De olho em 2025, a máquina de aquisições da Rede D’Or (RDOR3) começa ano a todo vapor

Companhia soma 16 aquisições desde que deu início ao seu processo de abertura de capital, em outubro de 2020

A Rede D’Or — que em 2021 foi uma das empresas que lideraram o movimento de fusões e aquisições do setor de saúde — já deu mostras, logo na primeira semana do ano, que deve seguir na mesma toada em 2022, em um esforço para bater a meta de adicionar 5 mil leitos à sua rede de hospitais em um período de cinco anos. 

Na sua mais recente aquisição, anunciada na noite de quarta-feira, dia 5, a companhia informou que pagou R$ 25 milhões – incluindo dívidas – para incorporar o Hospital Santa Marina, que tem 30 leitos e está localizado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. 

Com isso, a Rede D’Or soma 16 aquisições desde que deu início ao seu processo de abertura de capital, em outubro de 2020, de acordo com levantamento feito pelo BTG Pactual. Só no ano passado, foram 10 compras, que adicionaram cerca de 2,2 mil leitos à rede de hospitais. 

Isso significa que a companhia está imprimindo um ritmo frenético de aquisições. A promessa de incorporar 5 mil leitos foi feita no fim de 2020 e tinha como prazo o ano de 2025. Ou seja, a empresa teria de adicionar cerca de mil leitos por ano. No primeiro ano, como se vê, já fez o dobro. 

O plano de aquisições está sendo financiado principalmente pelos recursos que a empresa captou no mercado entre 2020 e 2021. Só na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa levantou R$ 11,3 bilhões. Seis meses depois, fez uma nova oferta de ações (follow-on) e captou mais R$ 4,9 bilhões. 

A empresa, vale lembrar, não começou a fazer aquisições depois do IPO. De 2017 para cá, já são R$ 7,6 bilhões investidos nisso, com a compra de 28 hospitais, o equivalente a 3,5 mil leitos, segundo levantamento feito pela agência de classificação de risco Fitch. 

Em comparação ao que a Rede D’Or tem anunciado, a aquisição do Hospital Santa Marina pode ser considerada tímida, uma vez que o equipamento tem apenas 30 leitos – o menor tamanho entre todos os anúncios feitos pela companhia desde o início do ano passado e o equivalente a apenas 1% de toda a rede de hospitais do grupo. 

Um outro hospital comprado no mesmo estado, por exemplo, o Proncor, conta com 136 leitos e custou R$ 290 milhões, em anúncio feito em julho de 2021. 

No entanto, a aquisição do Santa Marina é importante porque fará a Rede D’Or chegar a uma participação de 10% de mercado no Mato Grosso do Sul, em linha com a estratégia da companhia de se espalhar pelo Brasil.  

Desde o IPO, são quatro novos estados na rede. “Isso prova que a máquina de fusões e aquisições da Rede D’Or está muito viva”, afirmam os analistas Samuel Alves, Yan Cesquim e Pedro Lima, do BTG, em relatório publicado nesta quinta-feira, dia 6. 

Segundo a Fitch, a Rede D’Or tem feito aquisições para diversificar o seu portfólio de serviços, ampliando suas atividades ambulatoriais, oncológicas e de assessoria ou consultora, além de buscar oportunidades de aumento da verticalização, explorando também o segmento de mercado de diagnósticos. No ano passado, por exemplo, tentou, sem sucesso, comprar a Alliar, de diagnósticos.

Além de mostrar que está com apetite para crescer de forma inorgânica, a Rede D’Or tem conseguido fazer aquisições a preços atrativos. Pelo valor acertado para comprar o Hospital Santa Marina, a companhia pagou R$ 830 mil por leito. 

Trata-se de quase um décimo do que vale, hoje, cada leito que já existe na própria Rede D’Or. Pelo valor de mercado do grupo, cada leito é avaliado, em média, a R$ 7,8 milhões, segundo cálculo feito pela Genial Investimentos.  

O valor pago também é baixo se comparado às aquisições que o setor de saúde tem feito. Segundo o BTG Pactual, as compras feitas pelas empresas têm registrado uma média de R$ 3,5 milhões por leito. 

E o apetite para aquisições da Rede D’Or não tem impedido que a empresa opere no lucro. No terceiro trimestre do ano passado, a companhia teve lucro líquido de R$ 378,1 milhões, alta de 8,2% em relação a igual período de 2020. 

Os resultados do terceiro trimestre, é claro, foram favorecidos pelo arrefecimento do número de hospitalizações durante a pandemia, em razão da aceleração da vacinação. Quando os hospitais estão mais dedicados ao atendimento de pessoas com covid-19, os procedimentos eletivos acabam sendo adiados e as idas das pessoas aos hospitais por outros motivos ficam menos frequentes, em razão da necessidade de evitar aglomerações. 

Na avaliação da Fitch, mesmo que novos surtos aumentem o número de casos, a situação da Rede D’Or não sairia do controle, com um lucro “administrável”. 

Para a Genial Investimentos, porém, os resultados da empresa serão pressionados pelo endividamento — uma vez que a dívida líquida chegou a 2,4 vezes o Ebitda no terceiro trimestre de 2021 – e pela alta da Selic, que deve superar a marca de dois dígitos. 

A Rede D’Or é avaliada em R$ 80,2 bilhões. Por volta das 16h10, a ação na B3 era negociada em alta de 2,40%, a R$ 40,96.

A maior parte dos analistas que cobre a companhia acredita na valorização da ação. Entre as 13 casas que foram consultadas pela Refinitiv, em levantamento disponível na plataforma do TradeMap, 11 recomendam a compra do papel, com um preço-alvo máximo de R$ 88. A mediana é de R$ 80, praticamente o dobro da cotação atual. 

Apenas dois analistas têm uma posição neutra em relação à ação da Rede D’Or e nenhuma defende que seja o momento de vender. 

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