Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Cenário fiscal deve piorar em 2023 com Lula ou Bolsonaro, mas não drasticamente, diz Morgan Stanley

Morgan Stanley vê espaço para real se valorizar passando a incerteza eleitoral com dólar devendo ficar ao redor de R$ 5

Foto: Shutterstock

O cenário fiscal deve piorar no ano que vem independentemente de quem ganhar a eleição presidencial, mas não drasticamente, avalia o banco Morgan Stanley em relatório enviado a clientes. Segundo o banco, passada a incerteza eleitoral, o real pode até se valorizar.

Para os analistas do Morgan, ambos os candidatos à frente na corrida eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), mostram a intenção de mexer no teto de gastos (medida que limita as despesas do governo à inflação do ano anterior).

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, já declarou que pretende acabar com o teto de gastos para ampliar os investimentos em programas sociais, o que deve ser financiado com aumento de impostos, segundo o banco.

O banco não vê, contudo, uma deterioração drástica da trajetória da dívida pública nem com Lula nem com Bolsonaro.

A diferença de projeção para a dívida pública para 2026 para os dois eventuais governos, com Lula (mais impostos e mais gastos) e Bolsonaro (um enfraquecimento do teto de gastos), é pequena. No primeiro caso, o banco prevê que a proporção da dívida em relação ao PIB em eventual governo do PT poderia alcançar 84,8% . Já no caso de eventual governo de Bolsonaro, a dívida estimada pelo banco é de 83,7% do PIB.

Além disso, sob um potencial governo Lula, o banco espera que a situação fiscal deva permanecer sob controle em 2023, prevendo um déficit primário próximo a 0,25% e 0,50% do PIB, uma vez que a maioria das políticas de estímulo seria feita através de entidades parafiscais, como os bancos públicos.

“Embora longe de ser um resultado desejável, isso pode ser suficiente para limitar qualquer agravamento relevante das condições financeiras e evitar diminuição do já escasso crescimento potencial do PIB do Brasil”, destacou o banco em relatório.

O banco, contudo, vê mais risco de maior intervenção nas empresas estatais em eventual governo Lula, o que pode levar a uma desaceleração do processo de concessões, além do risco do uso dessas empresas como um braço de política pública.

O banco também vê o risco de o governo PT tentar reverter a reforma trabalhista, embora as críticas do partido sobre o tema tenham se reduzido.

Nesse cenário, o banco vê oportunidade para apostar na queda da taxa de juros, especialmente para o prazo de 2025, com o Banco Central devendo iniciar o ciclo de corte da Selic no ano que vem.

Real pode se valorizar

No câmbio,  olhando para o futuro e assumindo uma potencial transição pacífica de poder, o banco espera que o dólar  se consolide em torno de R$ 5,00, com maior dificuldade para cair abaixo desse nível dado o contexto de risco no cenário global. No entanto, o banco vê o real com performance melhor que as moedas dos pares emergentes.

No curto prazo, contudo, o Morgan não descarta uma desvalorização da moeda brasileira em caso de uma vitória de Lula no primeiro turno ou de um resultado com ampla vantagem do candidato em relação a Bolsonaro acima da prevista nas pesquisas, entre 10 a 12 pontos percentuais.

No caso da Bolsa, as ações de empresas de estatais devem sofrer mais em um governo Lula com o risco maior de intervenção nas empresas.

No mercado de renda variável, o banco prefere papéis de empresas de qualidade que podem ser beneficiadas com a queda da taxa de juros, em geral ligadas a consumo, como Ambev (ABEV3), BRF (BRFS3), Lojas Renner (LREN3) e Via (VIIA3), e também de construtoras.

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.