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Multiplan (MULT3) foca na rentabilidade e diz que fusão de concorrentes não incomoda; ações sobem

brMalls e Aliansce Sonae podem se juntar em breve, formando uma gigante do setor de shopping centers

Foto: Shutterstock

A informação sobre a aprovação do conselho de administração da brMalls (BRML3) da proposta de fusão com a Aliansce Sonae (ALSO3), anunciada nesta sexta-feira (29), tomou conta dos mercados. A operação só precisa agora ser analisada pelos acionistas da operadora de shopping centers. Mas a possibilidade de união de duas grandes concorrentes não assusta outra integrante do setor, a Multiplan (MULT3).

Pelo menos é o que diz a administração da companhia. Segundo a Multiplan, esse movimento de fusão não é uma preocupação. “Nossa preocupação é rentabilizar a companhia cada vez mais”, disse José Isaac Peres, diretor-presidente da empresa em declarações durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre na manhã de hoje.

A empresa afirmou manter a estratégia de “qualidade sobre quantidade”. “Primamos pela qualidade e evitamos aquisições que envolvam também muitos shoppings que não performam bem. Porque, quando você tem que cuidar de um problema, deixa de tratar da qualidade. Nossa posição é conservadora”, completou Peres.

A disciplina na alocação de capital também é uma preocupação da empresa, segundo Armando d’Almeida Neto, vice-presidente financeiro e de relações com investidores: “É muito fácil crescer e ter um retorno muito baixo”, destacou.

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O executivo reiterou que, apesar de não estar olhando para grandes fusões ou aquisições neste momento, a Multiplan vem investindo no desenvolvimento e expansão de projetos. Segundo ele, a companhia tem uma série de projetos de expansão prontos, esperando um melhor momento econômico para serem executados.

Foi justamente o foco em qualidade, garantindo maior produtividade aos shoppings, que fez com que a empresa resistisse melhor aos efeitos da pandemia de Covid-19, de acordo com o diretor-presidente, e apresentasse aumentos importantes nos valores dos aluguéis.

No primeiro trimestre deste ano, a receita de locação da Multiplan alcançou R$ 353,2 bilhões, expansão de 88,6% em relação ao registrado nos mesmos meses de 2021 e alta de 41,1% contra igual período de 2019.

“O aluguel é consequência da qualidade dos empreendimentos que temos. Se as vendas crescem, você consegue cobrar o aluguel mais alto. É consequência de localização, qualidade e gestão”, ressaltou Peres.

Custos de ocupação sem foco

Assim como na publicação dos números do quarto trimestre de 2021, os custos de ocupação da Multiplan seguiram no centro dos debates do mercado na divulgação referente ao período de janeiro a março deste ano.

No último trimestre do ano passado, o chamado custo de ocupação – o percentual de receita que as lojas gastam com despesas operacionais relativas à locação -, já havia subido para 12,7%, ante média de 11,9% nos últimos cinco anos. Essa alta fez muitos analistas questionarem se a empresa conseguiria continuar cobrando aluguéis neste patamar.

A tendência, porém, tem se mantido. No primeiro trimestre deste ano, o custo de ocupação chegou a 15,6%, de acordo com a companhia. A visão da gestão da Multiplan é que as reduções duradouras nos custos, alinhadas à expectativa de crescimento no volume de vendas, garantam a manutenção da tendência de custos de ocupação reduzidos.

“Nos trimestres anteriores, se falava muito sobre a sustentabilidade do custo de ocupação. Era uma preocupação muito grande dos analistas. Mas as vendas mais altas mês a mês dão essa sustentabilidade”, afirmou Peres. O diretor-presidente da companhia acrescentou que o aumento de vendas vem ocorrendo, apesar de a companhia ainda apresentar taxas de vacância acima do normal.

Resultados

A Multiplan terminou o primeiro trimestre de 2022 com lucro de R$ 171,6 milhões, uma alta de 270,5% na comparação com o mesmo período de 2021, de acordo com o balanço publicado pela companhia na noite de quinta-feira (28).

A melhora do resultado é explicada por um crescimento de 74,8% no volume de vendas, para R$ 4 bilhões, destacou a empresa.

A receita líquida subiu 57,9% entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022, para R$ 420 milhões.

Com esse desempenho, o Ebitda da Multiplan ficou em R$ 295,4 milhões no primeiro trimestre de 2021, expansão de 125,1% na comparação anual.

O que dizem os analistas?

Os resultados apresentados pela Multiplan superaram as expectativas de analistas do Itaú BBA, da Genial Investimentos e da Ativa Investimentos, que já esperavam números fortes depois da divulgação da prévia operacional da companhia, segundo relatórios publicados pelas instituições nesta sexta-feira.

Os analistas reconhecem que o principal ponto de atenção, o custo de ocupação, segue elevado. Na visão da Genial, porém, o aumento das vendas vem diminuindo a preocupação com os custos altos.

A Ativa, por outro lado, vê o cenário com um pouco mais de cautela. “O custo de ocupação acima dos níveis históricos é um ponto de atenção, indicando que o avanço nas vendas não está compensando o avanço dos aluguéis e podendo resultar em maior inadimplência e vacância no futuro”, afirmou a corretora.

Depois do balanço, o Itaú BBA, a Genial e a Ativa recomendam a compra da ação da Multiplan, com preço-alvo médio de R$ 26,50. O valor corresponde a alta de 12% em relação à cotação do papel no fechamento de quinta-feira, de R$ 23,70.

De acordo com dados da Refinitiv disponíveis na plataforma TradeMap, o mercado, no geral, parece otimista com os papéis. Das 13 instituições financeiras consultadas, 11 recomendam a compra da ação, enquanto as outras duas indicam a manutenção do ativo em carteira. A mediana de preços-alvo dos analistas é de R$ 28,50 (potencial de alta de 20%).

Gráficos com análises de especialistas sobre as ações da Multiplan
Fonte: TradeMap

Por volta das 14h40 desta sexta-feira, o papel ocupava a segunda posição entre as maiores altas do Ibovespa, subindo 5,82%, a R$ 25,08.

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