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Após iniciar o pregão no positivo, Ibovespa não resiste à pressão de NY e fecha em baixa

Petroleiras e operadoras de shopping centers se destacam entre as altas do dia

Foto: João Tessari/TradeMap

Com commodities e com boas notícias vindas da China, o Ibovespa passou boa parte do dia no positivo – mas não resistiu à pressão baixista das Bolsas dos Estados Unidos e fechou o último pregão de abril em baixa de 1,86%, aos 107.876 pontos, com R$ 26,52 bilhões em volume negociado.

Com isso, o saldo do índice na semana foi de baixa de 2,54%, enquanto o balanço do mês foi de desvalorização de 10,1%. Desde o início do ano, porém, o Ibovespa soma ganhos de 2,91%.

Em Nova York, as Bolsas foram pressionadas pelos balanços de grandes empresas de tecnologia, como Amazon e Apple, que desapontaram o mercado. Assim, o Nasdaq teve baixa de 4,17%, o S&P 500 caiu 3,63% e o Dow Jones recuou 2,77%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,68%.

Diferente dos últimos dias, China anima mercados

O Ibovespa resistiu à pressão de Nova York e operou no positivo até o meio da tarde, sustentado por commodities e notícias da China.

Segundo notícias veiculadas na mídia chinesa, o governo do país prometeu mais apoio político e econômico para garantir que a meta de crescimento para este ano seja cumprida. Entre as medidas mencionadas estão o investimento em infraestrutura e iniciativas para assegurar a normalização das cadeias de suprimento.

Além disso, as autoridades chinesas devem suavizar algumas medidas regulatórias para o setor de tecnologia.

Como consequência das notícias, o minério de ferro fechou em alta, enquanto o petróleo Brent teve recuo de 0,11%. No entanto, a alta da commodity ao longo do dia deu impulso às petroleiras brasileiras, que ficaram entre as únicas altas do Ibovespa no fechamento: PetroRio (PRIO3) subiu 1,6%, 3R Petroleum (RRRP3) teve alta de 2,73% e Petrobras (PETR4) avançou 0,07%.

Além das notícias da China, indicadores econômicos domésticos também deram fôlego ao principal índice da B3 durante a manhã. Um deles foi a taxa de desemprego do primeiro trimestre, que ficou em 11,1%, a menor para um primeiro trimestre desde 2016.

EUA puxam para baixo

Nos EUA, os destaques negativos foram as ações da Amazon, que caíram 14,05%, e as da Apple, que tiveram baixa de 3,66%.

As gigantes de tecnologia fizeram um alerta ao mercado sobre os impactos do avanço da guerra na Ucrânia e o recrudescimento da pandemia de Covid-19 na China como riscos ao crescimento nos próximos meses.

Leia mais:
Amazon (AMZO34) e Apple (AAPL34) soam alarme sobre riscos vindos de China e Ucrânia

As empresas temem que o cenário global fortaleça os entraves nas cadeias de produção e aumente a falta de insumos, principalmente tecnológicos, gerados pela crise sanitária nos últimos dois anos.

A Amazon reportou, na noite de ontem, prejuízo de US$ 3,84 bilhões no primeiro trimestre, revertendo o lucro líquido de US$ 8,11 bilhões do mesmo período de 2021.

Em uma posição mais confortável, a Apple reportou lucro de US$ 25 bilhões no primeiro trimestre, aumento de 5,8% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado. No entanto, durante a teleconferência para apresentar os resultados, os executivos da companhia disseram que os números foram prejudicados por problemas na cadeia de fornecimento, mas que ainda não refletem os novos lockdowns anunciados pela China em abril.

Além dos balanços, o sentimento do mercado também seguiu refletindo preocupações com a desaceleração da economia global, o aumento da inflação e o consequente aperto monetário do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Outros destaques

No pregão, além das petroleiras, o dia foi positivo para as ações de operadoras de shopping centers: Multiplan (MULT3) teve alta de 4,01% e brMalls (BRML3), de 0,96%.

A alta da Multiplan seguiu a divulgação do balanço da companhia para o primeiro trimestre, de lucro de R$ 171,6 milhões, alta de 270,5% na comparação com o mesmo período de 2021.

A brMalls e Aliansce, por sua vez, refletem a aprovação do conselho de administração da brMalls da proposta de fusão com a Aliansce. Agora, a operação só precisa ser analisada pelos acionistas da administradora de shoppings. O enlace era esperado desde o final do ano passado, quando surgiram as primeiras notícias a respeito de um potencial acordo entre as duas empresas.

A visão prevalecente no mercado é de que a compra da brMalls pela concorrente faz sentido do ponto de vista de sinergias a agregar entre os negócios. Historicamente, a consolidação de players do segmento de shopping centers tem sido positiva – como a da própria Aliansce, que se juntou à Sonae em 2019.

Segundo estimativas do BTG Pactual, a união das duas companhias pode gerar cerca de R$ 210 milhões por ano nas chamadas “sinergias” – redução de despesas redundantes, por exemplo -, além de um portfólio mais forte de ativos, dada a complementaridade da carteira de shoppings das duas companhias.

“A fusão criaria um gigante do setor, com mais de duas vezes a área bruta locável ou vendas do segundo maior player do Brasil”, disse o banco em relatório divulgado à época da primeira proposta feita pela Aliansce.

Durante a teleconferência de resultados, a gestão da Multiplan afirmou que esse movimento de fusão não é uma preocupação.

Os executivos reiteraram que, apesar de não estar olhando para grandes fusões ou aquisições neste momento, a Multiplan vem investindo no desenvolvimento e expansão de projetos. Segundo ele, a companhia tem uma série de projetos de expansão prontos, esperando um melhor momento econômico para serem executados.

Na ponta oposta, os bancos caíram em bloco após o presidente Jair Bolsonaro alterar uma MP (medida provisória) elevando a tributação sobre bancos e instituições financeiras para custear a abertura do programa de renegociação de dívidas de empresas do Simples Nacional, órgão do governo dedicado aos microempreendedores.

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No fechamento, Itaú (ITUB4) tinha baixa de 1,77%; Bradesco (BBDC4), de 1,32%; Banco do Brasil (BBAS3), de 2,32%; e Santander (SANB11), de 0,09%.

Após a decisão, o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, afirmou que a incidência de mais impostos pressiona o custo do dinheiro no país, particularmente em um momento em que a sociedade está suportando a subida da taxa básica de juros para conter a escalada da inflação.

“O governo erra ao aumentar, mais uma vez, a alíquota para os bancos, onerando consumidores, famílias e empresas, com crédito mais caro”, diz Sidney.

Bitcoin

Dragado pela queda da Nasdaq, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos, o Bitcoin voltou a perder força nesta sexta-feira, cotado abaixo dos US$ 40 mil. Por volta das 16h55 (de Brasília), a criptomoeda referência do mercado era negociada a US$ 38.431, com queda de 3,26% nas últimas 24 horas, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

O cenário também impactava negativamente outras criptos. O Ethereum (ETH) registrava queda de 5,66%, enquanto a Terra (LUNA) perdia 4,39% e a XRP recuava 6,62%, segundo dados da CoinDesk.

Apesar do cenário desafiador, a semana foi de notícias positivas para o mercado digital. Na pauta doméstica, o Senado aprovou, na terça-feira (26), o projeto de lei que regulamenta o setor. A medida seguiu para a Câmara dos Deputados. Já na quarta-feira (27), a República Centro-Africana anunciou a adoção do BTC como moeda oficial. Ainda na cena global, o Goldman Sachs informou nesta sexta que realizou o seu primeiro empréstimo usando o Bitcoin como garantia, indicando a maior adesão do mercado financeiro às criptomoedas.

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