Novas medidas para conter a disseminação da Covid-19 na China colocaram os mercados em modo de cautela, temendo uma desaceleração econômica global. Nesse cenário de aversão ao risco, o Ibovespa fechou o pregão desta segunda-feira (25) em baixa de 0,35%, aos 110.684 pontos, com R$ 14,07 bilhões em volume negociado.
Assim, as perdas de abril já somam 7,76%. Desde o início do ano, porém, o saldo do índice segue no positivo, com valorização de 5,59%.
A cautela que tomou conta do mercado brasileiro não foi exclusividade nossa. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve recuo de 2,15%. Em Nova York, porém, apesar de terem passado parte do dia no negativo, o Nasdaq fechou em alta de 1,29%; o Dow Jones, de 0,70%; e o S&P 500, de 0,57%.
Nos Estados Unidos, o destaque do dia, que ajudou a sustentar os índices, foram as ações do Twitter (TWTR), que fecharam em alta de 5,66%. No fim da tarde de hoje, a companhia aceitou a oferta de compra de Elon Musk, que irá pagar US$ 54,20 e fechar o capital da empresa. As BDRs da companhia (TWTR34), negociadas no Brasil, tiveram avanço de 7,4%.
Covid-19 e desaceleração global
Mesmo com lockdowns em Xangai, a China não tem conseguido conter seu mais recente surto de Covid-19. Durante o fim de semana, a cidade de Pequim afirmou que o vírus vem se espalhando por lá há cerca de uma semana.
As medidas de bloqueio no país dão mais impulso aos temores de desaceleração da economia global, o que pesou sobre os preços das commodities nesta terça. O minério de ferro despencou 10,73% na bolsa de Dalian, para US$ 121,10, enquanto o petróleo tipo Brent caiu 3,76%, a US$ 102,16.
Com isso, as ações ligadas a commodities tiveram fortes quedas, com destaque para CSN (CSNA3), que caiu 2,63%, Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que perdeu 1,84%, e Gerdau (GGBR4), com recuo de 2,02%. Pesos-pesados do Ibovespa, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) tiveram baixas de 1,7% e 1,47%, respectivamente.
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O temor de desaceleração econômica também é motivado pela expectativa de aumentos de juros pelo mundo, sobretudo nos Estados Unidos, na tentativa de conter a escalada da inflação.
Na semana passada, o presidente do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA), Jerome Powell, afirmou que a possibilidade de subir as taxas de juros de forma mais acentuada do que o previsto está sobre a mesa. Na Europa, o Banco Central Europeu também declarou que a subida de juros deve ter início em breve.
O aumento dos juros, na prática, equivale a uma elevação no custo do dinheiro. Quando as taxas sobem, a tendência é de diminuição da atividade econômica. Isso acontece porque empresas e consumidores passam a tomar mais cuidado na hora de gastar dinheiro e de se endividar, de forma a evitar pagar mais caro em empréstimos. O resultado disso é um enfraquecimento na demanda.
Destaques do pregão
No fechamento, a maior queda do Ibovespa era de BRF (BRFS3), que perdia 3,65%, seguida por CSN e Grupo Soma (SOMA3), com recuo de 2,56%.
Depois de registrar fortes quedas na semana passada, a Natura (NTCO3) caiu 2,1% nesta segunda-feira. De acordo com a companhia, em resposta a um questionamento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), as “publicações da imprensa e relatórios de analistas” foram os responsáveis pela queda brusca no papel na quarta-feira (20).
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O IRB Brasil (IRBR3) também caiu com força, perdendo 1,72%, depois da divulgação de seus resultados operacionais para fevereiro, na noite de sexta-feira (22). A companhia informou que reverteu os lucros de R$ 20,8 milhões registrados em fevereiro de 2021 e anotou prejuízo de R$ 50,9 milhões no mesmo mês deste ano.
Na ponta oposta, as maiores altas do Ibovespa eram de Cogna (COGN3), Cemig (CMIG4) e Petz (PETZ3), com avanços de 3,57%, 2,87% e 2,85%, respectivamente.
Nicolas Farto, especialista em renda varíavel da Renova Invest, acredita que as altas do dia ficam por conta de papéis que se desvalorizaram mais nos últimos pregões, refletindo interesse de alguns investidores que estão os considerando essas ações “baratas” no momento.
As ações da Eletrobras ficaram entre as principais altas do dia, depois de a estatal anunciar que irá pagar mais de R$ 1,3 bilhão em dividendos até o final deste ano. A ação ordinária da Eletrobras (ELET3) fechou com avanço de 2,21%, enquanto a preferencial (ELET6) subiu 2%.
A distribuição de dividendos também impulsionou as ações da Cyrela (CYRE3), que subiram 2,23%. A construtora irá pagar R$ 217 milhões em dividendos referentes aos resultados apurados no final de 2021.
Outra alta importante foi da Equatorial (EQTL3), que fechou com ganhos de 2,3% depois de comunicar que vendeu 8,6 milhões de MWh (megawatt-hora) de energia no primeiro trimestre, alta de 3,5%. “Notícia positiva para a Equatorial, uma vez que o avanço trimestral é superior ao que esperávamos”, disseram analistas da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado.
BTC
Após terem sido impactadas pelo clima de aversão ao risco que dominou o mercado neste início de semana, as criptomoedas mostraram reação e avançaram para o campo positivo.
O Bitcoin (BTC), referência para as moedas digitais, voltou ao patamar de US$ 40 mil após abrir o dia em queda e bater a mínima de US$ 37.960. Por volta das 17h20 (de Brasília), o BTC era cotado a US$ 40.349, ganho de 3,37% em 24 horas, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.
O movimento também deu fôlego para outras moedas digitais. O Ethereum (ETH) registrava alta de 2,03%, enquanto o Binance Coin (BNB) subia 0,35%, de acordo com dados da Binance.