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Após dobrar de preço em 2022, ação da Cielo (CIEL3) ainda pode crescer em 2023?

Companhia recuperou perdas recentes e, num cenário de juros altos, conseguiu reprecificar seus serviços e se afastar da concorrência em 2022

Foto: Shutterstock/T. Schneider

A Cielo (CIEL3) foi a empresa que mais se valorizou dentre os componentes do Ibovespa em 2022. Do primeiro pregão do ano até o último, a ação da companhia de maquininhas saltou 140,2% e viu seu valor passar de R$ 2,17 para R$ 5,24.

Na visão de analistas ouvidos pela Agência TradeMap, a companhia conseguiu recuperar as perdas que teve nos anos anteriores, e, em um cenário de juros altos, conseguiu reprecificar seus serviços e se afastar da concorrência.

O movimento de alta em 2022 também é uma recuperação das desvalorizações recentes. Apesar de mais do que dobrar o seu valor no ano passado, nos últimos cinco anos as ações da companhia ainda acumulam recuo de cerca de 80%. Em 2015, por exemplo, atingiu a máxima histórica em julho, quando a ação era cotada a R$ 22.

Líder do segmento, a Cielo viu a chegada de concorrentes como a Stone (STCO31) e PagSeguro (PAGS34), sem contar diversas startups menores que entraram no universo de pagamentos, pressionarem a empresa.

Para Lucas Ribeiro, head de renda variável da gestora Kínitro Capital, as ações da Cielo tiveram um mau desempenho nos últimos anos exatamente por essa “disrupção do negócio”.

“Não só pela competição com outros players, mas pelo avanço tecnológico nos últimos anos e também uma disrupção regulatória. Tivemos iniciativas para democratizar os serviços financeiros, como o Pix, por exemplo”, avalia.

Contudo, o cenário de 2022 foi mais favorável à empresa, que conseguiu recuperar parte dessas perdas e viu sua ação mais que dobrar de preço. Para Ribeiro, da Kínitro, a pressão competitiva ficou menos forte para a companhia, o que fez a rentabilidade parar de cair e seu preço “parar de ser atacado pelas concorrentes”.

“A conjuntura [de juros altos] ficou pior para os competidores, mas melhorou o ambiente para a Cielo. Isso porque a empresa não mudou muito, segue na mesma agenda de crescimento”, comenta Ribeiro. 

Somado a isso, o analista Luan Calimério, do BB-BI, o banco de investimentos do Banco do Brasil, comenta que a Cielo conseguiu reprecificar seus produtos antes de seus concorrentes, o que fez a empresa retomar lucros e rentabilidade mantendo a base de clientes. 

“A Cielo conseguiu controlar seus custos e vender produtos de prazos mais longos, que trazem uma rentabilidade boa. Além disso, reprecificou contratos com grandes clientes, sem perder ninguém relevante. Na prática, aumentou rentabilidade sem perder participação no mercado”, comenta o analista. 

No terceiro trimestre de 2022, por exemplo, a empresa anotou um lucro líquido duas vezes maior que o de igual período em 2021, com alta de 99%, somando ganhos de R$ 422 milhões.

Segundo a Cielo, foi o quinto crescimento consecutivo do lucro em um trimestre na comparação com igual período do ano anterior e do maior patamar absoluto desde o segundo trimestre de 2019.

Além da reprecificação e do avanço nos lucros, o analista do BB-BI ressalta que a companhia vendeu sua operação nos Estados Unidos no começo do ano, o que ajudou a simplificar as operações da Cielo.

O negócio foi fechado em fevereiro de 2022 e, segundo fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o valor total da transação foi de US$ 290 milhões.

Ação da Cielo ainda pode crescer em 2023?

Após dobrar de valor, a ação da Cielo ainda tem espaço para mais em 2023? Para os analistas ouvidos pela Agência TradeMap, a resposta é sim, mas não na mesma magnitude que foi vista em 2022. Calimério, do BB-BI, acredita que após 2022 ter sido um “ponto de virada” para a empresa, a concorrência pode ficar mais apertada em 2023, o que pode acabar pressionando a ação.

O BB-BI tem um preço-alvo de R$ 6,20 para o papel em 2023, o que traria uma valorização de 18,32% frente ao preço final de 2022. Exatamente por prever uma volta do aperto da concorrência, a instituição se mantém neutra em relação ao papel, apesar de acreditar na valorização.

Para o gestor e sócio da Mantaro Capital, Pedro Gonzaga, a ação da empresa ainda pode subir em 2023 apoiada nos grandes volumes transacionados pela companhia, além de contar com uma “receita protegida”, já que realizou essa estratégia de focar em empresas grandes.

“No ramo de adquirência, o custo de capital maior por conta dos juros altos, que devem continuar num patamar elevado, mantém o ambiente competitivo mais controlado. A Cielo ainda não terminou seu ciclo de reprecificação, o que ainda pode impulsionar resultados”, afirma Gonzaga.

Outra instituição financeira que enxerga um bom ano para a Cielo em 2023 é o UBS BB, que possui um preço-alvo de R$ 7 no papel.

Os analistas do banco afirmaram em relatório divulgado no final de 2022 que a Cielo apresentou bons resultados operacionais em 2022, apoiada com um crescimento no rendimento dos cartões e do TPV (Volume Total de Pagamentos), indicador que deve crescer no ano que vem, na visão do UBS BB.

O UBS BB ainda vê uma expansão nessa margem, e aumentou a projeção de lucro em 40% tanto para esse ano quanto para o ano que vem. O banco espera que a empresa encerre 2022 com um lucro líquido de R$ 1,67 bilhão e 2023, com R$ 1,9 bilhão.

Além disso, a julgar pelas projeções do Refinitiv, compiladas e apresentadas na plataforma do TradeMap, o papel pode subir 14,50% em relação ao fim do ano passado, com base na mediana das expectativas do mercado.

As outras maiores altas do Ibovespa têm espaço para crescer em 2023?

Depois da Cielo, as maiores altas do Ibovespa em 2022 foram a Prio, a antiga PetroRio (PRIO3), com um avanço de 80,2%, BB Seguridade (BBSE3), com uma alta de 74,88%, Hypera (HYPE3), que subiu 64%, e Assaí (ASAI3), que ganhou 51,7% no ano.

No caso da Prio, a empresa se beneficiou de um preço elevado para o petróleo em 2022. Entre o final do primeiro trimestre deste ano, quando a guerra na Ucrânia vivia seu “auge”, e o segundo trimestre, o preço do barril do petróleo tipo Brent, que serve como referência no mercado internacional, chegou a ser negociado próximo a US$ 140.

No ano de 2022, o preço médio foi de US$ 100,45, segundo dados do Departamento de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês). Em 2021, o preço médio foi de US$ 71,96.

Quando o preço do Brent sobe, aumenta também o valor de venda dos produtos das petrolíferas. E a julgar pelas projeções de alguns bancos, o barril de petróleo deve continuar em alta neste ano. O BofA, por exemplo, espera que a commodity fique ao redor de US$ 110 por barril em 2023.

Os analistas do banco americano acreditam que a pressão sobre os preços será reflexo da perspectiva da reversão do quadro de recessão global para um cenário mais positivo. Além do BofA, a Moody’s projeta que o barril fique ao redor de US$ 95 em 2023, preço ainda acima da média de 2021.

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A julgar pelas projeções do Refinitiv, compiladas e apresentadas na plataforma do TradeMap, o papel da petrolífera pode subir 22,47%, com base na mediana das expectativas do mercado.

BB Seguridade

A terceira ação com maior valorização no Ibovespa em 2022 foi a da BB Seguridade, a holding dos negócios de seguro do Banco do Brasil (BBAS3). O estrategista de ações do Santander, Ricardo Peretti, destaca que a empresa é considerada “defensiva”, ou seja, que seu negócio não está altamente ligado à performance da economia do país e, portanto, oferece menos riscos ao investidor.

A BB Seguridade registrou lucro líquido de R$ 1,652 bilhão no terceiro trimestre do ano passado, um avanço de 69% na comparação com o mesmo período do ano anterior e 17% acima da projeção do Santander.

Os prêmios cresceram 21,5% na comparação anual. “Importante ressaltar que a BB Seguridade também elevou seu guidance de resultados operacionais e prêmios para 2022”, destaca o Santander, em relatório.

Peretti vê uma valorização potencial de 12,73% para o papel, com um preço-alvo de R$ 38 até o final do ano para a companhia, que encerrou 2022 cotada a R$ 33,71. A mediana das projeções da Refinitiv é mais conservadora, e prevê um avanço de 2,34% no papel.

Hypera

Na sequência das maiores altas do Ibovespa em 2022 está a Hypera, que encerrou 2022 com seu papel avaliado em R$ 45,20. Peretti, do Santander, avalia que a companhia conseguiu entregar resultados positivos até o terceiro trimestre do ano, o que deixou o mercado animado.

A companhia fechou o terceiro trimestre de 2022 com lucro líquido de R$ 469,7 milhões, leve alta de 1,1% em relação aos mesmos três meses de 2021.

O resultado reportado pela Hypera ficou acima das expectativas dos analistas. A XP Investimentos projetava o lucro em R$ 430 milhões, enquanto o Itaú BBA esperava R$ 447 milhões e o Safra apostava em R$ 454 milhões.

“A empresa deve entregar bons resultados ainda no quarto trimestre. Além disso, a empresa faz parte do setor de farmácia, que é ‘super resiliente”, comenta o estrategista do Santander, que tem um preço-alvo de R$ 55 ao final deste ano, o que traria um upside de 21,68% em relação ao valor final de 2022.  A mediana das projeções do Refinitiv prevê um avanço de 20,5% no papel.

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