Refletindo os temores com o cenário fiscal brasileiro e a baixa das bolsas no exterior, o Ibovespa voltou para menos de 100 mil pontos no pregão desta quarta-feira (29) e fechou aos 99,621, com queda de 0,96%. Foram R$ 15,91 bilhões em volume negociado.
Com isso, a desvalorização do índice neste mês passou para 10,53%, enquanto o saldo desde o início do ano é de queda de 4,96%.
Lá fora, o dia também foi negativo. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 0,07%, o Nasdaq caiu 0,03% e o o Dow Jones avançou 0,27%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perdas de 0,99%.
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Em relação às baixas do exterior, nada de novo: os mercados seguem em modo de cautela diante de temores de uma possível recessão global, engatilhados pelo aperto de política monetária ao redor do mundo.
Outro fator que tomou a atenção dos investidores foi a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, durante Fórum do Banco Central Europeu (BCE). Segundo ele, é possível que a entidade aumente o aperto monetário, caso a inflação ainda se postergue no país.
Na Ásia, por sua vez, o otimismo dos últimos dias foi revertido por falas de Xi Jinping, reforçando o compromisso da China com a política de tolerância zero à Covid-19.
PEC dos Combustíveis domina a pauta
O relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Combustíveis, Fernando Bezerra (MDB-PE), apresentou a proposta nesta manhã, indicando que seu custo total até o final deste ano, que vinha sendo apontado como de R$ 35 bilhões, aumentou para R$ 38 bilhões.
Como o valor ficará fora do teto de gastos, mecanismo que limita o aumento das despesas públicas à inflação do ano anterior, o Congresso decidiu decretar estado de emergência no texto.
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Apesar da ampliação dos benefícios ser a princípio temporária, o temor é que o próximo presidente da República, seja ele qual for, tenha dificuldades para deixar de pagá-los a partir de 2023.
Para somar às turbulências em Brasília, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, foi substituído por Daniella Marques, da Secretaria de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, em meio a investigações de assédio.
As polêmicas envolvendo a Petrobras (PETR4; PETR3) também não deram trégua. Desta vez, a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras) e a Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras entraram com uma ação popular na Justiça Federal do Rio de Janeiro contra a nomeação de Caio Paes de Andrade como presidente da companhia.
Em termos de dados econômicos, a principal divulgação do dia foi o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado), que subiu 0,59% em junho, acelerando em relação aos 0,25% registrados em maio. Apesar desse ritmo de alta maior do que o mês passado, o indicador veio abaixo do esperado pela maior parte dos analistas de mercado, que acreditavam em um avanço de 0,7%, segundo a mediana do Broadcast.
Altas e baixas do pregão
As ações que mais caíram no pregão de hoje foram as de Qualicorp (QUAL3), CVC (CVCB3) e Positivo (POSI3), com perdas de 8,38%, 6,36% e 5,52%, respectivamente.
Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, diz que estas empresas, ligadas ao consumo e à economia interna, são mais sensíveis à curva de juros — o que motiva suas baixas.
Na direção oposta, as maiores altas do Ibovespa foram de MRV (MRVE3), SLC Agrícola (SLCE3) e Rede D’Or (RDOR3), com valorizações de 3,41%, 2,86% e 2,83%, nesta ordem.
Outra alta importante foi a de Cyrela (CYRE3), de 1,63%, depois de a companhia anunciar um programa para recomprar até 13 milhões de ações nos próximos 12 meses. O volume equivale a 4,7% dos papéis em circulação no mercado. Em comunicado, a Cyrela disse que o objetivo do programa é “fomentar a geração de valor para seus acionistas”.
Fora do Ibovespa, as ações ordinárias da Oi (OIBR3) tiveram alta de 1,85%, e as preferenciais (OIBR4), de 2,89%. A companhia divulgou seu balanço relativo ao primeiro trimestre deste ano na noite de ontem, com lucro de R$ 1,78 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 3,03 bilhões registrado no mesmo período de 2021. De acordo com a companhia telefônica, o lucro se deve ao resultado financeiro líquido de R$ 1,87 bilhão.
Bitcoin
O mercado de criptoativos voltou a operar no campo negativo nesta quarta-feira com o temor dos investidores em ativos de risco, enquanto os sinais de recessão nas principais economias do globo ficam cada vez mais fortes.
O Bitcoin (BTC) luta para se manter na faixa de US$ 20 mil, patamar que vem se mostrando como a grande resistência para quedas mais bruscas.
Por volta de 17h05, a cripto operava perto da estabilidade, com leve queda de 0,1%, cotada a US$ 20.243, conforme dados da CoinGecko.
As altcoins, ativos alternativos ao BTC, caminhavam na mesma direção. O Ethereum (ETH) tinha baixa de 3,5%, enquanto Solana (SOL) e Cardano (ADA) perdiam 4,1% e 0,9%, respectivamente.