depois da notícia de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), cotado para assumir o Ministério, fará parte do grupo de economia na equipe de transição.

Nesta frente, porém, Labarthe destaca os rumores de que o posto poderia ser ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o que anima o mercado, que prefere seu nome ao de Haddad.

Na seara econômica, o mercado também repercute a deflação acima do esperado pelo IGP-M (Índice de Preços Geral – Mercado) de novembro. O indicador mostrou queda de 0,56% nos preços, enquanto o mercado apostava em retração de 0,38%.

Ainda no cenário interno, o Brasil teve saldo positivo de 159 mil vagas com carteira assinada em outubro, abaixo do esperado pelo mercado, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Mau humor no exterior

Nos Estados Unidos, falas de membros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) causaram uma onda de mau humor nos mercados, fazendo com que o S&P 500 encerrasse em baixa de 0,16%, o Dow Jones subisse 0,01% e o Nasdaq recuasse 0,59%.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, voltou a afirmar que os juros devem ser mantidos acima de 5% em 2024. Loretta Mester, do Fed do Cleveland, afirmou que o banco central está longe de parar ou reverter as altas de juros, enquanto John Williams, do Fed de Nova York, disse que vê sinais de moderação na inflação, mas que o Fed ainda tem trabalho a fazer.

Na Europa, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, também afirmou que os aumentos na taxa de juros estão longe de terminar e não acredita que a inflação na Zona do Euro já tenha chegado ao pico. O índice Euro Stoxx 50 terminou o pregão com recuo de 0,03%.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Destaques econômicos – 02 de abril

Nesta quarta (02), o calendário econômico apresenta importantes atualizações que podem influenciar os mercados. Confira os principais eventos e suas possíveis repercussões:   04:00 –

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.