Com empurrãozinho do exterior, Ibovespa sobe mais de 1% e engata terceira alta consecutiva

Seguindo as Bolsas dos Estados Unidos, onde o mercado repercute balanços do segundo trimestre, o Ibovespa engatou sua terceira alta consecutiva no pregão desta terça-feira (19) e fechou em alta de 1,37%, aos 98.244 pontos, com R$ 14,28 bilhões em volume negociado.

O saldo do mês de julho, porém, segue em baixa de 0,3%, enquanto a desvalorização acumulada desde o início de 2022 é de 6,28%.

O dia foi positivo no exterior, com fortes altas nos EUA e na Europa. Em Nova York, o S&P 500 subiu 2,76%, o Dow Jones avançou 2,43% e o Nasdaq teve ganhos de 3,11%. No Velho Continente, o índice Euro Stoxx 50 fechou em alta de 2,15%.

EUA sobe, Europa cai

No exterior, os investidores começam a dar maior foco ao noticiário corporativo, reagindo positivamente a balanços de empresas americanas. Agora, os números mais aguardados são os da Netflix (NFLX), após o fechamento.

A temporada atual de balanços é acompanhada com atenção redobrada pelos investidores, que, em meio a temores de recessão, buscam sinalizações do que vem pela frente para a economia dos Estados Unidos.

Na Europa, por outro lado, as atenções seguem voltadas para o ritmo de aperto monetário do Banco Central Europeu, que decide o novo patamar dos juros na quinta-feira (21). A expectativa é que ocorra o primeiro aumento nas taxas em 11 anos, mesmo com o cenário de desaceleração econômica agravado pela guerra na Ucrânia. As projeções são de aumento 0,25 ponto percentual.

Vale e Petrobras agitam o mercado

Por aqui, o mercado estará de olho nos números de produção da Vale (VALE3) no segundo trimestre, que serão publicados após o fechamento. Na avaliação de analistas do Citi, a companhia deve informar uma produção de minério de ferro de 76 milhões de toneladas no período, o que representaria uma queda na base anual.

Celso Fonseca, sócio e head de renda variável da Venice Investimentos, acredita que o mercado acompanhará de perto a divulgação por considerar a prévia um “termômetro importante para investidor”.

Isso porque, na avaliação dele, o resultado mostrará o quanto os lockdowns para conter novas ondas de Covid-19 na China impactarão os resultados da companhia.

A Petrobras também foi destaque. Um mês após anunciar uma elevação no preço dos combustíveis, a estatal disse que vai reduzir o preço do litro da gasolina em R$ 0,20 para as distribuidoras, passando de R$ 4,06 para R$ 3,86, a partir desta quarta-feira (20).

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De acordo com a Petrobras, essa redução acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina. Além disso, a estatal afirmou que a iniciativa é coerente com a prática de preços, que busca o equilíbrio com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio.

“Entendemos que a ação aumenta a defasagem frente aos preços internacionais, o que via de regra é negativo para as finanças da companhia”, disseram analistas da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado.

Altas e baixas do pregão

No fechamento, as maiores altas do pregão eram de Alpargatas (ALPA4), Marfrig (MRFG3), Embraer (EMBR3), com ganhos de 8,35%, 8,23% e 7,7%, respectivamente.

A Marfrig mostra uma recuperação de parte das perdas recentes do papel. A empresa acumulou quase 8% de queda entre os pregões de sexta-feira (15) e segunda (18), após temores com uma desaceleração na China, o que pode afetar as importações de proteínas pelo país.

Além da alta de Marfrig, outras empresas do setor também se valorizaram no dia. Minerva (BEEF3) cresceu 4,68% e a BRF (BRFS3) ganhou 2,12%.

Para Fonseca, a alta do setor é um reajuste, ou seja, elevações de cotações que caíram muito recentemente. Além disso, o sócio e head de renda variável da Venice Investimentos vê uma expectativa dos investidores para a temporada de balanços de empresas brasileiras, que se inicia nesta semana.

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A Embraer, por sua vez, anunciou que recebeu a encomenda de 28 jatos, sendo oito de aeronaves adicionais para a Alaska Air Group, além da opção de compra de mais 13, e 20 jatos da Porter Airlines, totalizando ao menos US$ 2,68 bilhões na sua carteira de pedidos firmes.

Na outra ponta, as ações que mais caíram foram as de Yduqs (YDUQ3), Cogna (COGN3) e Fleury (FLRY3), que perderam 4,01%, 3,32% e 2,49%, nesta ordem.

A queda de Yduqs e Cogna ocorre em meio a uma desvalorização generalizada das ações do setor de educação

De acordo com o sócio e head de renda variável da Venice Investimentos, a queda desses setores também reflete uma expectativa com os balanços do segundo trimestre deste ano. “O resultado do varejo não deve vir bom, muito por conta do cenário de inflação alta que temos vivido”.

Criptos

Após mostrar perda de fôlego durante a manhã e chegar a operar no campo negativo, o Bitcoin (BTC) recebeu uma nova dose de ânimo e passou a performar acima dos US$ 23 mil.

Por volta de 17h, a maior cripto do mercado registrava alta de 5,9%, a US$ 23.649, o maior patamar em mais de um mês, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

O avanço da cripto segue a correlação com as Bolsas internacionais e reflete o arrefecimento do temor dos investidores com a alta mais agressiva dos juros americanos.

Apesar do momento positivo, analistas ressaltam cautela e reforçam que os níveis de incerteza ainda estão bastante altos, o que pode levar a uma nova pressão vendedora para a criptomoeda.

Seguindo o embalo da alta dos últimos dias, o Ethereum (ETH) também estendeu os ganhos com a expectativa de atualização da blockchain em setembro. Na mesma hora, a moeda registrava alta de 7,1%, a US$ 1.593.