Com ajuda de commodities, Ibovespa respira e volta a subir após começar ano com 3 quedas

Depois de três dias de queda, o Ibovespa confirmou a tendência positiva apresentada ao longo do pregão e fechou a sessão em alta nesta quinta-feira, dia 6, com avanço de 0,55%, aos 101.561 pontos e com R$ 20,12 bilhões em volume negociado. No ano até agora, a performance do índice é de baixa de 3,11%.

O índice foi puxado principalmente pela escalada nos preços das commodities, que impulsionou as ações de maior peso ao longo do dia, ainda que alguns papéis tenham perdido fôlego no final da sessão. Vale (VALE3), por exemplo, registrou avanço de 2,02%, e Petrobras (PETR4) caiu 0,07%, depois de ter passado o dia no positivo.

O mercado segue digerindo a ata da última reunião do Fomc (comitê de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), que deu sinais de retirada de estímulos à economia e a antecipação da elevação da taxa de juros.

Além disso, a ata sinalizou que o banco central norte-americano pode começar a reduzir sua carteira de ativos mais rapidamente do que no ciclo anterior, o que retiraria liquidez dos mercados. Quando os juros sobem nos EUA e há menos recursos circulando, países de maior risco como o Brasil perdem atratividade.

Nos EUA, as bolsas tiveram um dia de alta oscilação na esteira da ata do banco central. Dow Jones fechou em baixa de 0,47%, S&P 500 teve queda de 0,1%, e Nasdaq perdeu 0,13%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve queda de 1,53%.

O número de pedidos iniciais de seguro-desemprego nos Estados Unidos somou 207 mil na semana encerrada em 1º de janeiro, alta de 7 mil solicitações frente ao nível revisado da semana imediatamente anterior. O dado veio acima do esperado por analistas, e é acompanhado de perto pelos investidores porque ajuda a indicar o comportamento do mercado de trabalho na maior economia do mundo.

Por aqui, um dado econômico observado de perto foi a produção industrial, que caiu 0,2% em novembro de 2021 na comparação com outubro. Foi a sexta queda consecutiva da indústria e o resultado veio pior do que o esperado pelo mercado, que apostava em uma alta do indicador.

Houve ainda a divulgação do IPC-Fipe, índice que registra a inflação na cidade de São Paulo, que subiu 0,57% em dezembro, uma desaceleração em relação ao mês anterior. Com isso, a inflação de 2021 na maior cidade do país ficou em 9,73%, dentro das projeções dos analistas.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de BRF (BRFS3), Lojas Renner (LREN3) e Hapvida (HAPV3), que tiveram ganhos de 7,05%, 5,12% e 3,74%, respectivamente. As principais baixas, por outro lado, foram de Positivo (POSI3), Via (VIIA3) e Pão de Açúcar (PACR3), de 5,31%, 4,6% e 3,77%.

A forte alta na ação da BRF veio depois de casas de análise elevarem suas recomendações para a companhia. O avanço da Hapvida, por sua vez, seguiu a tendência positiva do setor de saúde, que subiu em bloco.

No setor, a Rede D’Or (RDOR3) subiu 1,08% depois da aquisição do Hospital Santa Marina, como parte de sua estratégia de expansão. A Genial Investimentos calculou que o grupo pagou R$ 830 mil por leito na operação e que o valor é “atrativo”, visto que é bem menor do que os R$ 7,8 milhões por leito em que a Rede D’Or negocia atualmente. No entanto, reiterou que 2022 deve ser um ano menos promissor para os resultados do grupo por causa da alta dos juros, que deve elevar o custo das dívidas da empresa.

Além das empresas de commodities, os grandes bancos também ajudaram a impulsionar o Ibovespa, em um movimento de correção depois das fortes quedas de ontem. Itaú (ITUB4) teve alta de 2,03%, Bradesco (BBDC4) ganhou 1,42%, Banco do Brasil (BBAS3) avançou 0,81%, e Santander (SANB11) subiu 1,33%.

Outro destaque do pregão foram as ações de Carrefour (CRFB3), que fecharam em alta de 2,22% depois de passarem boa parte do dia no topo do Ibovespa. O movimento de alta segue especulações de que a rede europeia de supermercados Auchan estaria conversando com fundos de private equity para realizar uma operação conjunta para comprar o Carrefour.

“A especulação de que a proposta da Auchan pode ser maior do que a do ano passado traz uma euforia para o mercado, com os investidores comprando o papel já imaginando uma possível compra a um valor de ação maior ou, inclusive, uma injeção de capital no grupo, que causaria uma alta expressiva no médio prazo”, explica Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos.

Entre as maiores quedas, as ações de varejo e tecnologia seguem pressionadas pelo viés de alta dos juros futuros. Os papéis do setor elétrico também fecharam em baixa, reagindo à recusa da Aneel em adiar pagamentos de encargos por distribuidoras de energia.